Sentido importante para o
desenvolvimento, os problemas de audição podem ser reconhecidos cedo -
para então ser iniciado o tratamento correto.
Ter a
audição normal é um fator importante
para o desenvolvimento adequado da fala e linguagem nas
crianças. Alterações auditivas, mesmo
que pequenas e transitórias, podem estar associadas a
distúrbios da fala e do aprendizado – e
é preciso muita atenção dos pais para
que esse quadro seja tratado desde cedo.
“A
estimulação do ouvido é importante
também para a interação da
criança com o meio. O mecanismo de
aquisição da linguagem aparece muito antes de
o aparecimento da própria linguagem. A criança
já nasce com a capacidade de escutar, e é a
partir deste momento que a sua linguagem começa a se
desenvolver. A estimulação auditiva é
importante para isso”, explica a Dra.
Rita de Cássia Cassou Guimarães,
Otorrinolaringologista e Otoneurologista de Curitiba,
PR.
A especialista
comenta que quanto mais cedo for identificado o tipo de
perda auditiva e iniciado o tratamento, menores serão
as sequelas. “Para se ter uma idéia do que
ocorre ainda hoje, a média mundial de
diagnóstico precoce da deficiência auditiva
está entre os dezoito e trinta meses, mesmo nos
países que adotam programas de detecção
precoce desta, o que reforça a importância do
'teste da orelhinha' como triagem auditiva já ao
nascimento”, ressalta Rita. Ou seja, mesmo os
países mais desenvolvidos, ainda estão se
adaptando a examinar a audição dos pequenos de
forma mais precoce.
Porém, os
pais e responsáveis têm um papel essencial em
descobrir se a criança possui algum problema
auditivo. “Quanto mais atentos e cuidadosos forem os
pais, mais cedo a possível deficiência
será investigada”, explica a médica. As
manifestações do problema auditivo variam de
acordo com a idade da criança. “Antes dos
três anos, por exemplo, as queixas normalmente
são ligadas ao atraso no aparecimento da fala. Se a
criança realmente tiver algum problema auditivo,
esses distúrbios da fala serão evidentes
após os três anos,”
ressalta.
A doutora lembra
que cada criança desenvolve a fala em seu
próprio ritmo, mas alterações
grosseiras muitas vezes são interpretadas
erroneamente pela família como "peculiaridades da
criança" ou como "distúrbios
transitórios que desaparecerão com o tempo".
“É preciso tomar cuidado com isso, pois,
após os seis anos, no período de
alfabetização, começam a aparecer os
distúrbios do aprendizado” relata.
Existem alguns
fatores de risco que podem facilitar o aparecimento de
problemas auditivos na criança, como, por exemplo, o
histórico familiar – como a presença de
doenças hereditárias associada a surdez na
família, - as má formações
congênitas – sejam elas ligadas ao aparelho
auditivo ou outras síndromes envolvendo
malformações da face ou sistema nervoso,
– infecções congênitas –
como rubéola, citomegalovírus, toxoplasmose,
sífilis e herpes, - doenças perinatais (como
prematuridade, utilização de
antibióticos ototóxicos, etc) e
pós-natais, como meningite bacteriana e outras
doenças neurológicas.
A doutora
também lembra que qualquer infecção
materna na gestação é considerada um
fator de risco, e que, passada essa fase, é preciso
manter os cuidados para que a criança não
adquira nenhum problema auditivo com o passar do tempo.
“Sabe-se que pelo menos 2/3 de todas as
crianças apresentam, pelo menos um episódio de
otite média até os cinco anos de idade.
Portanto, o alerta dos pais deve continuar sempre ligado, e
o médico deve ser procurado caso ocorra qualquer
problema” conclui Rita.
Dra. Rita de Cássia
Cassou Guimarães (CRM 9009)
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