O DIA lança o vídeo 360° direto da maior concentração de usuários de crack no Rio atualmente
POR Aline Freire
Rio -
Com a proposta de mostrar a realidade dos fatos e transportar o leitor para dentro dos acontecimentos, O DIA lança
hoje mais uma importante ferramenta jornalística, jamais vista em um
outro veículo de comunicação do Brasil: o vídeo 360 graus.
Clique na imagem e veja o vídeo 360º da cracolândia da Avenida Brasil | Foto: Reprodução vídeo
“Nunca foi feito nada semelhante no Brasil e no mundo. Estamos dentro do fato, numa bolha, bem no centro de toda a ação”, conta Ayrton, que ainda explica como foi montado o primeiro vídeo da categoria no país.
“O cenário parecia o inferno de Dante. Muita gente mutilada, suja, sem conexão com a realidade. Com o vídeo, todos podem ver e rever para observar todos os ângulos ao seu redor”.
Em pouco mais de duas horas de captação de imagens, com um equipamento formado por seis câmeras filmando ao mesmo tempo, Ayrton flagrou momentos únicos na Avenida Brasil.
“Um viciado chegou muito perto de mim e disse que iria chamar o advogado. Outro não tinha o braço direito, nem a mão esquerda e tinha a perna defeituosa”, disse.
Depois, com mais de 163 Gb de material bruto, o fotógrafo gastou mais de 40 horas de edição para compactar o material em um vídeo de três minutos.
“A cracolândia é angustiante e muito preocupante. Se você passar por esse local e os viciados atacarem você, por exemplo, a polícia que está perto não poderá fazer nada. Nem a atenção deles é chamada. Os agentes sociais só pedem calma, calma... Eles (os viciados) têm uma posição de serem respeitados, mesmo violando o nosso direito de ir e vir”, desabafa o profissional de 57 anos.
Este formato de vídeo é uma exclusividade de apenas 19 profissionais do mundo e foi inventado neste ano.
O DIA lançará ainda outros vídeos 360 graus de coberturas jornalísticas durante as próximas semanas. Para conferir, basta acessar o Dia Online e navegar. Não é necessário ter um programa específico para assistir ao vídeo.
Revoltado e mutilado, jovem viciado em crack grita para o fotógrafo Ayrton Camargo durante a filmagem | Foto: Andréa Simões
AYRTON CAMARGO
57 anos, 37 deles dedicados à fotografia profissional
“Em 37 anos como fotógrafo profissional, estive em diversos locais. Alguns dos quais me chocaram muito, como por exemplo quando estive em Serra Pelada e vi os horrores da febre do ouro entre os garimpeiros, assim como no Rio Madeira Mamoré, perto de Porto Velho. Mas ao me ver na Cracolândia, aqui, na minha cidade, me senti vivendo como no Inferno de Dante. A visão daquelas pessoas, a loucura geral, a sujeira, falta de higiene, o descompasso com a realidade que está alguns metros apenas dos carrões que passam pela Avenida Brasil e outros que passam beirando esta praça é aterrorizante. Me preocupou. Me fez pensar em como eu poderia mostrar ao mundo aquilo, aquele instante, aquela confusão, aquele problema social que atinge a todos nós. O mal-estar e a penúria, ouvindo os gritos deles com todos nós e especialmente comigo, me faziam balançar entre a raiva e a misericórdia. A legislação sobre como tratar estes doentes, viciados e destruídos emocionalmente precisa ser revisada”.
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