Saúde mental
Sensibilidade materna ao glúten aumenta risco de esquizofrenia nos filhos
Recém-nascido com maiores níveis de anticorpo associado à sensibilidade pode ter até o dobro de risco de apresentar uma desordem psiquiátrica
Sensibilidade materna ao glúten, presente no trigo, na
cevada e no centeio, pode influenciar risco de esquizofrenia nos filhos
(Thinkstock)
Mães que são sensíveis ao glúten,
proteína presente no trigo, na cevada, na aveia e no centeio, podem
influenciar o risco de seus filhos terem problemas psiquiátricos, como
esquizofrenia, segundo pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia,
e da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Essa é a primeira
vez em que tal associação é feita. Antes, o aumento das chances de
distúrbios como esses só havia sido relacionado com infecções e outras
desordens inflamatórias maternas. O resultado faz parte de uma pesquisa
que será publicada na edição do mês de junho do periódico American Journal of Psychiatry.CONHEÇA A PESQUISAOs pesquisadores analisaram dados do nascimento e amostras de sangue de 764 recém-nascidos entre 1975 e 1985. Eles mediram, no sangue dos bebês, os níveis do anticorpo IgG, que ataca a proteína do leite de vaca e também a gliadina, um dos componentes do glúten. Esse anticorpo, cuja presença determina a sensibilidade que uma pessoa tem a esses alimentos, atravessa a placenta durante a gravidez para conferir ao bebê imunidade.
Título original: Maternal Antibodies to Dietary Antigens and Risk for Nonaffective Psychosis in Offspring
Onde foi divulgada: periódico American Journal of Psychiatry
Quem fez: Hakan Karlsson, Åsa Blomström, Susanne Wicks, Shuojia Yang, Robert Yolken e Christina Dalman
Instituição: Instituto Karolinska, Suécia, e Universidade Johns Hopkins Estados Unidos
Dados de amostragem: 764 recém-nascidos
Resultado: Sensibilidade da mãe ao glúten está associada ao dobro do risco do filho apresentar uma desordem psiquiátrica, como esquizofrenia ou transtorno delirante, ao longo da vida
Ao longo dos anos seguintes, 211 dessas crianças desenvolveram alguma desordem psiquiátrica, como esquizofrenia ou transtorno delirante. Os resultados indicaram que crianças que tinham maiores níveis do anticorpo anti-gliadina apresentaram o dobro de risco de terem um problema psiquiátrico do que as crianças com quantidades normais do anticorpo. A associação continuou a mesma mesmo depois de a equipe adequar os resultados para fatores que ajudam a desencadear desordens psiquiátricas, como idade da gestante e peso do bebê ao nascer.
De acordo com Hakan Karlsson, que coordenou o trabalho, esses dados reforçam a ideia de que os riscos de uma desordem psiquiátrica podem ser moldados por, além de genes e estilo de vida, fatores associados à gestação da mãe. “No entanto, isso não significa de maneira alguma que todo o tipo de sensibilidade a alimentos provoquem esquizofrenia”, diz o pesquisador.
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