SÃO PAULO - No pacote de medidas anunciadas anteontem para a
saúde, a presidente Dilma Rousseff deixou de fora uma questão crucial: o
que pretende fazer para melhorar a qualidade dos alunos em medicina e
dos próprios médicos que atuam hoje no país?
Há sete anos o "provão" criado pelo Cremesp (Conselho Regional de
Medicina de São Paulo) mostra que mais de 50% dos formandos em medicina
não têm domínio de áreas básicas para exercer a profissão.
O fraco desempenho dos alunos é explicado por vários fatores, en- tre
eles a estrutura deficiente das faculdades, a péssima avaliação interna
dos alunos e a falta de punição às escolas ruins.
Por meio do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), o
governo federal sabe quais são as faculdades de baixa qualidade, mas
pouco ou nada faz para impedir que elas continuem despejando no mercado
maus profissionais.
Médicos malformados representam um risco ao paciente e aos sistemas de saúde. Pedem exames demais e enxergam o doente de menos.
O governo estufa o peito para dizer que seguirá o modelo inglês na
formação dos médicos, no que diz respeito aos dois anos de treinamento
no sistema público de saúde.
Só se esquece de frisar que o cidadão inglês não fica nas mãos de um
recém-formado sem supervisão de um tutor. O "estágio" é com o intuito de
aprendizado, não é para "tapar buraco" na rede básica de saúde ou nos
serviços de emergência.
O Reino Unido também adota uma avaliação externa periódica dos futuros
médicos e toma para si a responsabilidade de aferir a competência deles
antes que cheguem ao mercado.
É o mínimo que se espera do Brasil, que diz querer investir na formação
de "especialistas em gente", que nada mais são do que "médicos das
antigas" (como diziam nossas avós), aqueles que, com exame físico
apurado e um bom dedo de prosa, conseguiam acertar o diagnóstico.
Cláudia Collucci é repórter especial da Folha,
especializada na área da saúde. Mestre em história da ciência pela
PUC-SP e pós graduanda em gestão de saúde pela FGV-SP, foi bolsista da
University of Michigan (2010) e da Georgetown University (2011), onde
pesquisou sobre conflitos de interesse e o impacto das novas tecnologias
em saúde.
Comentario: Essa criança com este belo currículo certamente nunca teve problema de especialização pois se especializou-se em universidades estrangeiras. A realidade brasileira é outra. O grande problema é a critica sem soluções práticas.(boaspraticasfarmaceuticas)
Comentario: Essa criança com este belo currículo certamente nunca teve problema de especialização pois se especializou-se em universidades estrangeiras. A realidade brasileira é outra. O grande problema é a critica sem soluções práticas.(boaspraticasfarmaceuticas)
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