Governador de SP admitiu, pela primeira vez, possibilidade de cortes no fornecimento
AE
O governador voltou a afirmar, porém, que a situação é localizada
no Sistema Cantareira. "Estamos frente a uma situação extremamente
excepcional. E ela não é uniforme. Tem lugar que chove demais e tem
lugar que chove de menos", afirmou. O Cantareira voltou a registrar
recorde negativo nesta terça: 16,9% da capacidade, menor índice desde a
inauguração, em 1974. A pluviometria do dia, que mede quanto choveu
sobre a região, foi de 6,2 milímetros. No mês, o acumulado é de 60,7
milímetros, ante a média histórica de fevereiro, de 202,6 milímetros de
precipitação.
Alckmin reafirmou ainda que o governo já está trabalhando para
utilizar os 400 milhões de metros cúbicos do chamado "volume morto"
(parcela do reservatório não disponível para o uso operacional normal).
Segundo o governador, também "já está pronto o projeto das ensacadeiras,
dos canais e das bombas" para facilitar a captação. "Não que a gente
pretenda utilizar agora, mas vamos deixar tudo preparado para o inverno,
caso haja necessidade", disse. O governador destacou o sucesso no
programa de concessão de bônus por redução de consumo. "Teve um bom
resultado, tivemos uma economia de 2,1 metros cúbico por segundo",
afirmou.
Previsão
O cenário de redução do sistema só deve começar a ser revertido com
força neste fim de semana. Previsão da Somar Meteorologia, divulgada
nesta terça, mostra que uma frente fria deve estacionar na Região
Sudeste do País a partir de sexta-feira, 28.
A previsão é de que deve chover intensamente a partir do sábado,
29, nos Estados de São Paulo, Minas e Rio. As precipitações atingirão
também o sul de Minas e a região de Bragança Paulista, área de
influência para a recarga dos rios e represas que compõem o Cantareira.
Em Camanducaia (MG), área de nascente de um dos rios que abastecem o
Cantareira, choverá em uma semana quase o volume todo esperado para
março. Com isso, a Sabesp espera que no próximo mês as represas comecem a
encher.
No entanto, há especialistas que se mantêm pessimistas e dizem que
"só um dilúvio" resolveria o problema de reserva de água do Cantareira
para os meses de seca, que começam em abril, com a chegada dos dias mais
frios.
Estudos técnicos do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba,
Capivari e Jundiaí (PCJ) apontam que precisaria chover em dois meses
cerca de 1 mil milímetros para que as represas entrem no período de
inverno com 50% da capacidade. Para se ter uma ideia, em 2010, na grande
cheia do sistema, quando as comportas tiveram de ser abertas pela
primeira vez para que não transbordassem, choveu 1,5 mil mm em todo o
ano.
"Para a elaboração desse cálculo levamos em conta que 25% das
chuvas infiltram ou se perdem, 75% vão encher os reservatórios e a chuva
cairá em 50% da área de drenagem", explica José Cézar Saad, coordenador
de projetos do Consórcio do PCJ.
Segundo boletim do grupo anticrise do Sistema Cantareira, criado
por determinação dos governos federal e estadual, o volume de água que
está entrando dos rios nos reservatórios (8 mil litros por segundo)
equivale a 13% da média para o período. Pelo documento, se consideradas
apenas as represas que entram na partilha da água entre a Grande São
Paulo e a região de Campinas, o volume de água que pode ser usado está
em 16,6% de sua capacidade. As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
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