Evento em São Paulo discute nesta semana os novos modelos de aprendizado
Agência Brasil
Michael Horn, bacharel em história pela Universidade de Yale e
formado também na Universidade de Harvard, integra o ranking da revista
Tech&Learning das 100 pessoas mais importantes quando se trata de
tecnologia na educação. Horn acha que o ensino atual mantém um modelo
ultrapassado, semelhante à produção em uma fábrica do início do século
passado, no qual as crianças são divididas em turmas conforme a faixa
etária e recebem um ensino padronizado. “O mundo mudou, cada criança
precisa de um modelo que maximize cada uma. As pessoas aprendem de
maneiras diferentes, ritmos diferentes”, disse ele.
A proposta do especialista é que as escolas utilizem o ensino
híbrido, ou seja, inserir a aprendizagem online no contexto das aulas
convencionais. “A criança pode progredir no seu próprio ritmo, e
personalizar a educação”. A ideia é tornar o conteúdo mais envolvente e
interessante para o aluno, por meio de games e simulações, por exemplo.
O modelo virtual já foi testado em escolas norte-americanas, entre
elas uma em Los Angeles, na Califórnia, onde 90% dos estudantes são
carentes. Na escola, uma das melhores do país, o professor não precisa
montar uma aula capaz de atingir todos os alunos em sala de aula de uma
vez só. “Esse modelo não faz sentido para o aprendizado”, destacou.
O brasileiro Luís Junqueira, formado em letras pela Unicamp,
acredita que a escola tem que dar liberdade e confiar na autonomia do
aluno. O projeto Primeiro Livro, que ele desenvolve, dedica tempo das
aulas de língua portuguesa para que o estudante escreva o seu próprio
livro de ficção. O objetivo é elaborar uma plataforma virtual que
concentre essas publicações, e permita que as crianças interajam.
Luís conta que obteve resultados excelentes na Escola do Sítio, em
Campinas, onde o Primeiro Livro existe desde a década de 80, e na Escola
Castanheiras, onde o projeto começou em 2009. “As dúvidas gramaticais
dos alunos surgem a partir do livro que eles estão escrevendo”, disse.
Além disso, com a ajuda da tecnologia, as crianças podem sanar suas
dúvidas assistindo a videoaulas.
Zach Sims, eleito uma das 100 pessoas mais influentes pela revista
Time de 2013, contou a sua experiência na fundação do projeto
Codecademy, criado para estimular o aprendizado de linguagem de
programação. Enquanto fazia a graduação em ciências políticas na
Universidade de Columbia, Zach percebeu que a maioria dos seus colegas
estavam insatisfeitos por gastar dinheiro com um aprendizado que não
importava para a sua vida profissional.
“Passei um verão aprendendo sozinho a como programar e aprendi com
os meus próprios erros. Isso funcionava mais do que se eu ouvisse os
conceitos e tentasse aplicá-los. Enfrentando problemas, consertando
erros, você aprende mais”, declarou.
Zach decidiu criar o site www.codecademy.com, uma plataforma
gratuita para ensinar programação de uma maneira simples e, assim,
ajudar quem também tem interesse em aprender. “Fizemos de um modo fácil
para todo mundo, para [os interessados] não ficarem amedrontados”. Na
contramão do imaginário da maioria das pessoas, que acreditavam que
programação é algo difícil e que não desperta grande interesse, o site
teve 200 mil inscrições apenas no segundo dia de funcionamento, lembrou
Zach.
“Ninguém sabia dessa demanda, muitas crianças se inscreveram. O
site é como um jogo, legal, divertido e envolvente. A programação é a
linguagem do século 21”, garantiu.
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