7.13.2013

Infecção urinária

Um terço das mulheres sofre de infecção urinária recorrente

Ardência na hora de urinar, dor abdominal e sangramento podem ser sinais de infecção urinária Foto: Getty Images
Ardência na hora de urinar, dor abdominal e sangramento podem ser sinais de infecção urinária
Foto: Getty Images
Quase 80% das mulheres terão algum episódio de infecção urinária na vida e cerca de um terço delas pode desenvolver infecção urinária de repetição, que significa que a paciente teve ao menos dois episódios nos últimos seis meses ou três durante o ano. Essa é a conclusão apresentada pelo Centro de Referência em Saúde do Homem, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que também atende ao público feminino. Segundo o urologista Marcelo Pitelli, as filhas de mulheres que sofrem com o problema estão mais suscetíveis a desenvolver a doença.  

A infecção urinária é mais comum em mulheres, pois a uretra feminina é mais curta e próxima ao ânus do que a dos homens, o que potencializa o risco da passagem de bactérias do ânus para a viagem. Outros fatores de risco também envolvem alterações da flora vaginal durante a gestação, questões hormonais, diabetes, imunodepressão e questões genéticas. Além de doenças crônicas, a atividade sexual intensa pode aumentar as chances de desenvolver a doença.

Os principais sintomas da infecção urinária são ardência e dor ao urinar, dor na região mais baixa do abdômen, aumento do ritmo para urinar, sangue e odor forte na urina. Nas mulheres com diabetes os sintomas podem não aparecer.

“É necessário que, ao perceber esses sinais, a mulher procure um urologista para ter um diagnóstico adequado, pois a infecção urinária de repetição tem tratamento”, explica o médico. Marcelo ainda ressalta que, quando a doença não é tratada corretamente, as bactérias podem subir para o rim e gerar várias complicações como infecção generalizada, que pode até levar ao óbito.

Aprenda cuidados para evitar infecção urinária:

1. Aumentar a ingestão de água para pelo menos um litro e meio por dia. 2. Fazer a higiene íntima sempre no sentido da frente para trás para evitar a contaminação com bactérias. 3. Cuidar da alimentação para evitar prisão de ventre, que potencializa o risco de contaminação. 4. Evitar manter a bexiga cheia, urinando pelo menos uma vez a cada quatro horas (exceto à noite). 5. Higienizar a área íntima antes da relação sexual. E após, urinar para expulsar as bactérias que possam ter penetrado na uretra e na bexiga. 

Infecção urinária: tire 10 dúvidas sobre o problema

A infecção urinária é mais comum entre as mulheres Foto: Getty Images
A infecção urinária é mais comum entre as mulheres
Foto: Getty Images
Fazer xixi o tempo todo é motivo de alerta? É possível transmitir infecção urinária sexualmente? Por que o problema é mais comum entre as mulheres? Se você não sabe responder algumas dessas perguntas, mantenha a calma! As causas, sintomas e tratamentos da infecção urinária ainda geram dúvidas, mas acredite, o problema é mais frequente do que se imagina. “É a infecção mais comum no ser humano. Perde apenas para as gripes, que são causadas por vírus e não bactérias”, explica o urologista Conrado Alvarenga, do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

Para tirar suas dúvidas sobre esse tipo de infecção, o Terra respondeu dez perguntas corriqueiras com a ajuda de Conrado e dos urologistas Adriano Cardoso Pinto, do Hospital São Camilo de São Paulo, e de Milton Skaff Junior, da Beneficência Portuguesa. Confira a seguir.

O que causa a infecção urinária?
A infecção urinária é a presença de bactérias no trato urinário, que vem acompanhada de alguns sintomas incômodos. Quando essa infecção acomete a bexiga é chamada de cistite e quando afeta os rins, pielonefrite. No geral, o problema é causado principalmente por germes vindos do intestino. Tanto que, segundo o urologista Milton Skaff Junior, em 85% dos casos, o problema é provocado por uma bactéria intestinal chamada Escherichia coli.


Pode ser transmitida sexualmente?
De acordo com o urologista Adriano Cardoso Pinto, a causa mais comum da infecção urinária não é a transmissão sexual, mas sim uma transmissão ambiental. Ainda assim, vale tomar cuidado. “Mesmo que a transmissão por via sexual seja menos frequente, é preciso lembrar que toda vez em que existir uma bactéria em um dos parceiros, ela pode ser transmitida sexualmente. Se alguém tiver uma infecção urinária com um germe chamado clamídia, por exemplo, ela pode sim comprometer a via urinária e sexual”, alertou.


Existem pessoas com predisposição a ter infecções urinárias?
Sim. Há vários motivos que podem facilitar esse problema. Segundo o urologista Milton Skaff Junior, é preciso ficar atento com casos na família, já que os fatores hereditários aumentam as possibilidades, além da baixa resistência e doenças como aids, diabetes e câncer, que também são agravantes. “Outros fatores que estão associados à infecção urinária são uso de espermicidas, múltiplos parceiros, cálculo urinário, resíduo urinário elevado e uso de sondas urinárias”.


Quais são os sintomas?
Dependendo do quadro da infecção, os sintomas podem variar. “Quando a infecção é inicial e só acomete a bexiga, os sintomas são ardência para urinar, aumento da frequência de ir ao banheiro urinar e urgência para urinar. Estes sintomas são típicos da cistite, ou seja, a infecção urinária que acomete apenas a bexiga e não os rins. Quando uma cistite se transforma em uma pielonefrite, ou seja, a infecção no rim, os sintomas são mais fortes e o quadro mais sério e potencialmente grave. Geralmente há febre, vômitos, dores nas costas e o estado geral fica muito comprometido”, explica o urologista Conrado Alvarenga.


Como é feito o diagnóstico?
A partir do momento em que o paciente apresentar sintomas da infecção urinária e tiver suspeitas do problema, é recomendado procurar um médico. No geral, o diagnóstico é feito por meio do exame de urina, que mostra a quantidade de germes presentes no trato urinário.


Por que a infecção urinária é mais comum entre as mulheres?
Aproximadamente 15% ou 20% dos casos de infecção urinária são em homens e 80% afetam as mulheres, segundo o urologista Adriano Cardoso Pinto. E isso acontece porque o principal reservatório de bactérias do organismo é o intestino. “Como o ânus é muito próximo da vagina, essa região pode acabar colonizada com bactérias que acabam no sistema urinário. A distância entre o ânus e a vagina é muito menor que o ânus e o canal da uretra no pênis. E esse é o principal fator que diminui os riscos de infecção urinária nos homens”, explicou.


Qual o tratamento para a infecção urinária?
Normalmente, o tratamento é feito com antibióticos e a escolha deve ser baseada no resultado do exame de urina. Nos casos mais leves, o medicamento pode ser ingerido por via oral. Já nos mais graves, devem ser administrados na veia.


O que acontece quando a infecção urinária não é tratada?
Quando não tratada, a infecção tende a evoluir. “Uma infecção urinaria simples, como uma cistite, quando não tratada adequadamente ou no tempo certo, pode se transformar em uma pielonefrite, que pode gerar um quadro de infecção generalizada, conhecido como sepse. Além disso pode levar a formação de abscessos no rim”, alertou Conrado Alvarenga.


Como evitar a infecção urinária?
Apesar de alguns fatores contribuírem para o surgimento da infecção urinária, é possível prevenir o problema com algumas medidas. “As principais dicas são beber muita água - de forma que a urina saia de forma límpida -, urinar depois da relação sexual, não segurar urina por muito tempo e caso este seja um problema recorrente, procurar um urologista para investigar outros fatores que possam estar relacionados a infecção urinária de repetição”, aconselha Milton Skaff Junior.


O urologista Conrado Alvarenga também indica ter uma boa qualidade de vida. “Manter a imunidade preservada também é muito importante, com boa alimentação, bom sono e menos estresse. Aquelas que sempre têm infecção após o ato sexual recomendamos um comprimido de antibiótico em dose baixa sempre após o sexo”, disse.

Vale lembrar que é fundamental ter uma boa higiene para as bactérias não entrarem em contato com a uretra e nunca ter relações sexuais anais sem preservativo.

É verdade que a infecção pode causar alucinação em idosos?
De um modo geral, pessoas com mais idade respondem de maneiras diferentes que adultos e crianças aos processos infecciosos. “É comum que idosos não tenham febre com infecções, por exemplo. O idoso com infecção urinária fica mais frágil. Se ele tiver alguma alteração cerebral, pode desencadear em alguma alucinação, mas isso não faz parte da infecção. É apenas uma reação diferente do organismo”, disse Adriano Cardoso Pinto.


Terra

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