8.08.2014

Brasil pode enviar equipes para áreas afetadas pelo ebola

Secretário de Vigilância do Ministério da Saúde afirmou que, se OMS pedir, país está pronto para mandar profissionais para a África


Funcionário da saúde prepara uma solução para prevenir a propagação do vírus Ebola, na Libéria
Ebola: dois casos suspeitos foram notificados no Brasil, mas descartados (Abbas Dulleh/AP)
O Brasil pode enviar equipes de saúde para regiões afetadas pela epidemia de ebola, caso o auxílio seja requisitado, afirmou o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. "Se o pedido for feito, enviaremos, como já fizemos em Moçambique, em 2003", disse. Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deflagrou uma operação para tentar impedir o avanço da doença, que neste ano já registrou 887 mortes em países da África Ocidental.
No início do mês, o Brasil enviou kits de saúde para Guiné e na próxima semana deverá fazer o mesmo por Libéria e Serra Leoa. Em 2003, o Brasil mandou uma equipe especialista em infecção hospitalar e um especialista em comunicação para atuar em estratégias de prevenção da doença.
Barbosa acredita que a eficácia das ações de contenção reforçadas pelo plano lançado há poucos dias pela OMS poderá ser avaliada em três semanas. "As infecções registradas agora são fruto de transmissões ocorridas nos últimos dias."
Embora a previsão para a redução de casos seja para meados e fim do mês, Barbosa afirma ser muito baixo o risco de o país registrar casos da doença. Até agora, dois casos suspeitos foram notificados no Brasil, mas rapidamente descartados. Um deles era um passageiro que desembarcou em Goiânia, procedente de Moçambique. Era pneumonia. Outro caso suspeito era de uma pessoa que desembarcou em Guarulhos, vindo da África do Sul. Tratava-se de infecção urinária.

O Brasil não dispõe de material para fazer o teste e confirmar a doença. Em caso suspeito, a amostra poderá ser enviada para o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos. "O resultado de um eventual caso suspeito pode ser obtido em dois dias. Mas é mais para confirmação. A doença tem sinais claros e todo caso suspeito será tratado de forma adequada."

Transmitido por um vírus, o ebola tem uma alta taxa de mortalidade (até 90% dos casos). A infecção ocorre através do contato com sangue, fluidos corporais da pessoa infectada ou de animais com a doença — sobretudo macacos, porcos-espinhos, capivaras. Ao contrário de outras doenças, a transmissão do ebola ocorre geralmente quando o paciente já apresenta sintomas da infecção.

"Eles não passam despercebidos. Bastam horas para os sinais evoluírem de dores no corpo para diarreia, vômitos e hemorragias", explicou o secretário. O período de incubação pode variar entre dois e 21 dias. Barbosa admite haver a possibilidade de o paciente desembarcar no país ainda nesta fase. "Mas nesse estágio a contaminação não ocorre. E quando sintomas surgirem, a gravidade é tamanha que dificilmente ele deixará de procurar assistência médica."

O secretário disse que a informação sobre a doença nos serviços médicos de referência já foi reforçada. Ele descartou a hipótese de distribuir panfletos informativos para viajantes que desembarcam no Brasil. Essa medida já foi adotada em outras ocasiões, como H1N1. "O ebola tem características muito distintas. Não há risco de a doença ser transmitida pelo ar. Nem mesmo de o paciente não suspeitar que foi infectado", ponderou.

Entenda o surto de ebola na África

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O que é o ebola?


O vírus ebola foi descoberto em 1976 a partir de diagnósticos simultâneos na República Democrática do Congo e no Sudão, na África. Ele provoca uma grave doença conhecida como febre hemorrágica ebola, que pode afetar seres humanos e primatas, como macacos e chimpanzés. O surto de ebola pode chegar a provocar a morte de 90% das pessoas infectadas. Atualmente, não existe vacina e nem cura para a doença.
(Com Estadão Conteúdo)


 











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