2.26.2014

Lucro da Petrobras sobe 11% e chega a R$ 23,570 bilhões no ano passado

No quatro trimestre, lucro chega a R$ 6,281 bilhões


Posto de gasolina da Petrobras no Rio. No quarto trimestre, defasagem da gasolina em relação aos preços internacionais foi de 10,8%, segundo CBIE Foto: Dado Galdieri - 9/9/2013 / Bloomberg




Posto de gasolina da Petrobras no Rio. No quarto trimestre, defasagem da gasolina em relação aos preços internacionais foi de 10,8%, segundo CBIE Dado Galdieri - 9/9/2013 / Bloomberg
RIO e SÃO PAULO A continuidade da defasagem nos preços dos combustíveis, um freio na produção de petróleo e a alta do dólar fizeram a Petrobras registrar lucro líquido de R$ 6,28 bilhões no quarto trimestre de 2013,. Nos últimos seis anos: entre outubro de dezembro de 2007, a companhia lucrou R$ 5,05 bilhões. Mas, no acumulado do ano, embalada pela venda de ativos, a Petrobras obteve lucro líquido de R$ 23,57 bilhões, uma alta de 11% em relação ao ano anterior. Os resultados vieram acima das expectativas do mercado, que previa lucro de R$ 5 bilhões no quarto trimestre.
A Petrobras adotou  no ano passado a contabilidade de hedge, que protege a companhia das oscilações cambiais. Em 2013, a moeda americana avançou cerca de 15,37%. A própria estatal admite que a extensão dessa prática beneficiou o resultado no ano passado. Em seu balanço, a Petrobras destaca que reduziu em R$ 12,9 bilhões os impactos cambiais em seu resultado financeiro ao longo de 2013.
O avanço do dólar também aumentou em 50% o endividamento líquido da companhia, que passou de R$ 147,817 bilhões, em dezembro de 2012, para R$ 221,563 bilhões no fim do ano passado. Também influenciou nesse avanço o aumento nas captações feitas pela companhia, que somaram R$ 33,176 bilhões. As captações são essenciais para financiar os investimentos da companhia nos próximos anos, sobretudo no pré-sal, afirmam especialistas.
Outro fator que pesou foi a queda na produção. A estatal chegou ao fim de 2013 com uma produção média de 1,931 milhão de barris por dia, queda de 2,5% em relação ao ano anterior. Segundo a estatal, a redução foi motivada pelo atraso do início da produção em alguns campos, como o de Papa-Terra, Roncador e Parque das Baleias, na Bacia de Campos. Na Bacia de Santos, houve atraso nos campos de Sapinhoá e Lula Nordeste. Na maior parte dos casos, houve atraso na entrega de equipamentos.
Nesta terça-feira, a Petrobras anunciou que a produção de petróleo nos campos do pré-sal na Bacia de Santos e Campos atingiu, no dia 20 de fevereiro, a marca recorde de 407 mil barris de petróleo por dia, em apenas 21 poços produtores.
Em carta aos acionistas, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, atribuiu o aumento do lucro líquido aos três reajustes do diesel e aos dois da gasolina realizados no ano passado. Ela destacou ainda que a companhia, com sua política de otimização de custos operacionais, conseguiu economizar R$ 6,6 bilhões, acima da meta de R$ 3,9 bilhões. Além disso, conseguiu reduzir seus investimentos em R$ 2 bilhões com melhorias logísticas e redução de custos de poços. Graça lembrou ainda que a venda de ativos na companhia somou reforço de caixa de R$ 8,5 bilhões entre janeiro e dezembro. Somente no último trimestre, foram R$ 3,997 bilhões com a venda das operações no Peru e no Uruguai.
Porém, apesar da redução dos custos e da venda de ativos, a situação da companhia segue crítica, diz um outro analista. Ele lembra a relação entre a geração de caixa operacional em 2013, de R$ 56,210 bilhões, e o volume de investimento, que somou R$ 98,038 bilhões.
Além do balanço anual, a Petrobras divulgou nesta terça seu novo Plano de Negócios, para o período de 2014 a 2018. E antecipou seus projetos das refinarias Premium I e Premium II, anteriormente previstas para 2017 e 2020. Agora, ambas refinarias terão seus processos licitatórios conduzidos em 2014. O plano de negócios prevê ainda que o pré-sal será responsável pela maior parte da produção total de petróleo em 2018, com 52% do total.
Ações caem, mas a tendência é subir
Para fazer frente aos investimentos previstos em seu plano de negócios, a Petrobras afirma que considera, em seu cenário, a “convergência dos preços de diesel e gasolina no Brasil com as referências internacionais”. A empresa diz ainda que pretende reduzir seu nível de endividamento e alavancagem. Considera ainda um cenário de preço de barril do petróleo do tipo Brent de US$ 105 em 2014, mas com queda gradual nas cotações para US$ 95 a longo prazo. Hoje, o preço do Brent está a US$ 109,51
De acordo com o Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), a defasagem da gasolina foi de 10,8% e de 16,7% do diesel no quarto trimestre do ano passado. Estima-se que a Petrobras tenha perdido cerca de R$ 1 bilhão com essa diferença.  A Petrobras deu um reajuste de 4% na gasolina e de 8% no diesel a partir do dia 1º de dezembro de 2013.
O resultado foi divulgado após o fechamento da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Como o mercado financeiro previa uma queda maior no lucro do quarto trimestre, as ações da estatal fecharam em queda de 2,2% (preferenciais) e 2,63% (ordinárias). O Ibovespa caiu 1,43% e o dólar recuou 0,25%, para R$ 2,341. 

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