Tratamento previne contra câncer de colo de útero. Há dúvidas, porém, quanto à eficácia e ao custo
RIO - Fernanda Alonso já não é criança, está com 14 anos. Mas levou
um susto ao ouvir da ginecologista a recomendação para tomar uma vacina
que até então não conhecia: um tratamento para ajudá-la na prevenção
contra o vírus do papiloma humano (HPV), que é transmitido através de
relações sexuais e causa o câncer do colo de útero. A mãe, Lina Alonso,
também se assustou num primeiro momento. Passado o choque inicial, no
entanto, mãe e filha aprovaram a ideia. Uma decisão simples se não
viesse acompanhada da informação de que a vacina custa de R$ 250 a R$
400 cada dose (são três) e não é oferecida pelo sistema público.
— Não tenho condições financeiras. É importante para minha filha e também para a irmã, que tem 7, e vai precisar no futuro. O problema, porém, é que as doses custam muito caro.
Lina pode escolher esperar. A introdução da vacina contra o HPV no Sistema Único de Saúde pelo governo federal está em fase final de estudos. É o que revela o Ministério da Saúde. O órgão criou um grupo técnico para discutir a estratégia de implementação da vacina na rede pública e a previsão é que as análises epidemiológicas, imunológicas, socioeconômicas e financeiras sejam concluídas no primeiro semestre de 2013.
O governo do estado do Rio, ancorado pela lei 6.060/11, sancionada pelo governo Sérgio Cabral, adiantou-se e abriu processo de compra de vacina para começar a imunizar meninas de 9 a 11 anos já no primeiro semestre do ano que vem. Caso a promessa seja cumprida, será o primeiro estado a oferecer gratuitamente o tratamento de maneira regular. Hoje, apenas municípios, em iniciativas isoladas, adotaram o investimento. É o caso de Barretos, em São Paulo, e Campos dos Goytacazes, no Rio.
O pedido pela oferta pública da vacina é antigo. Ela pode combater os dois subtipos mais frequentes e perigosos de HPV, o 16 e o 18. Ambos causam o câncer de colo de útero, doença que apenas este ano deve gerar aproximadamente 17.500 novos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O vírus também pode causar câncer de pênis e até de garganta.
Duas questões, porém, levantam polêmica. Os dois subtipos combatidos representam 70% do risco. O método, portanto, não oferece 100% de proteção, mesmo que a vacina seja a quadrivalente, que ainda inclui outras duas variantes (ao todo, são mais de 20 tipos de papiloma humano). Outra dúvida é em relação ao custo. Na rede privada, onde as vacinas já são vendidas para mulheres entre 9 e 26 anos, o preço varia entre R$ 250 a R$ 400 cada dose. São três no total. O custo é alto porque apenas dois laboratórios produzem o medicamento. Ou seja, oferecê-la gratuitamente exige um alto investimento diante de uma eficácia que não é total.
Para Daniel Gimenes, vice-presidente de Pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc), a vacina deve ser vista como um auxílio emergencial. Lembra que o câncer de colo de útero é uma doença de pouca incidência e baixa mortalidade nos países desenvolvidos. Segundo ele, porque os sistema de saúde consegue fazer o acompanhamento eficaz das mulheres, identificando o problema no início.
— Hoje em dia estamos muito treinados para tratar e não para prevenir. No Brasil, o sistema público de saúde tem deficiências sérias. O que sai mais barato? Uma vacina ou uma unidade pública de saúde que faça um acompanhamento de qualidade? — questiona.
O Hospital de Câncer de Barretos começou, em 2010, um estudo sobre o tratamento. Naquele ano, 1,7 mil meninas matriculadas nas 6ª e 7ª séries do ensino fundamental das escolas públicas e particulares do município do interior de São Paulo receberam a primeira dose. Autor da pesquisa, o coordenador científico do Instituto de Ensino e Pesquisa da instituição, José Humberto Fregnani, garante, porém, que os resultados são animadores.
— A vacina é quase totalmente eficaz contra os subtipos de mais risco. Ainda há a imunidade cruzada, que permite o combate de outros subtipos através do método — afirma.
Segundo Maria Cristina Senna, médica da clínica de vacinação NeoVacinas, a vacina contra HPV representa um "impacto gigantesco no programa nacional de vacinação".
— Claro que os exames preventivos continuarão a ser necessários, mas o tratamento vai diminuir o número de novos casos — garante.
— Não tenho condições financeiras. É importante para minha filha e também para a irmã, que tem 7, e vai precisar no futuro. O problema, porém, é que as doses custam muito caro.
Lina pode escolher esperar. A introdução da vacina contra o HPV no Sistema Único de Saúde pelo governo federal está em fase final de estudos. É o que revela o Ministério da Saúde. O órgão criou um grupo técnico para discutir a estratégia de implementação da vacina na rede pública e a previsão é que as análises epidemiológicas, imunológicas, socioeconômicas e financeiras sejam concluídas no primeiro semestre de 2013.
O governo do estado do Rio, ancorado pela lei 6.060/11, sancionada pelo governo Sérgio Cabral, adiantou-se e abriu processo de compra de vacina para começar a imunizar meninas de 9 a 11 anos já no primeiro semestre do ano que vem. Caso a promessa seja cumprida, será o primeiro estado a oferecer gratuitamente o tratamento de maneira regular. Hoje, apenas municípios, em iniciativas isoladas, adotaram o investimento. É o caso de Barretos, em São Paulo, e Campos dos Goytacazes, no Rio.
O pedido pela oferta pública da vacina é antigo. Ela pode combater os dois subtipos mais frequentes e perigosos de HPV, o 16 e o 18. Ambos causam o câncer de colo de útero, doença que apenas este ano deve gerar aproximadamente 17.500 novos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O vírus também pode causar câncer de pênis e até de garganta.
Duas questões, porém, levantam polêmica. Os dois subtipos combatidos representam 70% do risco. O método, portanto, não oferece 100% de proteção, mesmo que a vacina seja a quadrivalente, que ainda inclui outras duas variantes (ao todo, são mais de 20 tipos de papiloma humano). Outra dúvida é em relação ao custo. Na rede privada, onde as vacinas já são vendidas para mulheres entre 9 e 26 anos, o preço varia entre R$ 250 a R$ 400 cada dose. São três no total. O custo é alto porque apenas dois laboratórios produzem o medicamento. Ou seja, oferecê-la gratuitamente exige um alto investimento diante de uma eficácia que não é total.
Para Daniel Gimenes, vice-presidente de Pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc), a vacina deve ser vista como um auxílio emergencial. Lembra que o câncer de colo de útero é uma doença de pouca incidência e baixa mortalidade nos países desenvolvidos. Segundo ele, porque os sistema de saúde consegue fazer o acompanhamento eficaz das mulheres, identificando o problema no início.
— Hoje em dia estamos muito treinados para tratar e não para prevenir. No Brasil, o sistema público de saúde tem deficiências sérias. O que sai mais barato? Uma vacina ou uma unidade pública de saúde que faça um acompanhamento de qualidade? — questiona.
O Hospital de Câncer de Barretos começou, em 2010, um estudo sobre o tratamento. Naquele ano, 1,7 mil meninas matriculadas nas 6ª e 7ª séries do ensino fundamental das escolas públicas e particulares do município do interior de São Paulo receberam a primeira dose. Autor da pesquisa, o coordenador científico do Instituto de Ensino e Pesquisa da instituição, José Humberto Fregnani, garante, porém, que os resultados são animadores.
— A vacina é quase totalmente eficaz contra os subtipos de mais risco. Ainda há a imunidade cruzada, que permite o combate de outros subtipos através do método — afirma.
Segundo Maria Cristina Senna, médica da clínica de vacinação NeoVacinas, a vacina contra HPV representa um "impacto gigantesco no programa nacional de vacinação".
— Claro que os exames preventivos continuarão a ser necessários, mas o tratamento vai diminuir o número de novos casos — garante.
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