Médica defende que, para evitar a obesidade infantil, o ideal é controlar o peso desde o nascimento
Os números da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que 12% da
população mundial é considerada obesa. No Brasil, são 43,3% obesos e 13%
em sobrepeso, segundo análise do Sistema de Vigilância de Fatores de
Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
(Vigitel). Com tantos alertas, a população já sabe que deve investir num
estilo de vida saudável. Mas como negar um biscoito a uma criança
gulosa? Pouca gente nega, o que se reflete nas estatísticas da Pesquisa
de Orçamento Familiar do IBGE: uma em cada três crianças brasileiras com
idade entre 5 e 9 anos está com o peso acima do recomendado pela OMS e
pelo Ministério da Saúde. A endocrinologista pediátrica Isabel Rey
Madeira afirma que manter as crianças em forma não é tão difícil quanto
parece e ensina como fazer isso. Ela dará uma aula sobre obesidade
infantil na 69ª edição do Curso Nestlé de Atualização em Pediatria, esta
semana, no Riocentro.
Criança pode fazer dieta?
Deixar uma criança sem biscoito não é colocá-la em dieta, é uma orientação de alimentação saudável. Enlatados, alimentos processados, produtos dentro de caixas, de frascos, tudo isso leva sal, conservantes, corantes e deve ser evitado. Outra questão é a do alimento hiperpalatável, que tem aquele gosto maravilhoso. Introduzir isso muito cedo na vida de uma criança pode atrapalhar a apreciação de sabores mais suaves, azedos ou amargos.
É possível abrir uma exceção para refrigerantes e alimentos industrializados no fim de semana?
Se você já trata esse tipo de alimento dessa forma, abrindo uma exceção para o que é tão bom no fim de semana e comendo tudo o que é obrigação durante a semana, é complicado. Nossa cabeça tem que mudar.
Quais são os erros dos pais?
O erro não deve ser atribuído a ninguém, esta é uma situação da sociedade moderna. Há um excesso de nutrientes, cada vez menos atividades físicas por falta de tempo e espaço, além da má qualidade dos alimentos. Na criança (até 10 anos) a primeira coisa que observamos como fator de risco para doença cardíaca é a obesidade. E já começamos a ter crianças com alteração de colesterol e triglicerídeos; na adolescência há até quadros de pré-diabetes.
A partir de que idade é possível identificar o sobrepeso?
Desde o nascimento.
O cálculo do índice de massa corporal é igual para crianças e adultos?
Sim, mas obedece às curvas de crescimento. É importante observar que até os 5 ou 6 meses o bebê não controla a saciedade. Depois de 1 ano a criança já tem esse controle e o apetite também diminui. É importante então respeitar. Se a criança não está com fome, não precisa comer tudo. Claro que tem que observar se ela está saudável, mas se o desenvolvimento estiver bom, tudo bem. É comum nesse momento dar a mamadeira ou o peito, o que não é bom porque a criança já precisa dos outros nutrientes.
E até que ponto dá para lutar contra a obesidade na infância se grande parte disso vem da carga genética?
A obesidade é um tipo de herança chamada poligênica, na qual há uma influência muito forte do ambiente, ou seja, os genes se expressam de forma diferente por influência do meio ambiente. Por isso é tão importante investir em hábitos saudáveis, que podem modificar de forma positiva essa herança. Há quatro períodos da vida da criança em que a obesidade atrapalha ainda mais porque há multiplicação celular (e, com isso, as células gordurosas em maior quantidade também são multiplicadas): no nascimento, em torno de 6 meses, aos 6 anos e na puberdade.
Até que idade é possível reverter um quadro de obesidade?
Não há um relógio, mas na infância dá para reverter muita coisa. Oitenta por cento das pessoas que foram obesas na infância serão obesas na fase adulta. E quanto mais tempo se fica obeso, pior. Na minha pesquisa na Uerj avalio em crianças entre 2 e 10 anos os fatores de risco para doenças cardiovasculares. Em 30% das crianças obesas já poderia haver uma classificação de síndrome metabólica, já se encontram duas outras características como alteração na glicose ou até hipertensão.
Criança pode fazer dieta?
Deixar uma criança sem biscoito não é colocá-la em dieta, é uma orientação de alimentação saudável. Enlatados, alimentos processados, produtos dentro de caixas, de frascos, tudo isso leva sal, conservantes, corantes e deve ser evitado. Outra questão é a do alimento hiperpalatável, que tem aquele gosto maravilhoso. Introduzir isso muito cedo na vida de uma criança pode atrapalhar a apreciação de sabores mais suaves, azedos ou amargos.
É possível abrir uma exceção para refrigerantes e alimentos industrializados no fim de semana?
Se você já trata esse tipo de alimento dessa forma, abrindo uma exceção para o que é tão bom no fim de semana e comendo tudo o que é obrigação durante a semana, é complicado. Nossa cabeça tem que mudar.
Quais são os erros dos pais?
O erro não deve ser atribuído a ninguém, esta é uma situação da sociedade moderna. Há um excesso de nutrientes, cada vez menos atividades físicas por falta de tempo e espaço, além da má qualidade dos alimentos. Na criança (até 10 anos) a primeira coisa que observamos como fator de risco para doença cardíaca é a obesidade. E já começamos a ter crianças com alteração de colesterol e triglicerídeos; na adolescência há até quadros de pré-diabetes.
A partir de que idade é possível identificar o sobrepeso?
Desde o nascimento.
O cálculo do índice de massa corporal é igual para crianças e adultos?
Sim, mas obedece às curvas de crescimento. É importante observar que até os 5 ou 6 meses o bebê não controla a saciedade. Depois de 1 ano a criança já tem esse controle e o apetite também diminui. É importante então respeitar. Se a criança não está com fome, não precisa comer tudo. Claro que tem que observar se ela está saudável, mas se o desenvolvimento estiver bom, tudo bem. É comum nesse momento dar a mamadeira ou o peito, o que não é bom porque a criança já precisa dos outros nutrientes.
E até que ponto dá para lutar contra a obesidade na infância se grande parte disso vem da carga genética?
A obesidade é um tipo de herança chamada poligênica, na qual há uma influência muito forte do ambiente, ou seja, os genes se expressam de forma diferente por influência do meio ambiente. Por isso é tão importante investir em hábitos saudáveis, que podem modificar de forma positiva essa herança. Há quatro períodos da vida da criança em que a obesidade atrapalha ainda mais porque há multiplicação celular (e, com isso, as células gordurosas em maior quantidade também são multiplicadas): no nascimento, em torno de 6 meses, aos 6 anos e na puberdade.
Até que idade é possível reverter um quadro de obesidade?
Não há um relógio, mas na infância dá para reverter muita coisa. Oitenta por cento das pessoas que foram obesas na infância serão obesas na fase adulta. E quanto mais tempo se fica obeso, pior. Na minha pesquisa na Uerj avalio em crianças entre 2 e 10 anos os fatores de risco para doenças cardiovasculares. Em 30% das crianças obesas já poderia haver uma classificação de síndrome metabólica, já se encontram duas outras características como alteração na glicose ou até hipertensão.
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