5.11.2014

Referendo é considerado ilegal pela Ucrania e comunidades internacionais

Começam novos referendos sobre separatismo no leste da Ucrânia

Donetsk e Luhansk vão às urnas pela independência.
Potências ocidentais dizem que não reconhecerão o resultado.

Do G1, em São Paulo
Mulher entra em cabine de votação durante realização de referendo sobre independência em Donetsk, no leste da Ucrânia, neste domingo (11) (Foto: REUTERS/Baz Ratner ) 
Mulher entra em cabine de votação durante realização de referendo sobre independência em Donetsk, no leste da Ucrânia, neste domingo (11) (Foto: REUTERS/Baz Ratner )
Os referendos organizados por grupos separatisas pró-Rússia no leste da Ucrânia, sobre a independência de duas regiões que eles controlam, começaram na manhã deste domingo (11).

Mais de sete milhões de ucranianos foram convocados a votar para decidir o destino das regiões de Donetsk e Lugantsk. Os referendos podem desembocar na separação desta região do país.

A consulta, que pode ter consequências históricas, é considerada ilegal por Kiev e pela comunidade internacional. "[A separação da Ucrânia] seria um passo para o abismo para essas regiões. Aqueles que defendem a autonomia não entendem que isso significaria a destruição total da economia, dos programas sociais e da vida em geral, para a maioria da população nessas regiões”, afirmou o presidente ucraniano em exercício, Aleksander Turchinov, que considera as votações ilegais.

Em março, a Crimeia votou pela independência da Ucrânia e passou a ser governada pelas leis russas, apesar de não ser reconhecida dos organismos internacionais.

Diferentemente do que ocorreu com a Crimeia, as novas consultas populares não têm o poder tornar as regiões autônomas, mas podem iniciar um processo que permitirá a Rússia avançar ainda mais sobre o território da Ucrânia.

Pessoas chegam a colégio eleitoral em Donetsk para votar em referendo separatista neste domingo (11) (Foto: REUTERS/Baz Ratner) 
Pessoas chegam a colégio eleitoral em Donetsk para votar em referendo separatista neste domingo (11) (Foto: REUTERS/Baz Ratner)
O clima é tenso em Donetsk e Luhansk, que fazem fronteira com a Rússia e têm a maioria da população de origem russa. O governo de Putin posicionou tropas perto da fronteira, enquanto a Ucrânia mantém operação militar na região para conter o movimento.
Acusado pela Ucrânia de tentar desmembrar seu território, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu que o referendo fosse adiado, e propôs que Kiev interrompesse as ofensivas militares na região, segundo informou a agência France Presse.
Na sexta, conflitos entre separatistas pró-Rússia e exército ucraniano deixou 20 mortos em Mariupol, cidade de Donetsk. As potências europeias Alemanha e França são contra a realização das novas consultas populares. "Os referendos planejados em várias cidades do leste da Ucrânia são ilegais”, afirmaram as nações em comunicado conjunto, divulgado neste sábado (25) (Veja vídeo acima). Os Estados Unidos comunicou que não aceitará o resultado.

Caráter simbólico
Diferentemente do que ocorreu na Crimeia, os referendos não têm caráter oficial. Esses grupos separatistas não representam o poder constituído, o que dá à consulta um mais caráter simbólico do clima pró-Rússia instaurado na região, mas que pode acirrar ainda mais os ânimos. A península agora controlada pela Rússia, por outro lado, já era uma região autônoma que, embora pertencesse à Ucrânia, possui parlamento próprio, que tinha poder para realizar a consulta em que 96,8% da população votou por trocar a Ucrânia pela Rússia. Assim como não ocorre agora, no entanto, a comunidade internacional não reconheceu a legitimidade dessa opção.

A Ucrânia possui 45 milhões de habitantes, dos quais 16% moram em Donetsk e Luhansk, regiões que concentram as atividades mineradora e industrial do país. Próximas às margens do rio Donets, as atividades de extração de ferro e carvão mineral tornam as localidades uma das mais densamente povoadas da Ucrânia.
Nas duas regiões, rebeldes tomaram vários prédios governamentais. Em 6 de abril, os grupos presentes em Donetsk autoproclamaram uma “república popular independente”. "O referendo é o único meio de evitar a escalada da violência e da guerra", declarou o diretor da comissão eleitoral de Donetsk, Roman Liaguin. "Se a resposta ao referendo for 'sim', isto não significa que nossa região vai unir-se à Rússia", afirmou. A organização montou 1,5 mil postos de votação.
Em Luhansk, cerca de mil manifestantes apoiados por 50 homens armados com fuzis e lança-foguetes invadiram a sede do governo em 29 de março, depois de a administração local não ter libertado outros dissidentes pró-Rússia que haviam sido presos.
Novas eleições na Ucrânia foram marcadas para 25 de maio pelo presidente interino Alexander Turchinov, que assumiu após meses de protestos destituírem o presidente Vykton Yanukovich. Durante o conflito, a Rússia aprovou em 1º de março o envio de tropas à Crimeia sob o pretexto de proteger a população russa que vivia na região. A presença das forças armadas do país intensificaram o movimento separatista que culminou no afastamento definitivo de Kiev e na decisão de se anexar à Rússia.

Nesta sexta-feira (9), Putin foi pela primeira vez à região, onde disse que os acontecimentos restaurava uma “verdade histórica”, em discurso a milhares de habitantes de Sebastopol.

Países da comunidade internacional apoiam a votação na Ucrânia e ameaçam a Rússia com novas sanções se julgarem que há interferência no processo eleitoral.

Mulheres fazem fila para votar em referendo separatista em Donetsk, no leste da Ucrânia, neste domingo (11) (Foto: REUTERS/Baz Ratner) 
Mulheres fazem fila para votar em referendo separatista em Donetsk, no leste da Ucrânia, neste domingo (11) (Foto: REUTERS/Baz Ratner

 

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