2.07.2012

As dores dos diabéticos

São bastante conhecidas as complicações diabéticas relacionadas aos olhos, aos rins e ao coração. Nesse contexto, há uma lacuna de informações no que se refere às dores dos diabéticos. Não estamos nos referindo às dores e dificuldades no enfrentamento da doença, estamos falando da neuropatia diabética, uma complicação muito pouco discutida e pouco diagnosticada, mas muito freqüente nesses pacientes.
O diabetes é uma doença que compromete especialmente nossa capacidade de sentir dor. É bem conhecida a possibilidade de o diabético ter um infarto sem nenhum sintoma doloroso. Essa redução na sinalização da dor também pode ocorrer nos membros inferiores e pés e, muitas vezes, um pequeno calo ou bolha na planta do pé pode evoluir silenciosamente para uma ulceração, dificultando o tratamento e a cicatrização já comprometida pela doença.
Mas é claro que o maior incômodo para os pacientes diabéticos não é a analgesia progressiva e sim as dores que passam a ocorrer com a cronicidade da doença.  Isso se deve a lesões nas pequenas fibras nervosas causadas pela glicose cronicamente elevada.  Os sintomas podem ser muito leves ou se manifestarem apenas como câimbras freqüentes. Também podem aparecer como um formigamento nas pernas e pés, principalmente à noite. Outras vezes, a sensação é de uma queimadura nas pernas, sem que haja qualquer lesão de pele para explicar tal fato. Finalmente, a dor pode se apresentar tão intensa que é descrita como lacerante e pode comprometer o sono e todas as atividades da vida diária dessas pessoas.
Todos esses são sinais de que a cronicidade do diabetes e das elevações das taxas de açúcar no sangue são suficientemente freqüentes e duradouras para lesar os pequenos nervos das pernas. As altas taxas de glicose no sangue desses pacientes parecem ser os fatores causais mais importantes. Há também fatores genéticos, nutricionais e comportamentais envolvidos, mas todos eles com participação secundária.
A grande dificuldade que encontramos no tratamento desses pacientes é que basicamente o que temos são medicamentos analgésicos, que passam a ser utilizados diariamente, muitos deles de difícil tolerância. Nenhum medicamento conseguiu mudar a evolução das dores e das lesões nos pequenos nervos periféricos. A melhor conduta ainda é a prevenção através de um tratamento nutricional e medicamentoso adequados, que garanta a normalização do perfil de glicemias e proteja os 30% dos diabéticos que são acometidos pelas dores da neuropatia.
Por Citen 

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