Maioria da população de SP e Rio não casaria com gordo, aponta estudo
O trabalho do HCor investigou a obesidade e suas relações sociais. Foram entrevistadas 600 pessoas de 18 a 60 anos, de acordo com faixa etária, gênero, escolaridade e classe social. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa representa as populações de São Paulo e do Rio.
Eduardo Anizelli/Folhapress |
Tárcio Tapias, 49, representante comercial que pesa 130 kg e afirma ter sido preterido em uma promoção por ser obeso |
Na avaliação de 81% dos entrevistados, o excesso de peso também interfere no sucesso profissional.
Para o nutrólogo Daniel Magnoni, coordenador científico do estudo, os números mostram o grau de preconceito que os obesos ainda sofrem em várias situações, como nas relações amorosas e na vida profissional.
Um estudo da Catho, uma das maiores empresas de recrutamento profissional do país, não deixa dúvida sobre isso. A obesidade é a terceira causa de objeção do empregador na hora da contratação de um executivo --só perde para a inconstância nos cargos e para o tabagismo.
Em determinadas circunstâncias, o preconceito pode ser escorado em motivos médicos, avalia Magnoni. Obesos têm maior propensão a doenças, como diabetes e hipertensão, e isso é uma grande preocupação para as empresas, porque faz aumentar os períodos de licença, o índice de faltas ao trabalho e as despesas com tratamentos médicos. "Não existe obeso saudável", afirma o médico.
O assunto é polêmico. Vários grupos lutam hoje para garantir o direito de a pessoa ser gorda e ser respeitada nesta condição.
Para a endocrinologista Rosana Radominski, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade), se a pessoa está com excesso de gordura, mas não tem nenhuma complicação de saúde, tem o direito de continuar gorda, mesmo que fuja do padrão.
"Mas quando a obesidade acarreta doenças, gera custos aos sistemas de saúde e à própria saúde da pessoa, aí é preciso uma intervenção, com dieta, exercícios ou, se necessário, medicamentos."
SAÚDE
Para alguns especialistas, porém, o preconceito contra os obesos é tão nocivo quanto os problemas de saúde que a obesidade acarreta.
Segundo Rosana Radominski, ao diminuir de 5% a 10% o seu peso, a pessoa já reduz muito os riscos de complicações. "Mas isso não é suficiente para se sentir melhor psicologicamente ou deixar de enfrentar preconceitos."
Para o professor Peter Muenning, da Universidade de Columbia (EUA), o preconceito pode realmente deixar os gordinhos ainda mais doentes. "É uma situação altamente estressante. E o estresse aumenta a pressão sanguínea. Em obesos, esse problema é ainda mais grave, já que eles estão mais propensos a terem hipertensão."
Na opinião da Radominski, as mulheres sofrem ainda mais preconceito do que os homens. "A pressão é enorme. Não é à toa que temos tantos casos de anorexia."
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