Moda do treinamento funcional ressuscita velhos perigos e produz mitos de movimentos impossíveis
A trilha dos anos 80 marcava a aeróbica à la Jane Fonda. Nas décadas
seguintes as barras esculpiram músculos e, depois, a qualidade de vida
norteou práticas zen, como ioga e pilates. Atravessando modismos e
descobertas do fitness, as academias têm um novo filão: o treinamento
funcional. Seus entusiastas chegam a defini-lo como a ginástica do
futuro. Mas recente posicionamento do Colégio Americano de Medicina do
Esporte afirma haver poucos estudos para avaliar seus benefícios em
adultos jovens. Além disso, especialistas alertam para algumas
distorções do objetivo e da forma de execução dos movimentos, o que pode
trazer uma série de prejuízos ao corpo.
No treinamento funcional, as máquinas de musculação dão espaço a bolas, elásticos, trampolins, halteres e o chamado bosu, uma espécie de bola cortada ao meio. Movimentos mais livres, com sustentação e equilíbrio do corpo no chão ou em objetos instáveis — como a bola ou o bosu — estão entre seus princípios. Boa parte deles, no entanto, não é novidade e alguns até chegaram a ser banidos das academias na década de 90, como o agachamento a fundo.
— Chegou-se à conclusão de que o agachamento até o calcanhar é arriscado porque aumenta a pressão nos joelhos, que já são frágeis — afirmou o professor de educação física e coordenador da assessoria esportiva Equipe Filhos do Vento, Ricardo Sartorato. — O treinamento funcional trouxe velhos fantasmas com uma nova roupagem.
método deve ser complementar
O professor de educação física Marcelo Cabral diz que exercícios funcionais são utilizados, de forma complementar, nas séries das academias. Mas ele desconfia do resultado da prática destes movimentos num método de treinamento isolado.
— O que era complementar está sendo o todo, o que é complicado — afirma.
Os estudos publicados sobre o tema apontam benefícios em casos específicos. A Associação Americana de Terapia Física informou, em 2010, o resultado positivo na recuperação de lesões do joelho. Outro, no periódico “Bristish Journal of Sports Medicine”, recomenda os exercícios para a prevenção de contusões em adolescentes esportistas.
A ideia principal dos funcionais é ajudar o corpo a enfrentar o envelhecimento, com exercícios que reativem as funções básicas, como andar, subir escada e agachar-se. Além disso, o livro “Functional training for sports”, de 2003, sem tradução para o português e um dos mais famosos sobre o assunto, diz ser um programa mais completo de movimentos e a mais eficiente forma de treinamento.
— Isso é mito. A ideia é bastante sedutora e até parece coerente, mas assim dá a impressão de que outros métodos não trabalham todo o corpo — critica Cabral. — Não há problema nenhum neste tipo de treinamento, desde que seja preservada a segurança. Frequentemente, com a intenção de simular movimentos do cotidiano, são vistos exercícios com amplitudes e posições potencialmente perigosas. Isto é injustificável porque expõe a pessoa ao risco e, pior, sem a certeza de bons resultados.
É preciso ter força, equilíbrio e coordenação
Ainda segundo Cabral, diversos exercícios comumente utilizados no treinamento funcional são úteis quando a pessoa tem um déficit funcional, como, por exemplo, em idosos que já apresentam dificuldade em movimentos do cotidiano ou nos que sofreram lesões articulares e que precisam recuperar a coordenação dos músculos.
Nas academias, o treinamento começou a ser feito no início dos anos 2000 com indivíduos que se recuperavam de contusões, mas rapidamente foi adotado pelos fãs de musculação.
— Este tipo de treinamento trabalha o corpo em superfícies instáveis e deve usar cargas mais baixas. Mas o que acontece é que o modismo leva praticantes a não pensar nos aspectos funcionais. Eles se preocupam com o ganho de massa, com a estética, que precisa de intensidade de carga. Isto é prejudicial ao corpo — explica Ricardo Sartorato.
As séries de funcionais das academias também demandam força, equilíbrio e coordenação motora do praticante. Os iniciantes em atividade física não têm estas habilidades muito desenvolvidas, o que pode levar à prática dos exercícios de forma errada. O resultado é o efeito reverso: eles acabam provocando lesões nas lombares e nos joelhos.
— O que o aluno não vê é que as contusões acontecem por prática repetitiva, demorando às vezes meses ou anos para ocorrer, o que enfraquece a percepção da relação de causa-efeito. Por isso, é difícil convencer alguns alunos a abandonar movimentos perigosos que veem em revistas e programas de TV — alerta Ricardo Sartorato.
No treinamento funcional, as máquinas de musculação dão espaço a bolas, elásticos, trampolins, halteres e o chamado bosu, uma espécie de bola cortada ao meio. Movimentos mais livres, com sustentação e equilíbrio do corpo no chão ou em objetos instáveis — como a bola ou o bosu — estão entre seus princípios. Boa parte deles, no entanto, não é novidade e alguns até chegaram a ser banidos das academias na década de 90, como o agachamento a fundo.
— Chegou-se à conclusão de que o agachamento até o calcanhar é arriscado porque aumenta a pressão nos joelhos, que já são frágeis — afirmou o professor de educação física e coordenador da assessoria esportiva Equipe Filhos do Vento, Ricardo Sartorato. — O treinamento funcional trouxe velhos fantasmas com uma nova roupagem.
método deve ser complementar
O professor de educação física Marcelo Cabral diz que exercícios funcionais são utilizados, de forma complementar, nas séries das academias. Mas ele desconfia do resultado da prática destes movimentos num método de treinamento isolado.
— O que era complementar está sendo o todo, o que é complicado — afirma.
Os estudos publicados sobre o tema apontam benefícios em casos específicos. A Associação Americana de Terapia Física informou, em 2010, o resultado positivo na recuperação de lesões do joelho. Outro, no periódico “Bristish Journal of Sports Medicine”, recomenda os exercícios para a prevenção de contusões em adolescentes esportistas.
A ideia principal dos funcionais é ajudar o corpo a enfrentar o envelhecimento, com exercícios que reativem as funções básicas, como andar, subir escada e agachar-se. Além disso, o livro “Functional training for sports”, de 2003, sem tradução para o português e um dos mais famosos sobre o assunto, diz ser um programa mais completo de movimentos e a mais eficiente forma de treinamento.
— Isso é mito. A ideia é bastante sedutora e até parece coerente, mas assim dá a impressão de que outros métodos não trabalham todo o corpo — critica Cabral. — Não há problema nenhum neste tipo de treinamento, desde que seja preservada a segurança. Frequentemente, com a intenção de simular movimentos do cotidiano, são vistos exercícios com amplitudes e posições potencialmente perigosas. Isto é injustificável porque expõe a pessoa ao risco e, pior, sem a certeza de bons resultados.
É preciso ter força, equilíbrio e coordenação
Ainda segundo Cabral, diversos exercícios comumente utilizados no treinamento funcional são úteis quando a pessoa tem um déficit funcional, como, por exemplo, em idosos que já apresentam dificuldade em movimentos do cotidiano ou nos que sofreram lesões articulares e que precisam recuperar a coordenação dos músculos.
Nas academias, o treinamento começou a ser feito no início dos anos 2000 com indivíduos que se recuperavam de contusões, mas rapidamente foi adotado pelos fãs de musculação.
— Este tipo de treinamento trabalha o corpo em superfícies instáveis e deve usar cargas mais baixas. Mas o que acontece é que o modismo leva praticantes a não pensar nos aspectos funcionais. Eles se preocupam com o ganho de massa, com a estética, que precisa de intensidade de carga. Isto é prejudicial ao corpo — explica Ricardo Sartorato.
As séries de funcionais das academias também demandam força, equilíbrio e coordenação motora do praticante. Os iniciantes em atividade física não têm estas habilidades muito desenvolvidas, o que pode levar à prática dos exercícios de forma errada. O resultado é o efeito reverso: eles acabam provocando lesões nas lombares e nos joelhos.
— O que o aluno não vê é que as contusões acontecem por prática repetitiva, demorando às vezes meses ou anos para ocorrer, o que enfraquece a percepção da relação de causa-efeito. Por isso, é difícil convencer alguns alunos a abandonar movimentos perigosos que veem em revistas e programas de TV — alerta Ricardo Sartorato.
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