7.10.2013

Narcolepsia, burnout e ELA ocorrem por descompasso de corpo e cérebro

Conheça melhor essas doenças que causam alterações no sistema nervoso.
Entenda também as principais diferenças entre narcolepsia e sonambulismo.

Do G1, em São Paulo
7 comentários
Algumas doenças aparecem quando há um descompasso entre o corpo e o cérebro. É o caso da narcolepsia, da síndrome de burnout e da esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Na narcolepsia, a pessoa adormece de repente, em qualquer lugar onde estiver. Isso ocorre pela falta de uma proteína que nos deixa em alerta durante o dia, segundo explicam os neurologistas Andrea Bacelar e Francisco Rotta.
Os cinco sinais clássicos da narcolepsia são: sonolência durante o dia, alucinações, paralisia do sono (quando a pessoa não consegue sair da cama), sono fragmentado, e sono imediato e profundo após rir, levar um susto ou ter alguma outra alteração brusca de emoções.
Estima-se que 150 mil brasileiros tenham narcolepsia, uma causa importante de afastamento do trabalho no país.
Narcolepsia x sonambulismo
Todas as noites, temos de quatro a seis ciclos de sono, cada um dividido em três fases: sonolência, sono leve e sono profundo (REM). Cada um desses períodos até o sono em que o indivíduo realmente começa a sonhar leva, em geral, cerca de 1h30.
A narcolepsia ocorre quando a pessoa entra em sono REM ainda no período de vigília, ou seja, quando estava acordada. O distúrbio não tem cura, mas pode ser controlado.
Já o sonambulismo ocorre entre a vigília e o sono leve. Os principais sintomas são: movimentos motores (mover-se, levantar-se da cama), falar e até participar de atividades como dirigir, cozinhar, etc. Nesses indivíduos, áreas do cérebro que deveriam estar inativas à noite continuam acionadas.
Escala de sonolência de Epworth
Veja qual a sua chance de cochilar em cada uma dessas situações e some os pontos:
- Chance: Nenhuma (0)  Pequena (1)  Moderada (2)  Alta (3)
•          Sentado e lendo
•          Assistindo TV
•          Sentado quieto em um lugar público, sem atividade (sala de espera, cinema, teatro, reunião)
•          Sentado em um trem, carro ou ônibus durante uma hora
•          Deitado para descansar à tarde, quando as circunstâncias permitem
•          Sentado ou conversando com alguém
•          Sentado calmamente após o almoço, sem ter bebido álcool
•          Dentro do carro, enquanto para por alguns minutos no trânsito intenso
Pontuação:
Até 9 - normal (ausência de sonolência)
De 10 a 14 - sonolencia leve
De 15 a 20 - sonolência moderada
De 21 a 24 - sonolência grave
Burnout
A síndrome de burnout é um transtorno mental que leva à ou exaustão emocional (estafa) no trabalho, e está associado principalmente a funções que envolvem muito idealismo e dedicação. Também pode acontecer com alguém que esteja passando por uma demissão, por exemplo.
Essa é uma das principais causas de afastamento do serviço por professores, assistentes sociais e profissionais da saúde. Melhorar o ambiente profissional, reduzir a competitividade ao estabelecer metas coletivas em vez de individuais, valorizar mais o desempenho do grupo e reduzir a intensidade do trabalho são dicas que ajudam a evitar o burnout, segundo o psiquiatra Daniel Barros.
ELA
Outra doença abordada no Bem Estar desta terça-feira (9) foi a esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa dos neurônios motores (responsáveis pelos movimentos) que compromete os músculos e atinge 12 mil pessoas no Brasil.
É um problema sem causa conhecida, mas apenas 10% dos casos têm algum fator hereditário envolvido. A ELA – da qual sofre o físico britânico Stephen Hawking há 50 anos – faz com que o cérebro deixe de comandar o corpo e pode até impedir a respiração. É geralmente confundida com esclerose múltipla (doença inflamatória), doenças reumatológicas ou ortopédicas.
De acordo com os médicos, quanto mais cedo todas essas doenças forem diagnosticadas, melhor é o tratamento – para cura ou controle – e mais chances a pessoa tem de manter a qualidade de vida.
No caso da ELA, o diagnóstico demora em média 11 meses no Brasil e em países como os EUA. Isso porque essa é uma doença de difícil detecção, pois não existe nenhum exame de laboratório que indique alguma substância no sangue ou outro marcador com precisão.
É fundamental, portanto, que os próprios médicos e pacientes fiquem alerta para investigar a possibilidade de ser ELA caso o doente sinta fraqueza e atrofia musculares. As pessoas costumam buscar ajuda primeiro nos ortopedistas, que podem não suspeitar da doença por estarem focados nos problemas da sua especialidade.
O remédio usado por pacientes com ELA, oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS), ajuda a retardar o processo degenerativo, mas hoje, infelizmente, a maioria dos casos só recebe tratamento quando 50% dos neurônios motores já morreram.

Nenhum comentário: