Operação é realizada para prender traficantes que no domingo trocaram tiros com PMs, culminando na morte de uma idosa
Rio - Três carros foram incendiados
na manhã desta segunda-feira na Avenida Itaóca, durante ação da Polícia
Militar no Complexo do Alemão, para prender bandidos que no domingo
trocaram tiros com os agentes. Durante o confronto, a idosa Arlinda
Bezerra de Assis, de 72 anos, acabou levando dois tiros e morrendo no
local. Segundo moradores, um produto inflamável foi colocado perto de um
dos carros, perto da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), e
logo depois o fogo foi ateado.
André Luís dos Santos, 33, dono de um
dos carros e que trabalha numa empresa de vendas de materiais de
construção, próximo de onde estava o veículo, disse ter visto alguns
menores no local e lamentou o ocorrido.
"Eu não sei se o ato foi em protesto a alguma
morte. Mas posso dizer que não tenho envolvimento nenhum com morte
nenhuma e acabei prejudicado", diz o vendedor, que tinha no Monza,
avaliado segundo ele em R$ 10 mil, como seu único bem.A região está com o policiamento reforçado após a madrugada tensa. Segundo a família de Arlinda Bezerra, ela tentou proteger o neto de dez anos durante o confronto. Moradores protestaram e acusam a PM pela morte. Houve protesto. Por volta de 1h, tiros ainda podiam ser ouvidos na região.
Após a manifestação de moradores que
fechou a Estrada do Itararé, principal acesso às comunidades do Complexo
do Alemão, e o ataque a tiros à UPP Nova Brasília, o policiamento na
região foi reforçado com o apoio de PMs do 3º BPM (Méier), 16º BPM
(Olaria), dos batalhões de Choque e de Operações Policiais Especiais
(Bope) e de UPPs da região. A 45ª DP (Complexo do Alemão) também teve
reforço no policiamento e todos os acessos à delegacia foram fechados na
noite de domingo.
Vítima comemorava seu aniversário
Arlinda Bezerra, conhecida na comunidade como Dona Dalva, comemorava seus 72 anos, em casa, com a família. "Era um dia de confraternização familiar, de felicidade, mas acabou sendo de luto geral. Ouvi apenas o grito da minha avó, antes de correr com a minha família e ver o que tinha acontecido", afirmou na manhã desta segunda-feira, Tamires Assis, neta da vítima.
Segundo familiares, com o fim do confronto, Arlinda Bezerra resolveu deixar o sobrinho-neto em casa. Parentes pediram para que a idosa esperasse um pouco mais, porém ela disse que "não tinha problema". De acordo com a criança, que está em estado de choque, ao perceber que o tiroteio tinha voltado, ela disse: "meu filho, por favor, se esconde atrás da vovó".
De acordo com a CPP, PMs foram atacadas a tiros no início da noite, quando passavam pela Rua 2. O ataque seria em represália pela prisão no domingo de Ramires Roberto da Silva, de 21 anos, acusado de matar a soldado Alda Castilhos e o subcomandante da UPP Vila Cruzeiro, Leidson Acácio Alves Silva, em fevereiro e março deste ano, respectivamente.
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