4.30.2014

Microalbuminúria – Diabetes mellitus e Hipertensão arterial






 
O termo microalbuminúria foi introduzido por Viberti e colaboradores, em 1982, para designar a excreção urinária de albumina anormal, mas subclínica, ou seja, aquela que não é detectável pelos métodos bioquímicos usuais, mas apenas por outras técnicas, como radioimunoensaio, nefelemetria ou imunoturbidimetria.
A microalbuminúria foi definida como o aumento anormal da excreção urinária de albumina, situado entre os valores > 30 e < 300 mg/24 horas, correspondentes a > 20 a < 200 μg/min, ocorrendo repetidamente em duas ou três coletas urinárias consecutivas.
Microalbuminúria
24 horas 30 – 300 mg/24h
12 horas diurnas 20 – 200 mg/min
12 horas noturnas 16 – 150 mg/min
Albumina/creatinina
em amostra isolada
> 20 mg/g
 Identificar precocemente e de forma precisa as pessoas que vão desenvolver determinadas doenças tem sido o grande desafio da medicina atual, neste contexto, a identificação e a caracterização da microalbuminúria está ganhando destaque. Assim, conhecendo-se a história natural da microalbuminúria – veja o esquema abaixo – podemos atuar preventivamente em pacientes que tem alto risco para eventos encefálicos, coronarianos e morte cardiovascular. Esta atitude, além do fator humanístico, implica em enorme economia financeira, melhor atendimento aos portadores da doença em questão e elaboração, pelos organismos de saúde pública, de modelos de intervenção preventiva.
Microalbuminuria pode surgir através de uma variedade de mecanismos, os quais, finalmente, causar alterações microestruturais e funcionais no rim. Estes mecanismos têm em comum a tendência de alterar a permeabilidade glomerular e o funcionamento do túbulo proximal e/ou a associação com disfunção endotelial.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de microalbuminúria são:
Diabetes
Hiperinsulinemia
Hipertensão Arterial
Tabagismo
Obesidade
História familiar de doença renal diabética
Fatores genéticos


Evidência inicial de uma ligação entre a disfunção endotelial e albuminúria veio de observações, por longo período, de pacientes com diabetes tipo 1, em que os níveis crescentes de albuminúria foram acompanhados por aumento da permeabilidade da rede vascular em geral (a albumina e de fibrinogênio*), bem como no plasma aumentaram os níveis de fator de von Willebrand**  (um marcador de disfunção endotelial). Estes resultados levaram os investigadores a hipótese de que a albuminúria reflete um processo mais generalizado vascular ( hipótese de Steno) . Desde então, vários estudos encontraram associações entre microalbuminúria e disfunção endotelial em indivíduos diabéticos e não-diabéticos. Na verdade, a disfunção endotelial tem sido demonstrado que precedem e prever o início de microalbuminuria.
* Fibrinogênio – O fibrinogênio é uma glicoproteína plasmática com ação no final da cascata de coagulação sangüínea.
** Fator de Von Willebrand  – O fator de Von Willebrand é uma proteína polimérica sintetizada exclusivamente  por células endoteliais e megacariócitos, com peso molecular de 500 a 20.000 HDa (Kilo Daltons), que serve como transportador do fator VIII sangüíneo, tem importante papel na coagulação do sangue.
Tratamento
Os inibidores da enzima de conversão da angiotensina exibem maior capacidade de reduzir a microalbuminúria. A melhora da microalbuminúria induzida pelos inibidores da ECA depende da redução da pressão intraglomerular, atribuível à diminuição da resistência arteriolar eferente.

Nota da  Sociedade Brasileira de Nefrologia 
Artigo de  Maria Almerinda R. Alves

"A presença de microalbuminúria é fator de risco para o desenvolvimento de doença renal progressiva em pacientes diabéticos e em pacientes hipertensos.

Albuminúria tem maior prevalência que proteinúria. Na grande maioria dos pacientes adultos com proteinúria a presença de albumina é identificada, porém em mais da metade dos indivíduos com microalbuminúria não se evidencia a presença de proteinúria.

A avaliação sistemática de proteinúria ou albuminúria na população geral assintomática é controversa.

Não há evidências que suportem a hipótese de que microalbuminúria seja um fator de risco para progressão de doença renal na população geral, embora a presença de microalbuminúria seja considerada um fator de risco para doença cardiovascular também nessa população."

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