Processo envolvendo a Globo poderá ser enviado ao Congresso
Fiscal alega ter processos sumidos da Receita, comprovando que emissora lavou dinheiro no exterior
O sumiço de alguns processos
do prédio da Receita Federal às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais
de 2006, caso até hoje não esclarecido, pode vir à tona com informações bombásticas
contra a Rede Globo. Um
auditor fiscal aposentado promete entregar nos próximos dias, ao Congresso
Nacional, os mais de 10 mil volumes originais que compõem os documentos desaparecidos
dos arquivos da Receita daquela época. Os processos, nas esferas civil e criminal, incriminam
a Rede Globo por sonegação, lavagem de dinheiro e em ações contra o sistema
financeiro. As Organizações Globo emitiram comunicado afirmando que as denúncias são falsas.
O
auditor não identificado, segundo informações publicadas pelo
jornalista Amaury Ribeiro Júnior, revela que está sofrendo ameaças de
morte e aguarda o momento
certo para entregar em segurança os processos ao Congresso. Um segundo
auditor,
que também participou das investigações contra a Globo e não quer se
identificar, confirmou as informações do seu colega de profissão.
Segundo ele, um
dos investigadores da auditoria foi contratado pela emissora para fazer a
“Operação
Limpeza” e depois ele teria tentado levar vantagens financeiras com as
informações privilegiadas, mas nos meses seguintes ele sofreu um grave
atentado
e passou a viver escondido. Os processos que nunca chegaram à Justiça
revelam
as transações da Globo nos Paraísos Fiscais, com detalhes da utilização
de
empresas na Ilhas Virgens Britânicas para pagar à Fifa pelos direitos de
transmissão da Copa de 2002. A emissora, ao invés de enviar a quantia
dos
serviços através do Banco Central, recorreu a uma rede de doleiros
comandada
por Dario Messer, conhecido por lavar dinheiro de Rodrigo Silveirinha e
líder
da máfia dos fiscais do Rio de Janeiro, preso em 2003.
A emissora
emitiu uma nota na noite desta terça (09/07), considerando falsas as
acusações de Amaury Ribeiro Jr. Segundo a Globo, quanto aos direitos de
transmissão da Copa de 2002, a empresa os adquiriu e em 16 de outubro de
2006 "a emissora foi autuada pela Receita Federal, que entendeu que o
negócio se deu de maneira a reduzir a carga tributária da aquisição". A
emissora recorreu da decisão do órgão, ainda de acordo com a nota, e
suas defesas foram rejeitadas. Dias após, a empresa foi comunicada de
que os autos do processo administrativo haviam extraviados na Receita
Federal e contribuiu enviando para a RF as originais dos processos. No
comunicado, a Globo nega conhecer a funcionária da Receita que foi
indiciada criminalmente por extraviar os processos. Quanto às acusações
na imprensa, a Globo afirma que vai tomar as medidas judiciais cabíveis.
Amaury Ribeiro revela que a
alta cúpula da Receita Federal tentou abafar os escândalos provocados com o
desaparecimento dos processos, gerando processos clonados com numeração
diferente dos documentos iniciais. A fonte revela até a primeira numeração: 18.470011261/2006-14.
Uma outra fonte, do alto escalão da Receita, contou que o sumiço dos processos
aconteceu logo depois do auditor Alberto Zile solicitar a abertura de processos
civil e criminal contra as Organizações Globo. Na verdade, essa era uma manobra
criada para prescrever os crimes cometidos pela emissora e teve sucesso anos
depois. O processo civil, por exemplo, foi montado com falhas grotescas, com o
intuito de dar nulidade processual.
O funcionário do órgão explicou como o
cidadão comum pode comprovar que algo de errado está acontecendo nas salas mais
reservadas da Receita. Basta acessar o
site do Ministério da Fazenda e fazer a consulta aberta aos processos,
colocando a numeração fornecida por ele. Ambos estão parados na Delegacia
Fazendária do Rio desde 2006 e a Globo não chegou a recorrer ao Conselho
Nacional de Contribuintes, segundo a fonte, pois não consta nenhum registro da
emissora nas consultas processuais do Comprot.
Na íntegra, a nota emitida pela emissora:
Como
é de conhecimento público, a Globo Comunicação e Participações adquiriu
os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002. Em 16/10/2006, a
emissora foi autuada pela Receita Federal, que entendeu que o negócio se
deu de maneira a reduzir a carga tributária da aquisição.
Em
29/11/06, a empresa apresentou sua defesa junto às autoridades, fundada
em sua convicção de que não cometeu qualquer irregularidade, tendo
apenas escolhido uma forma menos onerosa e mais adequada no momento para
realizar o negócio, como é facultado pela legislação brasileira a
qualquer contribuinte.
No dia 21/12/06, a defesa da Globo foi
rejeitada pelas autoridades. Alguns dias depois da sessão de julgamento,
para sua grande surpresa, foi a Globo informada de que os autos do
processo administrativo se extraviaram na Receita Federal. Iniciou-se,
então, a restauração dos autos, como ocorre sempre nos casos de extravio
de processos. A empresa agiu de forma voluntária, fornecendo às
autoridades cópias dos documentos originais, tornando com isso possível a
completa restauração e o prosseguimento do processo administrativo.
Em
11/10/07, a empresa foi intimada da decisão desfavorável, apresentando
recurso em 09/11/07. No dia 30/11/09, a Globo tomou a decisão de aderir
ao Refis (Programa de Recuperação Fiscal) e realizar o pagamento do
tributo nas condições oferecidas a todos os contribuintes pelo Fisco. O
pagamento foi realizado no dia 26/11/09, tendo a empresa peticionado às
autoridades informando sua desistência do recurso apresentado (o que
ocorreu em 4/02/10).
Diante das informações mentirosas que
circularam nesta terça-feira, a Globo Comunicação e Participações
esclarece que soube, apenas neste dia 09/07, que uma funcionária da
Receita Federal foi processada e condenada criminalmente pelo extravio
do processo. A Globo Comunicação e Participações não é parte no
processo, não conhece a funcionária e não sabe qual foi sua motivação.
O
relato acima contém todas as informações relevantes sobre os fatos em
questão que são do conhecimento da empresa. A Globo Comunicação e
Participações reitera, ainda, que não tem qualquer dívida em aberto com a
Receita. Como ocorre com qualquer grande empresa, a Globo Comunicação e
Participações questiona autuações que sofreu, na via administrativa ou
na judicial, o que é facultado a todos os contribuintes.
A Globo
Comunicação e Participações reafirma, ainda, acreditar que as
autoridades competentes investigarão o vazamento de dados sigilosos. A
empresa tomará as medidas judiciais cabíveis contra qualquer acusação
falsa que lhe seja dirigida.
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