O lado B de um velho inimigo
Causador de câncer do colo do útero, HPV afeta cada vez mais a garganta
O câncer na região da garganta, antes associado principalmente ao
fumo e ao álcool, tem agora uma outra causa importante, o vírus HPV,
conhecido por provocar tumores de colo de útero. Já se sabia que esse
micro-organismo poderia causar tumores de garganta. O problema é que o
número de casos tem aumentado no Brasil. Segundo especialistas, o avanço
do vírus se deve ao comportamento sexual, principalmente pela prática
de sexo oral sem preservativos. Segundo os médicos, uma das diferenças
do câncer de garganta causado por HPV, em relação aos tumores
relacionados a fumo ou álcool, é a maior chance de cura com
quimioterapia e radioterapia.
Mas este tipo de tumor também aparece mais cedo. Entre pessoas de 40 a 50 anos de idade. Os homens de nível socioeconômico mais elevado são os mais atingidos. No Hospital A.C. Camargo, uma das referências em tratamento de câncer da América Latina, em São Paulo, 80% dos casos deste tipo de tumor são relacionados ao HPV. Nos Estados Unidos, chegam a 30%.
Um recente estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, realizado entre 2003 e 2010, intitulado Genoma do Câncer de Cabeça e Pescoço, mostrou que a prevalência do HPV cresceu de 1% (entre 1998 a 2003) para 6,7% nestes tipos de tumores. A pesquisa considerou dados de 1.475 pacientes que participaram de dois grandes estudos multicêntricos. Todos tinham tumores localizados entre cavidade oral, amígdala, hipofaringe (parte da garganta logo após a amígdala) ou laringe (parte final da garganta, perto do esôfago).
Em exames, os pesquisadores investigaram a presença de alguns anticorpos (E1, E2, E4, E6, E7, L1) para 11 dos quase 200 tipos de HPV existentes. Considerando os resultados apenas para o HPV do tipo 16 — o mais relacionado ao câncer de cabeça e pescoço — 72% dos casos apresentavam o papilomavírus.
— Nas duas últimas décadas, notamos uma inversão. Houve diminuição dos tumores de garganta em relação ao consumo de álcool e tabagismo e um crescimento de casos relacionados ao HPV. Isso pode ser explicado pelo comportamento sexual das pessoas, como o início das relações cada vez mais precoce, o aumento no número de parceiros, além da própria difusão do vírus — explica o oncologista Renan Lira, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço do A.C. Camargo.
Para este ano, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima o surgimento de 9 mil casos novos da doença em cavidade oral em homens e 4.180 para mulheres. No ano passado, outro estudo, realizado pela Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, indicou que uma pessoa infectada com o tipo de vírus associado ao câncer de garganta tem 14 vezes mais chances de desenvolver a doença.
Também foi avaliada nos testes da Faculdade de Saúde Pública da USP a presença de anticorpos para as oncoproteínas E6 e E7, relacionadas à invasão tumoral e à replicação do vírus, respectivamente. Ao analisar a sobrevida dos pacientes, os cientistas observaram que, entre aqueles que apresentaram resultado positivo para o HPV 16 e para a proteína E6, a mortalidade foi 38% menor. Quando o resultado foi positivo para o HPV 16 e para as duas proteínas — E6 e E7 — a redução na mortalidade foi de 66%. A pesquisa revelou também que a presença dos dois tipos de oncoproteínas foi mais frequente entre os pacientes que afirmavam praticar sexo oral.
— Quando causadas pelo HPV, as alterações presentes nas células tumorais são diferentes das relacionadas ao tabagismo. E as respostas são melhores à quimioterapia e à radioterapia. Há casos em que tratamos apenas com radioterapia — observa Lira.
Quando o paciente não fuma nem bebe as chances de cura são ainda melhores, segundo o oncologista.
— O câncer relacionado ao HPV é menos agressivo, quando comparado com os causados por álcool e tabagismo. Agora, se a pessoa que trata o tumor de garganta por HPV fuma, o prognóstico não é o melhor. Fica no chamado estágio intermediário — frisa o médico.
Desde o ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o emprego da vacina contra HPV para homens dos 9 a 26 anos de idade.
Mas este tipo de tumor também aparece mais cedo. Entre pessoas de 40 a 50 anos de idade. Os homens de nível socioeconômico mais elevado são os mais atingidos. No Hospital A.C. Camargo, uma das referências em tratamento de câncer da América Latina, em São Paulo, 80% dos casos deste tipo de tumor são relacionados ao HPV. Nos Estados Unidos, chegam a 30%.
Um recente estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, realizado entre 2003 e 2010, intitulado Genoma do Câncer de Cabeça e Pescoço, mostrou que a prevalência do HPV cresceu de 1% (entre 1998 a 2003) para 6,7% nestes tipos de tumores. A pesquisa considerou dados de 1.475 pacientes que participaram de dois grandes estudos multicêntricos. Todos tinham tumores localizados entre cavidade oral, amígdala, hipofaringe (parte da garganta logo após a amígdala) ou laringe (parte final da garganta, perto do esôfago).
Em exames, os pesquisadores investigaram a presença de alguns anticorpos (E1, E2, E4, E6, E7, L1) para 11 dos quase 200 tipos de HPV existentes. Considerando os resultados apenas para o HPV do tipo 16 — o mais relacionado ao câncer de cabeça e pescoço — 72% dos casos apresentavam o papilomavírus.
— Nas duas últimas décadas, notamos uma inversão. Houve diminuição dos tumores de garganta em relação ao consumo de álcool e tabagismo e um crescimento de casos relacionados ao HPV. Isso pode ser explicado pelo comportamento sexual das pessoas, como o início das relações cada vez mais precoce, o aumento no número de parceiros, além da própria difusão do vírus — explica o oncologista Renan Lira, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço do A.C. Camargo.
Para este ano, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima o surgimento de 9 mil casos novos da doença em cavidade oral em homens e 4.180 para mulheres. No ano passado, outro estudo, realizado pela Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, indicou que uma pessoa infectada com o tipo de vírus associado ao câncer de garganta tem 14 vezes mais chances de desenvolver a doença.
Também foi avaliada nos testes da Faculdade de Saúde Pública da USP a presença de anticorpos para as oncoproteínas E6 e E7, relacionadas à invasão tumoral e à replicação do vírus, respectivamente. Ao analisar a sobrevida dos pacientes, os cientistas observaram que, entre aqueles que apresentaram resultado positivo para o HPV 16 e para a proteína E6, a mortalidade foi 38% menor. Quando o resultado foi positivo para o HPV 16 e para as duas proteínas — E6 e E7 — a redução na mortalidade foi de 66%. A pesquisa revelou também que a presença dos dois tipos de oncoproteínas foi mais frequente entre os pacientes que afirmavam praticar sexo oral.
— Quando causadas pelo HPV, as alterações presentes nas células tumorais são diferentes das relacionadas ao tabagismo. E as respostas são melhores à quimioterapia e à radioterapia. Há casos em que tratamos apenas com radioterapia — observa Lira.
Quando o paciente não fuma nem bebe as chances de cura são ainda melhores, segundo o oncologista.
— O câncer relacionado ao HPV é menos agressivo, quando comparado com os causados por álcool e tabagismo. Agora, se a pessoa que trata o tumor de garganta por HPV fuma, o prognóstico não é o melhor. Fica no chamado estágio intermediário — frisa o médico.
Desde o ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o emprego da vacina contra HPV para homens dos 9 a 26 anos de idade.
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