Somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos e pelas opiniões que emitimos
Por Cherrine Cardoso
“Ninguém erraria se ouvisse os próprios conselhos”Mestre DeRose
Um grande defeito do ser humano (e eu me incluo nessa) é exercer o mau hábito de julgar. Aquele julgamento baseado nas suas experiências, na sua educação, no seu ponto de vista, naquilo que acredita ser o certo e o errado.
Entretanto, o que não observamos ao emitir um julgamento ou uma opinião é: o que é certo e errado para mim pode não ser para o outro.
Esta reflexão é muito importante. Porque a partir do momento em que você emite aquilo que você acha exerce o poder da influência. Pode, sem querer e de forma inconsciente, influenciar o interlocutor a entrar na sua sintonia e onda, quando na verdade para ele talvez a coisa pudesse ser vista de outra maneira.
Somos formadores de opinião desde o momento em que nascemos e precisamos exercer esta “profissão” natural com muita responsabilidade. Precisamos observar quando estamos tomando partido de algo ou alguém e, automaticamente, nos colocando contra um outro lado. E se isso acontecer, mais ainda, precisamos observar se o estamos fazendo isoladamente ou se estamos arrastando mais pessoas conosco.
Se aqueles que nos ouvem e nos admiram se identificam com o que estamos proferindo de forma consciente, a ponto de escolherem pensar da mesma forma ou agir como nós, ok! porque é uma opção própria. Entretanto, se em determinado momento estamos instigando o outro a entrar na nossa mesma sintonia apenas para conseguirmos aliados ou parceiros de pontos-de-vista, é melhor fazer um auto-estudo e reavaliar se temos este direito!
Quando nos identificamos com uma filosofia de vida, com uma vocação, com um grupo, podemos sim segui-lo e isso naturalmente acontece e serve para que moldemos nossa identidade e nossa vida.
Mas a minha reflexão parte do princípio que muitas vezes queremos emitir nossa opinião sobre as ações das pessoas, no âmago de, quem sabe, ajudar ou contribuir para que quem escute tenha de seus conselhos o necessário para tomar uma atitude. E eu pergunto: que direito é esse que achamos ter de dizer ao outro o que é certo e errado?
Uma outra coisa que percebo atualmente com mais maturidade é que, quando nos emocionamos, procuramos nos apoiar em quem tem opiniões similares às nossas.
Se estou triste por uma determinada razão ou situação e alguém que eu conheço pensa como eu, automaticamente vou querer ouvi-lo mais do que aquele que não pensa. Dessa forma eu me reconforto e acredito que estou certa, aquietando meu coração e me enchendo de razão. Então, procuramos sempre estar perto daqueles que gerem sintonia com nossas opiniões e emoções. Mas isso pode não ser o mais correto pois vai alimentá-lo com os mesmos medos e inseguranças.
Mas se você tem uma dúvida, principalmente quando estiver emocionado, medite! Sozinho.
Faça inúmeras reflexões. Se quiser ouvir amigos e família, o faça, mas procure não precipitar-se ao agir baseado apenas nas opiniões dos outros. Busque dentro de você aquilo que realmente deseja. Observe com maturidade e consciência se o seu desejo é mesmo seu ou se pode estar sob a influência do ponto-de-vista de mais alguém. Não permita-se influenciar pela opinião dos outros, porque cada um foi educado de uma maneira, cada um tem uma identidade e valores pessoais, cada um sofre influências do meio em que vive e molda seus conselhos sob isso.
E, mais que tudo, antes de tomar qualquer decisão observe se está agindo de forma emocional ou racional, isso certamente fará toda a diferença. Enquanto emocionados, nos cegamos e buscamos sempre a zona de conforto, aquilo que nos deixa menos tristes. Entretanto, até a tristeza é um darshana* e uma opção, basta que você aquiete o seu coração e deseje estar diferente para que internamente as sensações se transmutem!
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