10.05.2012

Cheiro da mãe faz com que os bebês comecem a mamar

Pesquisa feita com ratos mostra que recém-nascidos reconhecem o aroma do líquido amniótico


Estudo mostra que recém-nascidos reconhecem o cheiro da mãe
Foto: Fabio Teixeira/20.06.2012
Estudo mostra que recém-nascidos reconhecem o cheiro da mãe Fabio Teixeira/20.06.2012
Pela primeira vez, pesquisadores mostram que um mamífero começa a mamar leite materno depois de reconhecer a combinação única de aromas da mãe. Isso ocorre porque, dentro da barriga, o bebê fica exposto ao cheiro do líquido amniótico e assim que nasce, responde a esse aroma para se alimentar.
Até então, o pensamento predominante era que essa ligação tinha relação com os feromônios, que levavam o bebê a mamar quase que como um comportamento automático. O novo estudo, porém, feito com ratos, determina que os cheiros são aprendidos antes mesmo que esse comportamento possa ocorrer.
O recém-nascido deve começar a se alimentar logo após o nascimento. Isso é essencial para a sobrevivência de mamíferos.
Outra pesquisa sobre amamentação, realizada anteriormente, mostrou que os coelhos fêmeas europeus usam um feromônio para fazer seus bebês começarem a mamar. Isso levou a maioria dos cientistas a pensar que todos os mamíferos eram propensos a usar o mesmo mecanismo. Ansiosos para descobrir o feromônio envolvido nesse processo em outros mamíferos, a equipe escolheu o rato, por eles terem um estilo semelhante ao dos seres humanos: nutrir e cuidar de seus filhotes.
“Estávamos à espera de encontrar um feromônio que controlasse a sucção em camundongos, mas encontramos um mecanismo completamente diferente”, diz Dr. Darren Logan, principal autor do estudo do “Wellcome Trust Sanger Institute”. “Mostramos, pela primeira vez, que não são os feromônios que fazem com que os camundongos comecem a mamar e sim uma resposta aprendida, fundada em uma mistura de odores.”
Para descobrir os cheiros envolvidos na iniciação de sucção, os estudiosos levaram ratos recém-nascidos por cesariana aos seios de suas mães que tinham sido lavados e, em seguida, receberam odores como líquido amniótico, saliva da mãe, leite materno e urina. Apenas os seios com o cheiro do líquido amniótico da mãe iniciou aleitamento dos bebês.
A equipe procurou a presença de um feromônio no fluido amniótico. Alimentaram as ratinhas grávidas com alimentos com cheiro forte, como o alho, para alterar a assinatura odor da mãe. Se um feromônio fosse envolvido, o alho não teria qualquer efeito sobre a mamada. Porém, apenas os ratos que tiveram exposição anterior ao líquido amniótico com o cheiro forte de sua mãe foram capazes de se alimentar com sucesso, provando que o cheiro, que funciona como uma assinatura materna, deve ser aprendido.
“Nosso trabalho mostra que não há feromônio em toda a espécie, mas que os filhotes de ratos estão realmente aprendendo a reconhecer essa mistura única e variável dos cheiros da mãe durante o nascimento”, explica a professora Lisa Stowers, autora sênior do “The Scripps Research Institute”. “Embora a resposta de amamentação possa parecer um comportamento ligado pelo feromônio, na realidade, esse é um processo fundamentalmente diferente.”
Aprender o cheiro da mãe pode ser um comportamento nato nos mamíferos. Os seres humanos também formam um vínculo intensivo e afetivo com seus bebês, o que sugere que a manipulação genética pode ser uma maneira útil para pesquisar os caminhos neurais envolvidos no comportamento instintivo humano.

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