Estudo revela que dificuldade de fertilização está se tornando cada vez mais comum.
De acordo com a epidemiologista Joelle Le Moal, responsável pela pesquisa, outro achado significativo diz respeito à diminuição também em um terço dos espermatozoides normais. Os resultados revelam um grave problema de saúde pública e desafiam a sociedade e os governos a lidar melhor com as mudanças climáticas. “Ainda não sabemos o porquê, mas está claro que se trata de uma combinação de fatores como maior exposição à poluição e agentes químicos, além de uma dieta rica em gordura, entre outros.”
Na opinião de Edson Borges Junior, especialista em Reprodução Assistida e diretor do Grupo Fertility (SP), é importante ressaltar que a população masculina vem sentindo as consequências do meio ambiente desde antes mesmo de nascer.
“As mulheres também estão expostas aos mesmos fatores agressivos à saúde. Gestantes que comem muita carne vermelha (rica em substâncias químicas potencialmente prejudiciais), por exemplo, comprovadamente exercem influência negativa sobre a futura fertilidade de um bebê do sexo masculino. Estudos comprovam que fetos masculinos intrauterinos expostos a altos níveis de compostos estrogênicos ou antiandrogênicos podem apresentar alterações no desenvolvimento de todos os tipos principais de células dentro do testículo, levando à deficiência da qualidade do esperma”, ressalta.
Para ele, “a saúde e a fertilidade das futuras gerações estão em risco”, alerta o especialista. Essa é a conclusão, inclusive, do primeiro estudo do gênero realizado no Brasil. A partir da análise de 2.300 amostras de sêmen fornecidas por pacientes que recorreram ao tratamento de fertilização assistida nos períodos de 2000-2002 e 2010-2012, foi possível registrar diferenças estatisticamente significativas nas características seminais dos indivíduos analisados, principalmente em relação à concentração de espermatozoides e à sua morfologia.
Borges revela dados importantes: “Nossa pesquisa mostrou uma queda de mais da metade do número de espermatozoides produzidos, assim como uma diminuição importante na porcentagem de espermatozoides normais (de 4,6% para 2,7%). Outro resultado também surpreendeu: dobrou o número de homens com azoospermia, que é a ausência de espermatozoides no ejaculado”.
Para o especialista, esses dados mostram claramente que a qualidade do sêmen humano está se deteriorando ao longo dos anos. “É fundamental encontrar e reduzir os agentes que estão causando esse declínio da fertilidade masculina. Mas, já é possível afirmar que o aumento da frequência de anomalias reprodutivas masculinas reflete os efeitos adversos dos fatores ambientais ou de estilo de vida: maior exposição a agentes ocupacionais e ambientais, medicamentos, doenças sexualmente transmissíveis e maus hábitos nutricionais, entre outros fatores a serem investigados.”
Um fator social que também tem contribuído bastante para dificultar uma gravidez dentro dos padrões normais, ou seja, dentro do período de um ano com tentativas regulares, é o estresse. “O estresse é um fator crítico que precisa ser controlado inclusive durante o tratamento de fertilização in vitro para não interferir negativamente no processo. Seja por motivos sociais, ambientais ou outros, vale ressaltar que os homens devem ser os primeiros interessados em conhecer a causa de sua infertilidade. Afinal, com tanta tecnologia e metodologia disponíveis na Medicina Reprodutiva, as chances de reverter qualquer problema que o esteja impedindo de ser pai são bastante consideráveis.”
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