Cego desde a adolescência, americano escala montanhas com a ajuda de aparelho que permite "enxergar" com a língua e que deve chegar ao mercado já em 2013
Lucas BesselDESAFIOS
Acima, Erik Weihenmayer chega acompanhado ao topo do Everest em 2001; agora, com
o novo aparelho sobre a língua, ele consegue escalar montanhas sozinho (abaixo)
Apesar de parecer coisa de ficção científica, a lógica por trás do funcionamento do aparelho é velha conhecida dos estudiosos de deficiências sensoriais: na ausência da visão ou da audição, o cérebro consegue aprender a enxergar ou ouvir por meio de outros sentidos. “Não são os olhos que realmente enxergam, mas sim o cérebro”, diz Weihenmayer, que ficou cego aos 13 anos por causa de uma doença na retina. Graças a essa nova tecnologia, o alpinista é capaz não apenas de escalar sozinho as montanhas do Estado americano do Colorado, onde vive, mas também de reconhecer palavras escritas, jogar bola com a filha ou brincar com seu cachorro. “Usuários do BrainPort V100 conseguem identificar obstáculos acima do solo, localizar placas e encontrar objetos em uma mesa”, explica Lindsey Spencer, diretora de pesquisas clínicas da Wicab, empresa que produz o aparelho. “Essas são tarefas impossíveis de serem feitas com a ajuda de uma bengala ou um cão-guia”, afirma a pesquisadora.
PAISAGEM SONORA
O cientista Amir Amedi exibe dispositivo que transforma imagens
em sons; lançamento comercial está previsto para 2015
Após duas horas de treinamento, os voluntários na pesquisa da universidade foram capazes de reconhecer letras e palavras simples. Depois de cerca de setenta horas de aprendizado, os resultados foram ainda mais impressionantes: os pesquisados conseguiram saber se uma sala estava cheia de gente, se as pessoas estavam de frente ou de costas e se estendiam a mão para cumprimentá-los ou não. Os deficientes que passaram pelo treinamento completo chegaram a um nível tão avançado que conseguiram “enxergar” as diferenças entre um rosto que expressava alegria, tristeza ou raiva. Segundo Amedi, essa pesquisa dará origem, já no próximo ano, a um aplicativo para celulares batizado de EyeMusic. O software poderá ser usado por deficientes visuais e fará reconhecimentos simples. O aparelho completo, com câmera e óculos, deve ser colocado à venda até 2015. E muita gente vai poder “ouvir” imagens.
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