3.23.2014

Ucranianos manifestam temor de invasão russa

Risco de guerra com a Rússia aumenta cada vez mais, afirmam autoridades da Ucrânia



AFP


Ucranianos temem invasão da Rússia ALEXANDER KHUDOTEPLY/AFP
O risco de guerra com a Rússia aumenta cada vez mais, de acordo com autoridades ucranianas, que fizeram neste domingo (23) um alerta, enquanto milhares de pessoas se reuniam na Praça da Independência de Kiev para apoiar a unidade nacional.
O risco "aumenta", "a situação é inclusive mais explosiva do que era há uma semana", considerou o chefe da diplomacia ucraniana Andrei Dechtchitsa, consultado pela rede americana ABC sobre um eventual conflito militar.
As tropas russas de Vladimir Putin estão preparadas para atacar a Ucrânia "a qualquer momento", declarou neste domingo o secretário do Conselho de Segurança Nacional e de Defesa ucraniano, Andrei Parubi, em um palanque na Maidan, a Praça da Independência, onde ele foi o "comandante" durante a queda de braço entre o movimento de contestação e o presidente Viktor Yanukovytch, atualmente deposto.
— O alvo de Putin não é a Crimeia, mas toda a Ucrânia (...) Suas tropas mobilizadas na fronteira estão preparadas para atacar a qualquer momento. Na imaginação maníaca de Putin, a Ucrânia deve fazer parte da Rússia.
Alemanha deve ajudar novo governo da Ucrânia
Quase simultaneamente, o Ministério russo da Defesa indicou que Moscou "respeita todos os acordos internacionais sobre a limitação das tropas nas regiões da fronteira com a Ucrânia".
A manifestação "pela unidade nacional" na Maidan foi convocada como resposta à agitação separatista no leste e à tomada das últimas bases ucranianas na Crimeia pelos russos.
As duas questões estão intimamente ligadas, como mostrou um apelo feito pelo primeiro-ministro da Crimeia, anexada à Rússia, para que o povo ucraniano reflita sobre o que fez a península.
Escolha de "aventureiros políticos"
Em sua página no Facebook, Serguei Axionov projetou uma imagem apocalíptica das consequências econômicas da assinatura do acordo de associação entre a Ucrânia e a UE: "impostos elevados sem justificativa, aumento dos preços e do desemprego, idade de aposentadoria ampliada para além da expectativa de vida média".
"Não tenho o direito de pedir a vocês que se separem da Ucrânia!", prosseguiu Axionov. (...) Peço que se oponham à escolha feita em seu lugar por um punhado de aventureiros políticos financiados pelos oligarcas (...), que defendam seus direitos e seus interesses. Estou profundamente convencido de que essa defesa passa por uma aliança estreita com a Federação da Rússia, por uma aliança política, econômica e cultural".
Essas declarações podem ter impacto em parte dos habitantes do leste da Ucrânia. No sábado, cerca de 4 mil pessoas participaram de uma manifestação em Donetsk, agitando bandeiras russas e pedindo a volta de Viktor Yanukovytch.
Atos parecidos aconteceram neste domingo em Odessa (sul), Kharkiv (leste) e de novo em Donetsk.
Na véspera, soldados de elite russos atirando para o alto e apoiados por veículos blindados, tomaram outra base ucraniana na Crimeia, mostrando mais uma vez a determinação de Moscou frente às sanções e aos esforços diplomáticos do Ocidente.
Forças russas tomaram o controle de vários navios de guerra ucranianos na Crimeia nos últimos dias. O ministro da Defesa Igor Teniukh lamentou neste domingo a perda dessas unidades ocorrida "apesar do fato de todos os comandantes terem recebido ordens para usar as armas" .
— Para evitar um derramamento de sangue, eles não recorreram às armas.
A demonstração de força da Rússia coincidiu com as acusações feitas na véspera pela Alemanha, importante parceira econômica do governo russo, acusando-o de "dividir a Europa", nas palavras do chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, em visita a Kiev.
Seu homólogo russo, Serguei Lavrov, pode esperar uma nova repreensão quando se reunir com o secretário de Estado americano, John Kerry. Seu encontro, dedicado à Ucrânia, está previsto para ser realizado durante uma cúpula em Haia, convocada para segunda e terça-feira pelo presidente Barack Obama.
O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, convidado para a cúpula, cancelou sua participação, explicando neste domingo no Conselho de Ministros que deve se reunir na segunda com uma missão do Fundo Monetário Internacional para a Ucrânia. Kiev pede pelo menos 15 bilhões de dólares para evitar uma quebra.
O FMI exige em troca de Kiev medidas de austeridade e, principalmente, uma redução dos subsídios aos preços do gás para a população.

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