Dieta que restringe o consumo de alimentos que contêm a proteína conquista cada vez mais adeptos com a promessa de emagrecimento rápido e saudável
Monique Oliveira
BELEZA
Juliana Paes limitou a ingestão do composto e sentiu melhora no metabolismo
A lista de seguidores famosos é longa. No Brasil, celebridades do
porte de Juliana Paes, Luciana Gimenez, Camila Morgado e Alice Braga. Lá
fora, gente do calibre das atrizes Halle Berry, Rachel Weisz e Miley
Cyrus. Todas aderiram à dieta do glúten, a mais nova febre entre quem
pretende emagrecer e manter a silhueta desejada. Só nos Estados Unidos,
cerca de 1,6 milhão de pessoas estão seguindo o regime, de acordo com
levantamento recente realizado pela Clínica Mayo, prestigiada
instituição de pesquisa daquele país. Os relatos de sucesso de quem se
submeteu a esse método alimentar são impressionantes: dão conta da perda
de cinco quilos já na primeira semana e até 15, 20 e 30 quilos meses
depois. A apresentadora Luciana Gimenez, por exemplo, comemora cerca de
32 quilos a menos depois de aderir à restrição do glúten e aliar a
estratégia a uma rotina intensa de exercícios. “Deu para perceber a
diferença de resultado em relação a outros regimes”, conta. Juliana Paes
reduziu a ingestão da substância depois do nascimento do filho, Pedro. A
tática a ajudou a voltar à bela forma – e a mantê-la. “Comecei na época
em que o estava amamentando”, conta. “Senti que melhorou muito o meu
metabolismo, deixando-o mais acelerado, e também observei que diminuiu a
sensação de inchaço e desconforto abdominal”, disse.Juliana Paes limitou a ingestão do composto e sentiu melhora no metabolismo
RESULTADO
A apresentadora Luciana Gimenez perdeu 32 quilos após iniciar
o regime e encarar um plano intensivo de exercícios físicos
Há algumas explicações para o êxito desse plano alimentar. A primeira
é a mais óbvia: as pessoas emagrecem porque, ao riscar do cardápio os
alimentos que contêm glúten, deixam de comer pães, bolos e massas
brancas. Desse modo, não ingerem mais uma enorme quantidade de calorias.
“Grande parte desses alimentos é bastante calórica”, explica Vânia
Assaly. A segunda razão – e as outras também – é mais complexa. A
proteína está associada a reações de intolerância. A mais intensa
desenha um quadro conhecido como doença celíaca. Trata-se de uma
resposta genética grave ao composto que pode deflagrar diarreia crônica,
desnutrição, fadiga e, em crianças, também pode levar a distúrbios do
crescimento. “É uma reação do sistema imunológico. Um anticorpo é criado
contra o glúten”, explicou à ISTOÉ o gastroenterologista Joe West, da
Universidade de Nottingham, no Reino Unido (leia mais no quadro à pág.
86). Estima-se que um a cada 214 brasileiros seja portador da
enfermidade. A atriz Isis Valverde, 25 anos, descobriu que tinha a
doença aos 19 anos. “Sentia dores abdominais, tontura, boca seca e perdi
cabelo”, diz. Desde que tirou o glúten do cardápio, não manifesta mais
os sintomas.A apresentadora Luciana Gimenez perdeu 32 quilos após iniciar
o regime e encarar um plano intensivo de exercícios físicos
Intolerância desde o nascimento
O médico cirurgião Gustavo Mattos, 31 anos, de São Caetano do Sul, é celíaco.
Embora esteja bem adaptado e nunca fuja da dieta, ainda sofre para encontrar
pratos livres do composto em restaurantes. “Os funcionários não sabem
informa os clientes sobre esse tema. Falta informação.”
De acordo com o endocrinologista Tércio Rocha, entretanto, não
ingerir glúten traz benefícios para a silhueta de todos, intolerantes à
proteína ou não. “As pessoas apresentam redução do inchaço abdominal,
observam melhora no funcionamento do intestino e também têm diminuição
da compulsão alimentar”, assegura. Este último benefício seria resultado
da baixa ingestão de carboidratos vindos de alimentos produzidos com
farinha de trigo não integral – pães e massas brancas, por exemplo. Por
mecanismos complexos, essa categoria de alimentos agrava o impulso de
comer além da conta. Há também indicações de que a ausência da proteína
na dieta promoveria mudanças no perfil metabólico que favoreceriam a
queima calórica e elevariam a sensação de saciedade. Sobre esse ponto,
porém, não há consenso médico. “A literatura científica não descreve
essas interações”, ressalva o endocrinologista Freddy Goldberg, do
Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.O médico cirurgião Gustavo Mattos, 31 anos, de São Caetano do Sul, é celíaco.
Embora esteja bem adaptado e nunca fuja da dieta, ainda sofre para encontrar
pratos livres do composto em restaurantes. “Os funcionários não sabem
informa os clientes sobre esse tema. Falta informação.”
CUIDADO
A atriz Isis Valverde é portadora de doença celíaca. Por isso, não ingere mais a substância
Embora um dos maiores apelos da dieta seja a perda de peso, a
restrição do nutriente é vista como uma maneira de melhorar a saúde de
um modo mais amplo. Há muitos registros na ciência dando conta da
associação da proteína com várias doenças. Um estudo da Universidade
Karolinska, em Estocolmo, Suécia, por exemplo, relaciona o ingrediente à
piora da artrite reumatoide, doença que deflagra um processo
inflamatório crônico sobre as articulações. “Há evidências de que a
saúde pode se beneficiar de mudanças alimentares e a dieta livre de
glúten é uma delas”, disse o reumatologista Johan Frostegärd, da
universidade sueca. Ele comprovou os benefícios do regime em pacientes
que sofrem de artrite reumatoide.A atriz Isis Valverde é portadora de doença celíaca. Por isso, não ingere mais a substância
Cardápio familiar
O casal Rosa Araújo, 34 anos, e Marco Alberto Silva, 43, mudou as refeições da
família por conta do sobrepeso de Silva, que chegou a 126 quilos. Agora, não há
mais alimentos com glúten. Com o regime e uma rotina pesada de exercícios de duas a três
horas por dia, o empresário perdeu 38 quilos. Rosa acabou adotando a estratégia. Eles também
fornecem a mesma alimentação à filha Olívia, 3 anos. “É mais saudável”, explica Rosa
A ingestão do glúten está ainda vinculada à ocorrência de depressão,
dores de cabeça e déficit de atenção. As pesquisas dão como hipótese
mais provável para a relação entre a proteína e as doenças o processo
inflamatório desencadeado pelo composto. Na opinião da nutricionista
Lucyanna Kalluf, são os resultados em vários aspectos da saúde que
acabam fazendo com que as pessoas mantenham a dieta. “Elas melhoram
tanto que não querem mais voltar a ingerir a proteína.”O casal Rosa Araújo, 34 anos, e Marco Alberto Silva, 43, mudou as refeições da
família por conta do sobrepeso de Silva, que chegou a 126 quilos. Agora, não há
mais alimentos com glúten. Com o regime e uma rotina pesada de exercícios de duas a três
horas por dia, o empresário perdeu 38 quilos. Rosa acabou adotando a estratégia. Eles também
fornecem a mesma alimentação à filha Olívia, 3 anos. “É mais saudável”, explica Rosa
Foto: Felipe Lessa
Fotos: André Schliró; João Castellano/ag. istoé
Fotos: Kelsen Fernandes; João Castellano/ag. istoé; Steven Lawton/Getty Images; Marcus Mam/Madame Figaro/laif; Michael Tran/FilmMagic; Jen Lowery/Splash News
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