Meu Poema para Ayrton Senna
Nas estrada sinuosas vi meu destino, Meu pai me disse: "filho, supere seus limites !"
No inconsciente gravei: "Viva rápido, morra jovem !!!!"
...e a morte foi minha companheira; ela nasceu comigo ...e correu comigo!
Venceu curvas e superou limites,
Travestida de belíssima ninfa, de alvíssimas vestes,
Que com um misto de ternura e cinismo me convidava a desafiá-la.
E sob essa estrela acumulei vitórias,
E sob o signo de Alexandre, ganhei o mundo,
Mas serei vencido por um muro,
Assim como o macedônico foi vencido pela febre.
Mas a multidão anônima não acreditará, pois seus heróis não podem ou não devem morrer;
E quando minha ausência se fizer firme como meus troféus na estante,
Lágrimas quentes das amantes abençoarão a TV,
Não entendendo elas que a Morte as substituiu,
E amparado em seus braços e seios de ninfa,
Penetrando em suas entranhas, lhe provarei o supremo orgasmo.
Ponho o capacete e acelero a máquina que me levará a uma viagem sem retorno,
Estou no asfalto - duzentos quilômetros por hora!
Sinto-me livre, mas estou preso aos limites da estrada,
Ao circulo vicioso das curvas como a alma humana está presa ao círculo vicioso das reencarnações.
E só aqueles que superam seus limites vencem esse círculo,
E transformam numa reta as curvas sinuosas do destino.
Firme piso no acelerador e supero mais uma curva, Agora são 250 quilômetros por hora !!!!
Meu gólgota e minha cruz me esperam... ...em Imola me imolei !!!!
E tomo do cálice, pois no vinho do sacrifício há mel dulcificante.
E no êxtase máximo do passamento tomarei a morte em meus braços,
E nos promiscuiremos nos alvos lençóis do etéreo como amantes que há muito se procurassem,
E derramarei meu sêmem no espaço!
Acelero ainda mais: 300 quilômetros por hora!
É chegado o momento da morte da semente nas entranhas da terra para gerar vida !!!
E o muro que me aguarda são os braços ciclópicos dos moinhos que venceram Don Quixote;
E eis que a curva traiçoeira do destino se transforma numa reta!
Já posso ver o muro mais adiante! É questão apenas de segundos...
A morte, belíssima ninfa, vestes alvíssimas, como noiva ataviada abre os braços e me sorri.
"Doce companheira que esperei por toda vida,
Receba-me em seus braços, ampara-me,
Deixa-me repousar a cabeça dolorida em seus ombros."
E enquanto meu corpo de carne se desagrega,
O infinito se abre diante de mim
Como estrada imorredoura, contínua, reta,
Para os desafios de uma eterna Pole Position.
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