Tenente que vai chefiar canal de diálogo e de solução de conflitos com as comunidades admite que ser mulher contribuiu muito para a sua nomeação
Por onde anda, a tenente Tathiana
Lima, de 30 anos, é cumprimentada, fazendo lembrar que, apesar de jovem,
já acumula boa experiência em comandos na PM. Entre os postos já
ocupados estão os subcomandos das UPPs da Mangueira, por um ano e meio, e
da Cidade de Deus, por três meses.
Entretanto, para ela, nem mesmo a
chefia do setor de Mediação de Conflitos das UPPs, cargo que ocupou até
pouco tempo, pode ser ser comparável à oportunidade de peregrinar,
semanalmente, por cada uma das 37 UPPs, desvendando os anseios da
população: “Estaremos junto aos moradores. Não queremos somente apagar
incêndios. Queremos antecipar atitudes para que os problemas não
cresçam”.
À bordo de um veículo adaptado, a tenente e sua
equipe multidisciplinar (integrada por assistentes sociais, advogados e
psicólogos, capacitados pela Associação Brasileira de Ouvidores)
cumprirão uma agenda pré-estabelecida de visitas, divulgada no site
www.policiamilitar.rj.gov.br/ouvidoriaupp
: “Com o anonimato garantido, o morador poderá fazer qualquer tipo de
denúncia e acompanhar o andamento da sua solicitação pela internet. As
denúncias mais graves serão encaminhadas para a 8ª Delegacia de Polícia
Judiciária Militar, na sede da CPP. Trata-se de um canal direto com a
corporação, voltado para as UPPs, diferente do Disque-Denúncia, por
exemplo”.
O contato também poderá ser feito por telefone (21- 2334-7599), de segunda à sexta, das 9h às 17h. Estatísticas de atendimentos e casos solucionados serão divulgados a cada três meses, pela internet.
‘Projeto terá êxito’, garante
A tenente Tathiana Lima, que é graduada em Segurança Pública pela Uerj e pós-graduada em Processos Educativos e se diz “fascinada pela carreira militar e pelo contato com o povo”, diz não se lembrar como surgiu o interesse por se tornar policial.
“Lembro que foi na adolescência, vendo o trabalho de alguns amigos próximos. Digam o que quiserem, dentre todas as forças armadas, a Polícia Militar é a primeira a ser lembrada pelas pessoas nos momentos de dificuldades. Nada me orgulha tanto quanto isto”, diz, antes de reafirmar — mais uma vez — que o projeto terá êxito. “Anota aí”, pede.
“Nos envolveremos com todo tipo de caso. Até mesmo no direcionamento dos moradores que estejam procurando órgãos competentes que não sejam a Polícia naquele momento”, garante a ouvidora das UPPs. O trabalho em um veículo não blindado, com policiais não armados e sem farda, será fundamental para este sucesso, na opinião da tenente.
“Temos que nos aproximar de forma amistosa, sem truculência. Sei que o fato de ser mulher contribuiu muito para a nomeação e, sinceramente, acho as mulheres a cara das UPPs”, admite. Para o coordenador-geral de Polícia Pacificadora, coronel Frederico Caldas, o projeto vai dar agilidade na identificação de focos de conflitos. “Há muito havíamos identificado a necessidade de um canal ágil de interlocução com a UPP. O preparo da equipe será decisivo para dirimir conflitos”, disse.
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