Enquanto isso, Estados Unidos já avalia ação militar. Segundo fonte da AFP, o uso de armas químicas ultrapassa o que Washington estabeleceu como "linha vermelha"
por AFP
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Diante da ameaça de uma intervenção militar, a Rússia, aliada do regime de Bashar al-Assad pediu neste domingo "sensatez" e que seja evitado um "erro trágico" ante uma eventual opção militar, alertando aos ocidentais sobre a possibilidade de ser repetida a "aventura" do Iraque.
Uma autoridade norte-americana destacou que há "muito poucas dúvidas" de que as forças sírias usaram armas químicas contra civis, uma ação que, durante muito tempo Washington estabeleceu como "linha vermelha".
A ONU confirmou que seus especialistas começarão a
investigar, na próxima segunda-feira, se foram usadas armas químicas em
um ataque na quarta-feira nos subúrbio de Damasco.
O organismo informou que dará "prioridade absoluta" a esta investigação.
Contudo, a autoridade norte-americana disse que a
autorização do governo sírio é muito "tardia para ser confiável". Moscou
pediu à oposição síria que permita aos inspetores investigar com total
segurança.
Ao mesmo tempo, eram feitos contatos internacionais do
mais alto nível para preparar uma "resposta séria" contra Damasco.
Washington e Londres avaliavam inclusive opções militares.
"Um acordo foi concluído hoje em Damasco entre o governo
sírio e as Nações Unidas durante a visita da Alta representante da ONU
para o desarmamento, Angela Kane, para permitir que a equipe da ONU
dirigida pelo professor Aake Sellström investigue as acusações de
utilização de armas químicas na província de Damasco", informou o
Ministério. O acordo "entra em vigor imediatamente", informou.
Segundo o chefe da diplomacia síria, Walid al Muallem, o
regime de al-Assad quer "cooperar com as equipes de inspetores para
demonstrar que as acusações dos grupos terroristas (rebeldes, ndr) sobre
a utilização pelas tropas sírias de armas na região de Ghuta oriental
são falsas".
De forma excepcional, o secretário de Estado
norte-americano, John Kerry, falou por telefone na quinta-feira com seu
homólogo sírio Walid al Muallem e disse que "se o regime sírio, como
proclama, não tem nada a ocultar, deveria autorizar um acesso imediato
aos inspetores da ONU ao local", revelou no sábado à tarde um
responsável do departamento de Estado.
O regime, que compara a rebelião com o "terrorismo",
negou ter usado armas químicas e acusou os próprios insurgentes de
empregar o gás tóxico em Khobar, um bairro da periferia de Damasco, o
que a oposição negou em bloco.
Forças norte-americanas preparadas
No âmbito dessa troca de acusações, o presidente
francês, François Hollande, considerou este domingo que existe "um
conjunto de indícios" que mostram que o ataque de quarta-feira foi de
"natureza química" e que "tudo leva a apontar o regime de Damasco como
autor" dos ataques químicos.
O ministro das Relações Exteriores francês, Laurent
Fabius, afirmou este domingo que não há "nenhuma dúvida" sobre o ataque
com armas químicas próximo a Damasco e sobre a responsabilidade do
regime sírio.
Também afirmou que "não seria compreensível se, a partir
do momento onde os fatos estão estabelecidos, não houvesse uma forte
reação da comunidade internacional".
O presidente norte-americano, Barack Obama, e o
primeiro-ministro britânico, David Cameron, conversaram por telefone no
sábado e expressaram "profunda preocupação (...) diante dos sinais cada
vez mais importantes de que o regime sírio realizou um significativo
ataque com armas químicas", explicou Downing Street.
"A utilização significativa de armas químicas merece uma resposta séria da comunidade internacional", considerou Londres.
O secretário de Defesa norte-americano, Chuck Hagel, declarou que o
Pentágono mobiliza forças para uma possível ação militar contra a Síria
caso o presidente Barack Obama decida por esta opção.Ameaças do Irã
Já o Irã, aliado do regime sério, alertou este domingo
que se os Estados Unidos atravessarem "a linha vermelha" na Síria haverá
"duras consequências".
Na frente jihadista Al Nosra, grupo próximo a Al Qaeda,
prometeu neste domingo atacar as cidades alauítas, corrente do xiismo a
qual pertence Bashar al-Assad, como vingança pelo "ataque químico" de
quarta-feira próximo a Damasco. O grupo jihadista deu a entender que os
ataques poderiam começar.
Neste domingo, o governador da província de Hama, no
centro da Síria, foi assassinado em um atentado com carro-bomba,
anunciou a televisão estatal, que atribuiu o ataque aos rebeldes.
Segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), cerca de
"3.600 pacientes com sintomas neurotóxicos" chegaram na quarta-feira a
três hospitais da província de Damasco, dos quais 355 morreram, embora a
ong não tenha podido "confirmar cientificamente a causa desses sintomas
nem estabelecer a responsabilidade deste ataque".
Com base em informações médicas, o Observatório Sírio
dos Direitos Humanos (OSDH) contabilizou mais de 300 mortos por gás
tóxico, entre eles uma dezena de rebeldes.
O papa Francisco fez um pedido neste domingo para "fazer
calar as armas" na Síria e solicitou à "comunidade internacional para
encontrar uma solução", na oração dominical do Ângelus.
"Não é o enfrentamento que oferece perspectivas de
esperança para resolver os problemas, mas sim a capacidade para se
reunir e dialogar", acrescentou o papa.
Na terça-feira, a Liga Árabe se reunirá para "estudar o
horrível crime de uso de armas químicas que custou a vida de centenas de
inocentes", informou neste domingo o número um da organização, Ahmed
Ben Hilli
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