3.29.2014

Reinaldo Azevedo escreveu na Revista "Veja": a quem este sujeito serve?



A Venezuela, Dilma, Mujica, o “Porco Fedorento” e um fundamento moral dos esquerdistas: pode matar pessoas nas ruas, desde que sejam as pessoas certas…


A artista gráfica venezuelana Calavera teve um ideia simples, objetiva, clara e eficiente: confeccionou cartazes que lembram o que diziam ontem alguns líderes latino-americanos e o que dizem hoje; o que chamavam, no passado, de “ditadura” e o que chamam, no presente, de democracia. Ainda que haja alguma imperfeição na análise (já explico por quê), as peças são poderosas. Expõem, de maneira desconcertante, a duplicidade moral das esquerdas. As estrelas dos cartazes são os presidentes Dilma Rousseff (Brasil), José “Pepe” Mujica (Uruguai) e Cristina Kirchner (Argentina). Vejam as imagens. Volto em seguida.
Ditadura -democracia - Dilma
Ditadura - democracia - Pepe
Ditadura-Democracia Cristina
Dilma e Mujica são ex-presos políticos. Na sua biografia oficial, consta que combateram a ditadura militar de seus respectivos países. É o passado que aparece em preto e branco, na metade à esquerda da montagem. Vemos ali forças de segurança reprimindo manifestações de rua. O tempo passou, os dois abandonaram a luta armada e se tornaram presidentes da República por intermédio do voto direto. E, ora vejam, são apoiadores incondicionais de uma ditadura, não exatamente militar, mas militaresca.
Que se note: mesmo os regimes militares mais discricionários da América Latina não contaram com milícias civis armadas em larga escala, como as que atuam hoje na Venezuela. Havia, sim, grupos paramilitares assassinos — e isso é lixo político e moral, como sabe qualquer pessoa razoável. Mas tinham um alcance menor do que o esquema montado pelo chavismo na Venezuela. Em 21 anos, a ditadura militar brasileira fez, em números superestimados, 424 vítimas — incluindo os guerrilheiros do Araguaia. Por razões comprovadamente políticas, são 293 as vítimas. Houve tortura, assassinatos, desaparecimentos. Não se trata de dizer se é muito ou pouco. É só absurdo! Quem, já rendido, morreu nas mãos do estado foi vítima de um crime. Mas sigamos. Em pouco mais de um mês — os protestos na Venezuela começaram no dia 4 de fevereiro —, o próprio governo admite que já morreram 28 pessoas.
Não me surpreende: a esquerda sempre soube ser mais letal. Ora, como ignorar que os grupelhos extremistas no Brasil, meia dúzia de gatos pingados, mataram pelo menos 120 pessoas — nessa lista, não estão mortos em combate, não! Essas 120 pereceram em ataques terroristas. E aqui lembro a única imperfeição da arte de Calavera, embora isso não diminua a pertinência do seu trabalho: os que hoje protestam na Venezuela estão, de fato, pedindo democracia. Não era o caso de Dilma. Não era o caso de Mujica. Eles eram terroristas e pretendiam implementar em seus respectivos países uma ditadura comunista.
Assim, a luta do povo venezuelano, hoje, é muito mais moral do que eram a de Dilma e a de Mujica. Eles queriam ditaduras com sinal trocado. A população da Venezuela quer um regime democrático. No passado, era possível repudiar a “luta” da dupla também por bons motivos, Tratava-se do confronto de forças opostas em si, mas combinadas na malignidade. No caso venezuelano, no entanto, não: opor-se às reivindicações da população corresponde a renegar o regime de liberdades públicas. Ou por outra: Dilma e Mujica continuam a se alinhar com a ditadura.

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Imagine qual seria a reação se, em 1974, o general presidente do Brasil Emílio Garrastazu Médici ocupasse a tribuna diante da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, e afirmasse: “Temos que dizer aqui o que é uma verdade conhecida. Torturas, sim! Temos torturado: torturamos e vamos continuar torturando enquanto for necessário”.
Médici seria, justamente, execrado como um ditador. Em dezembro de 1964, porém, o argentino Ernesto Guevara, que, com o apelido de “Che”, ajudou Fidel Castro no triunfo do golpe comunista em Cuba, foi à ONU e confessou: “Nosotros tenemos que decir aquí lo que es una verdad conocida: fusilamientos, sí, hemos fusilado; fusilamos y seguiremos fusilando mientras sea necesario”.
Já se passavam seis anos da tomada do poder pelos comunistas em Cuba, e Guevara confessava que continuava em plena operação e sem data para arrefecer sua máquina de assassinatos políticos na prisão de La Cabaña. Seis anos de execuções sumárias de vítimas que chegavam ao paredão exauridas, pois delas se tirava até parte do sangue para transfusões.
Seis anos, e dissidentes continuavam a ser fuzilados. Guevara foi o único guerrilheiro a matar muito mais gente de mãos atadas e olhos vendados do que em combate — que, ao contrário da lenda, ele evitava ainda mais do que o banho. Qual foi a reação naquele instante em que permaneciam na audiência uma maioria de representantes de países “não-alinhados”, eufemismo para “pró-soviético”? Guevara foi aplaudido por 36 segundos.
No New York Times do dia seguinte, o redator, mesmerizado, fingiu que não ouviu a confissão de assassinato de Guevara, descrito como “versátil”, “economista autodidata” e “revolucionário completo”. A duplicidade ética não é uma exclusividade das esquerdas. Apenas elas são inexcedíveis nesse truque que, apesar de velho, ainda funciona. O ensurdecedor silêncio enquanto jovens mártires venezuelanos são torturados e mortos nas ruas é prova disso.
Para encerrar
Vejam esta foto.
Raúl Castro
Este que está pondo a venda nos olhos do rapaz que vai ser executado é Raúl Castro quando jovem. O tarado moral é hoje presidente de Cuba. Era um dos mais eloquentes na solenidade que marcava um ano da morte de Chávez, há alguns dias. Foi nesse evento que Nicolás Maduro convocou as milícias armadas a sair às ruas.
Não é que esses gênios morais sejam contra matar gente. Eles se opõem a que se matem apenas as pessoas erradas, entenderam?
Por Reinaldo Azevedo

Um comentário:

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

LEU NA VEJA, AZAR O SEU!!!!!!