Impor limites com delicadeza demonstra autoconfiança e respeito pelo outro...
Tentar se impor pela força não necessariamente significa usar a
violência física. A forma de falar, usando um tom de voz mais alto e um
olhar de desdém ou superioridade, também representa uma agressão. Quem
age dessa maneira desrespeita o outro e só leva em conta o pensamento
individual. E, sem trocas, todo relacionamento perde.
"Precisamos das outras pessoas e um modelo autoritário demais mina
qualquer relação" diz a psicóloga Ariane Teixeira Toubia, especializada
em terapia cognitivo comportamental e saúde mental pelo Instituto de
Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo).
Endurecer sem perder a ternura
Palavras delicadas e firmes denotam mais força do que gritos e atitudes
carregadas de agressividade, conforme afirma Terezinha. "Por vezes, a
gritaria é sinal de fraqueza. É como se a pessoa fizesse muito barulho
para não deixar as suas inseguranças tão visíveis", declara.
Por outro lado, ao argumentar e refletir sobre um conflito, adquire-se o
controle interno, necessário para administrar as emoções e passar
segurança. "Nessa situação, conseguimos dar o recado olhando nos olhos
do outro, mantendo o tom de voz neutro, a postura aberta e a linguagem
objetiva, ou seja, deixando claro o que queremos dizer, sem rodeios",
explica Ariane.
"Às vezes, as pessoas querem que o outro adivinhe o que elas têm em
mente. Se isso não acontece, estouram, porque acreditam que já era para o
outro ter entendido o que elas nem sequer chegaram a sugerir por meio
de suas ações", diz a psicóloga.
É preciso treino
Impor-se com delicadeza é uma habilidade que se adquire no decorrer da
vida. "Trata-se de uma habilidade que tem tudo a ver com o controle
emocional. Uma pessoa que perde a compostura numa discussão está sem o
domínio das suas emoções. Quando você treina, é possível adquirir esse
comando", diz a psicopedagoga Elisabete da Silva Duarte, coordenadora
pedagógica do Colégio Nossa Senhora do Morumbi, em São Paulo.
Vale até mesmo treinar em frente ao espelho, imaginando situações
difíceis. Outra ideia é escrever o que gostaria de dizer em um momento
de conflito. "Muitas vezes, a pessoa tem a intenção de se impor de
maneira suave, mas a ansiedade prejudica. O treino vai ajudar a criar
confiança para se posicionar adequadamente em uma situação futura",
afirma Ariane.
Também é interessante conversar com pessoas de confiança sobre o
assunto. "Sozinho você faz autocríticas e proposições. Mas, com outra
pessoa, pode compartilhar e ter referências de outros modelos de reação.
Dividir torna tudo mais fácil", diz Terezinha.
Diante de uma circunstância de conflito, quando os nervos ficam à flor
da pele, as especialistas são unânimes na orientação: parar, respirar e
deixar para resolver o problema mais tarde, quando já tiver refletido
sobre a melhor maneira de se expressar. Com o impulso controlado, você
freia o ritmo interno, oferece espaço para a razão sobrepor as emoções
e, então, percebe que reagir com assertividade é muito mais eficiente do
que estabelecer limites a qualquer custo.
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