5.01.2010

Polícia Pacificadora (UPP) para os moradores da Tijuca (RJ)


Rio - No trabalho da escola, os alunos eram perguntados sobre suas expectativas para o futuro. Em um papel branco, crianças de 9 e 10 anos do Ciep Antoine Magarinos Torres Filho, em frente ao Morro do Borel, na Tijuca, desenharam e escreveram o que pensam sobre a ocupação policial para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade. O resultado revelou meninos e meninas cheios de esperança: as armas já não aparecem mais nas mãos de traficantes — estão com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), rabiscados em fardas pretas e com sorriso no rosto.


'A polícia entrou no Borel e melhorou a qualidade de vida aqui no Borel', diz o desenho de uma das crianças
A ideia foi proposta às crianças do 4º ano do Ensino Fundamental na oficina de História, na quinta-feira, segundo dia da ocupação. O motivo foi o alvoroço que ocorreu no colégio, no dia anterior, quando um grupo de policiais do Bope foi se apresentar à direção da escola. O refeitório, lotado na hora do lanche, virou uma festa: houve batucada nas mesas, gritaria e aplausos.

“As professoras achavam que as crianças ficariam assustadas por conta de todo o histórico de violência, mas a verdade é que foi uma grande emoção. Os policiais falaram em cumplicidade, em pacificação, em mudar a imagem da polícia. As crianças até abraçaram os soldados! Percebemos realmente um novo momento. Diante disso, achei que era melhor trabalhar com os alunos esse tema e deixar a Copa do Mundo para a próxima aula”, contou a historiadora Lili Rose Cruz Oliveira, que promove oficinas no Ciep.

Alguns desenhos mostram flores, corações, sol brilhando e policiais fortes com a inscrição UPP em suas fardas. Os meninos preferiram desenhar os ‘caveiras’ jogando bola com crianças e apertando as mãos de moradores. O Caveirão não apareceu em nenhum dos desenhos e apenas uma criança mostrou a favela com pichação de facção. As frases foram todas positivas, como “A paz chegou!”, “As crianças do Borel vão poder brincar”, “Agora me sinto mais seguro”, “Obrigado, Pai do Céu” e “Pacificadora, eu te amo!”.

‘Caveira’ dá até autógrafo

Na comunidade, um batalhão mirim faz questão de mostrar apoio à ação. Ontem, no caminho de volta para casa, depois da aula, o menino Rafael Alexandre Lopes da Silva, 8 anos, observava com admiração o cabo Serrão, que participava da instalação da sede provisória do Bope na Chácara do Céu. Após algum tempo, o menino tímido se aproximou, cumprimentou o PM e pediu: “Tio, me dá um autógrafo”. Surpreso, o policial perguntou se o garoto tinha certeza e, logo depois, aceitou. Rafael, então, apanhou seu caderno dentro da mochila e entregou a Serrão, que humildemente colocou sua assinatura. Sorridente, o menino correu para casa, como se tivesse ganho um presente.


Crianças se divertem com policiais do Bope durante a ocupação no Morro do Borel, na Tijuca | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
No alto do Morro da Chácara do Céu, a marcha dos policiais pela estrada íngreme do fim da Rua Maria Amália ganhou trilha sonora. Um grupo de meninos saudava os ‘caveiras’: “Tropa de Elite, osso duro de roer”, música do filme que os transformou em heróis. Os homens de preto seguiram imponentes, mas sem conseguir disfarçar o sorriso.

Para unir as comunidades antes separadas por facções rivais, a tropa de elite promoverá uma festa no dia 15, no campo de futebol da Chácara do Céu. Se chover, a comemoração acontecerá na quadra da Unidos da Tijuca.

Base de operações no alto do morro

O Bope instalou ontem, no alto da Chácara do Céu, um contêiner que servirá como base de operações para a ocupação das favelas da Tijuca. Lá, ficarão 30 policiais, um blindado, um micro-ônibus e uma picape. Outro posto já funciona na Avenida Nossa Senhora de Fátima, parte baixa do Borel.

Agentes do Serviço Reservado do Bope se reuniram com alguns dos 70 mototaxistas das favelas ocupadas. “Vamos cadastrar quem trabalha no setor e, ao mesmo tempo, ver quem trabalhava para o tráfico disfarçado de mototaxista”, contou PM.

Com apoio da Companhia de Cães, policiais continuaram buscas por armas e drogas nas favelas. Em três dias, oito pessoas foram presas e houve apreensão de um quilo de maconha, 41 trouxinhas da droga, 300 papelotes de cocaína e uma pistola, entre outros objetos. Investigações da 19ª DP (Tijuca) indicam que traficantes das favelas ocupadas teriam ido para o Complexo do Alemão, Morro da Mangueira e comunidade Lindo Parque, em São Gonçalo.

Também ontem, na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, policiais encontraram na mata, perto da sede da UPP, cemitério clandestino com pelo menos dois corpos.
G1.com

2 comentários:

Anônimo disse...

achei muito ruii prefiro os traficantes A.D.A eternamenti vai morrer todos do upp esses filhos da puta :@ vai toma no cuu

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

Lamentável. Sem comentários.