2.24.2014

Em vez de discussão sobre médicos cubanos, deveríamos incentivar qualificação profissional

Desafios da saúde

Josier Marques Vilar
Nos últimos 50 anos, os principais fatores que influenciaram a riqueza das nações foram o desenvolvimento do comércio e dos serviços, a incorporação tecnológica e os níveis de saúde e educação da população. Mais recentemente, a metodologia utilizada para se medir a riqueza de um país tem sido o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que utiliza como referência a expectativa de vida ao nascer, a educação e a renda média da população conforme o Produto Interno Bruto (PIB).
Embora o Brasil seja hoje um país com relevância econômica global, figurando entre as dez maiores economias do mundo, temos um desempenho medíocre no que diz respeito ao IDH. E a baixa qualidade da assistência à saúde é um dos fatores que contribuem para isso.
O despertar para nossa verdadeira riqueza se faz através de melhor desempenho no IDH. Garantir o acesso a bons serviços médicos, com alta capacidade diagnóstica e correto tratamento das doenças no tempo certo, pode fazer grande diferença na expectativa de vida.
Para isso, vale lembrar, bons serviços médicos se constroem com profissionais de saúde qualificados. Em vez de insistir e reincidir em uma discussão inútil sobre médicos cubanos deveríamos construir incentivos de qualificação profissional dos médicos e demais profissionais da saúde, independentemente de suas nacionalidades e origens.
Não existe outra saída: na situação quase falimentar de grande parte do complexo hospitalar brasileiro, o estado e os planos de saúde deveriam incentivar a construção de melhor estrutura de serviços médicos assistenciais, sejam eles públicos ou privados, paralelamente a uma agressiva política pública de promoção da saúde e prevenção de doenças.
Integrar público e privado com sistemas de informação confiáveis, regulações inteligentes e parcerias que ampliem e garantam o acesso da população aos serviços de saúde de qualquer complexidade tem de ser o nosso foco. Já passou da hora de abandonarmos a inócua discussão de público versus privado. Um não sobrevive sem o outro.
Num país com tantas diferenças e abismos, temos a obrigação de compatibilizar as demandas técnicas e as responsabilidades ética e moral das intervenções médicas com os objetivos econômicos e os limitados orçamentos públicos existentes. Da mesma forma, temos de trabalhar com indicadores de desempenho assistencial que impeçam que a saúde seja pautada exclusivamente pelas leis de mercado.
A sustentabilidade da assistência médica de qualidade depende de um novo marco regulatório que contribua de forma decisiva para que os serviços de saúde alcancem desfechos clínicos que contribuam para melhor qualidade da vida de nossa população. É assim que poderemos contribuir para um melhor índice de desenvolvimento humano, abandonando o mundo analógico e ingressando definitivamente na era digital na saúde.
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