Procedimento selecionaria o melhor embrião e beneficiaria milhares de casais inférteis
Atualmente, apenas 24% dos embriões implantados no útero de uma mulher resultam no nascimento de um bebê
Steve Connor, do Independent
LONDRES. Milhares de casais inférteis podem se beneficiar de um novo
procedimento de Fertilização In Vitro (FIV) que pode aumentar
consideravelmente as taxas de sucesso da reprodução assistida.
Cientistas acreditam que poderão dobrar ou mesmo triplicar a proporção
de bebês nascidos em razão do tratamento de fertilidade com uma técnica
relativamente simples que faz uma série de fotos em alta resolução dos
embriões feitos por FIV em desenvolvimento. Em média, apenas 24% dos
embriões feitos por FIV implantados no útero de uma mulher resultam no
nascimento de um bebê. Pesquisadores acreditam que este percentual possa
chegar a 78% com a nova técnica de selecionar o melhor embrião.
- Acredito que seja a mais incrível descoberta que tivemos em 30 anos - afirmou Simon Fishel, diretor-executivo do Grupo Care de Fertilização, onde a técnica foi desenvolvida. - Sem que essa seja a intenção, todas as clínicas de FIV no mundo colocam no útero das mulheres embriões inviáveis, que não resultarão no desenvolvimento de bebês. Esperamos ver uma mudança de paradigma com a nova técnica. Esperamos ver um grande aumento na taxa de nascimentos.
O novo procedimento identifica os melhores embriões a serem implantados no útero com base no tempo que levam para alcançar dois estágios de desenvolvimento considerados fundamentais nos primórdios do ciclo de vida do embrião. Milhares de fotos são tiradas durante os primeiros dias da vida do embrião e essas imagens são usadas para identificar o momento do surgimento de uma cavidade chamada blástula e o momento final em que o embrião deixa sua camada protetora. Cientistas descobriram que quando esse processo leva mais de seis horas, a probabilidade de o embrião ter um número anormal de cromossomos e ser inviável para uma gravidez é muito alto. O estudo preliminar foi publicado na “Reproductive Medicine Online”.
- Nosso trabalho mostrou que podemos facilmente, classificar embriões como de alto ou baixo risco de ter uma anomalia cromossômica. Isso é importante porque é a maior causa de falha na FIV e abortos - afirmou. - E a beleza dessa técnica é que ela não é invasiva, não interfere no desenvolvimento do embrião.
Saiba mais sobre o último congresso em reprodução assistida :
“Improving the outcome of IVF from ovarian stimulation to luteal support – an advanced course”, ou seja “ Melhorando os resultados da FIV desde a estimulação ovariana até o suporte de fase lútea – um curso avançado”.
- Acredito que seja a mais incrível descoberta que tivemos em 30 anos - afirmou Simon Fishel, diretor-executivo do Grupo Care de Fertilização, onde a técnica foi desenvolvida. - Sem que essa seja a intenção, todas as clínicas de FIV no mundo colocam no útero das mulheres embriões inviáveis, que não resultarão no desenvolvimento de bebês. Esperamos ver uma mudança de paradigma com a nova técnica. Esperamos ver um grande aumento na taxa de nascimentos.
O novo procedimento identifica os melhores embriões a serem implantados no útero com base no tempo que levam para alcançar dois estágios de desenvolvimento considerados fundamentais nos primórdios do ciclo de vida do embrião. Milhares de fotos são tiradas durante os primeiros dias da vida do embrião e essas imagens são usadas para identificar o momento do surgimento de uma cavidade chamada blástula e o momento final em que o embrião deixa sua camada protetora. Cientistas descobriram que quando esse processo leva mais de seis horas, a probabilidade de o embrião ter um número anormal de cromossomos e ser inviável para uma gravidez é muito alto. O estudo preliminar foi publicado na “Reproductive Medicine Online”.
- Nosso trabalho mostrou que podemos facilmente, classificar embriões como de alto ou baixo risco de ter uma anomalia cromossômica. Isso é importante porque é a maior causa de falha na FIV e abortos - afirmou. - E a beleza dessa técnica é que ela não é invasiva, não interfere no desenvolvimento do embrião.
Saiba mais sobre o último congresso em reprodução assistida :
“Improving the outcome of IVF from ovarian stimulation to luteal support – an advanced course”, ou seja “ Melhorando os resultados da FIV desde a estimulação ovariana até o suporte de fase lútea – um curso avançado”.
As apresentações foram realizadas por cientistas de destaque em nível
mundial na reprodução humana, como Dr. Mohamed Alboughar (Egito), Basil
Tarlatzis (Grécia), e Paul Devroey (Bélgica), entre outros.
Muita ênfase foi dada às técnicas que podem melhorar as taxas de gravidez na fertilização in-vitro. Alguns destaques:
A estimulação ovariana é o passo inicial e básico para obtermos altas taxas de gravidez na FIV.
Já existem estudos muito sedimentados mostrando que , em geral, todos
os tipos de gonadotrofinas (recombinantes, urinárias) funcionam muito
bem, e com resultados bem semelhantes. Porém parece haver uma ligeira
superioridade da gonadotrofina urinária altamente purificada com efeito
hCG em relação à melhor taxa de gravidez. Na prática, a diferença muito
pequena (em torno de 3,5%).
Discutiu-se ainda a necessidade de que algumas pacientes teriam de associação de LH,
além do FSH já utilizado, durante a estimulação ovariana. Parece que
alguns grupos como as pacientes acima de 35 anos e as pacientes com
baixa resposta se beneficiam desta adição.
O papel dos antagonistas de GnRH (Cetrotide ou Orgalutran) foi
mais uma vez estudado, e as conclusões atuais é que oferecem taxas de
gravidez semelhante ao uso de agonistas de GnRH (Lupron, Gonapeptil),
com excelente perfil de segurança e facilidade de uso. Além de reduzirem
o risco da temida Síndrome do Hiperestímulo Ovariano. Estão
sedimentados na prática clínica.
A transferência embrionária precisa e atraumática foi enfatizada. É um
passo crucial para um bom resultado. Como também o suporte de fase lútea
com progesterona – indispensável. A progesterona vaginal (Utrogestan ou
Crinone), pela excelente absorção é a forma de escolha. Alguns países
utilizam a progesterona injetável, que também tem ótimo resultado, mas,
convenhamos, é muito desconfortável por ser de aplicação intramuscular.
Em relação à implantação embrionária é fundamental corrigir qualquer
alteração reprodutiva que possa dificultar a fixação do embrião ao
útero, como a endometriose, a hidrossalpinge, os miomas (a depender do
tamanho e localização), e os pólipos endometriais. Foi apresentado ainda
um trabalho muito interessante do Egito com aplicação de hcG (gonadotrofina coriônica humana) na cavidade uterina imediatamente antes da transferência embrionária, demonstrando aumento interessante nas taxas de gravidez.
Por fim o Dr. Devroey (Bélgica) apresentou atualização sobre o uso da técnica de PGS (screening genético pré-implantacional).
Consiste na análise genética dos embriões com objetivo de prevenir
aneuploidias e aumentar as chances de gravidez em pacientes de FIV com
mais de 40 anos, utilizando-se a biópsia embrionária no terceiro dia, e
análise dos cromossomos da célula por FISH. Porém, os estudos compilados são categóricos em afirmar que esta técnica não aumenta as chances de gravidez,
e, na realidade, pode até diminuir, devido a trauma que possa causar no
embrião. Por isso a tendência atual é não fazer a análise genética por
FISH com esta indicação específica.
Como recentemente desenvolveu-se a técnica de análise
cromossômica por CGH (hibridização genômica) que é muito mais completa e
exata do que a FISH, com biópsia embrionária no 5º dia
(blastocisto) que é menos deletéria ao embrião, parece que toda análise
embrionária genética caminha para ser realizada por este método. Os
resultados dos estudos iniciais são promissores, porém precisamos
aguardar mais trabalhos científicos, com sedimentação da importância e
validade da técnica de CGH.
O congresso Europeu continua a todo
vapor. Estes dois dias (segunda e terça) foram muito intensos em
conferências e apresentações de trabalhos clínicos de todas as partes do
mundo. E com uma grata surpresa anunciada!
Desde Louise Brown, na Inglaterra, em 1978 (o primeiro bebê de FIV do mundo), já são mais 5 milhões de crianças em todo o mundo nascidas da técnica de fertilização in-vitro!
Estes números foram apresentados durante o congresso, e enchem de
orgulho e sensação de dever cumprido todos que trabalham na área de
medicina reprodutiva.
Atualmente cerca de 1,5 milhões de ciclos de FIV são realizados
por ano em todo o mundo, levando ao nascimento de 350 a 400 mil
bebês/ano. Ao mesmo tempo em que prova que a FIV é um técnica
segura, mais disponível, e aceita pelos casais, estas estatísticas nos
estimulam a cada vez mais estudar e pesquisar para melhorar os
resultados de gravidez aos casais que recorrem à técnica.
A SEGUNDA-FEIRA NO ESHRE
Uma compilação de vários estudos clínicos (meta-análise) apresentada por pesquisadores britânicos mostrou que
a pesquisa de células NK (natural killers), e o tratamento com
imunoglobulina venosa não traz benefícios para casais com subfertilidade
que estão tendo dificuldades de sucesso com a FIV. O fator
imunológico, apesar de absolutamente intricado com o processo
reprodutivo e com a implantação embrionária, ainda é muito pouco
entendido. Por isso os trabalhos são extremamente controversos em
relação às terapias imunológicas.
Em relação à avaliação de reserva ovariana, Dr. Scott Nelson, da Inglaterra, reforçou a importância da utilização do ultrassom de contagem de folículos antrais, e do hormônio anti-mulleriano (AMH).
São na atualidade os métodos com maior aplicabilidade clínica, ajudando
a predizer a resposta dos ovários às medicações de estímulo.
A embriologista Laura Rienzi, da Itália, apresentou uma atualização
sobre métodos de seleção de gametas (óvulos e espermatozóides) e
embriões. As pesquisas mais avançadas são na análise morfocinética dos embriões
(visualização em tempo real da clivagem embrionária), análise genética
pela técnica da hibridização genômica (CGH) para selecionar embriões
normais, e determinação do melhor embrião pelo exame dos metabólitos
produzidos (metabolômica).
O endométrio tem sido extremamente estudado. O cientista Carlos Simon,
da Espanha, mostrou pesquisas de ponta na avaliação da receptividade
endometrial e da chamada “janela de implantação”, que é o período do
ciclo em que o endométrio está receptivo ao embrião e a possibilidade de
implantação é máxima. O principal avanço é a chamada Endometrial Receptivity Array,
onde pela pesquisa de fatores presentes em um fragmento (biópsia) do
endométrio é possível determinar qual o melhor período para implantação
naquela paciente. E ainda o estudo de determinados lipídios na secreção
endometrial. Os estudos estão bastante avançados e com resultados
promissores. Certamente vão possibilitar uma melhor sincronização da
transferência embrionária e melhora das taxas de gravidez!
Ainda nesta segunda-feira assistimos vários grupos de pesquisas no mundo observando um melhor resultado de gravidez na FIV quando no ciclo anterior se faz uma biópsia no endométrio.
Parece que esta pequena lesão endometrial leva a alteração na maturação
endometrial e produção de fatores de implantação embrionária, que
aumentariam a possibilidade do embrião se fixar no útero. Estes
resultados estão sendo observados pricipalmente em pacientes com falhas
anteriores de FIV, mas também em mulheres que estão fazendo seu primeiro
ciclo. Ficaremos atentos aos estudos confirmatórios !!
A TERÇA-FEIRA NO ESHRE
A Andrologia (fator reprodutivo masculino) foi bastante discutida neste terceiro dia de congresso.
Um grupo de pesquisadores brasileiros, de São Paulo, apresentou um
trabalho muito interessante correlacionando positivamente a motilidade
espermática, segundo os novos critérios de espermograma da Organização
Mundial de Saúde (OMS), com qualidade embrionária nos ciclos de ICSI. Os
outros parâmetros, como a concentração e morfologia, não foram tão
importantes.
Também apresentaram estudo demonstrando que a seleção de
espermatozóides pela alta magnificação (Super-ICSI) pode melhorar as
chances de gravidez na FIV em mulheres acima de 38 anos.
Outro grupo, da Well Cornell Medical College – Nova York , mostrou um
estudo sobre os métodos de preparo de sêmen para inseminação ,
comparando a centrifugação, com o gradiente de densidade. Concluíram
que o preparo de sêmen, em ambos os casos, consegue selecionar amostras
de espermatozóides com menor fragmentação de DNA. E que os riscos de perda gestacional (aborto) parecem ser melhores quando se utiliza o método de gradiente de densidade.
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é sempre muito debatida. O
Dr. Roger Lobo, da sociedade americana de medicina reprodutiva,
apresentou uma fantástica atualização sobre o manejo destas pacientes.
Chamou muita atenção para as estratégias de redução dos riscos de hiperestímulo ovariano na FIV destas pacientes:
estimulação ovariana com rigoroso controle, uso do antagonista de GnRh
para bloqueio hipofisário + agonista para disparar a ovulação, e , se
necessário, congelamento embrionário eletivo. Comentou também para
drogas acessórias nestes casos como a metformina e a cabergolina
(Dostinex). Excelente palestra!
E o Dr. Gibbons, da Universidade de Houston no Texas – EUA, apresentou
palestra sobre as estratégias para manejo das pacientes pobre
respondedoras. São casos extremamente difíceis e quase sempre
frustrantes: para os casais e para a equipe médica. Alguma evidência
científica começa a surgir sobre o uso de adesivos de testosterona antes
da estimulação ovariana para tentar melhorar a produção de óvulos
destas pacientes. E ainda o uso do GH (hormônio do crescimento) com
objetivo de aumentar a qualidade embrionária, e as chances de gravidez
neste grupo.
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