2.28.2012

MEDICAMENTOS PARA IDOSOS MERECEM ATENÇÃO REDOBRADA

Envelhecimento da população e os cuidados com os medicamentos para idosos

Com o envelhecimento, aumenta a probabilidade de ocorrência de doenças crônicas; por isso, as pessoas idosas em geral tomam mais medicamento que os adultos jovens. Em média, uma pessoa idosa toma quatro ou cinco medicamentos de receita obrigatória e dois de venda livre. Os idosos são duas vezes mais suscetíveis a reações medicamentosas adversas que os adultos jovens. Também a probabilidade de reações adversas serem mais severas é maior para os idosos.
À medida que as pessoas vão envelhecendo, a quantidade de água no organismo diminui. Como muitas drogas se dissolvem na água e há menos água disponível para sua dissolução, essas drogas atingem níveis mais elevados de concentração nas pessoas idosas. Além disso, os rins tornam-se menos capazes de excretar as drogas na urina, e o fígado, menos capaz de metabolizar muitas delas. Por essas razões, muitos medicamentos tendem a permanecer no corpo das pessoas idosas durante um tempo muito maior do que ocorreria no organismo de uma pessoa mais jovem.
Em decorrência disso, os médicos devem prescrever doses menores de muitos medicamentos para pacientes idosos ou um menor número de doses diárias. O organismo do idoso também é mais sensível aos efeitos de muitos medicamentos. Por exemplo, as pessoas idosas tendem a ficar mais sonolentas e apresentam maior possibilidade de ficar confusas ao tomar drogas ansiolíticas ou indutores do sono.
Medicamentos que baixam a pressão arterial por meio do relaxamento das artérias e de redução da tensão sobre o coração tendem a baixar a pressão de forma muito mais acentuada nos idosos que nas pessoas jovens. Cérebro, olhos, coração, vasos sangüíneos, bexiga e intestinos tornam-se consideravelmente mais sensíveis aos efeitos colaterais anticolinérgicos de alguns medicamentos de uso freqüente. As drogas com efeitos anticolinérgicos bloqueiam a ação normal da parte do sistema nervoso denominada sistema nervoso colinérgico.
Certos medicamentos tendem a causar reações adversas com mais freqüência e intensidade nos idosos, devendo por isso ser evitados. Em quase todos os casos, existem substitutos mais seguros à disposição. Pode ser arriscado não seguir as orientações do médico em relação ao uso de medicamentos. No entanto, a não adesão às orientações clínicas não é mais comum entre idosos do que entre pessoas mais jovens. Não tomar um remédio, ou tomá-lo em doses erradas, pode causar problemas; por exemplo, provocando o surgimento de outra doença ou levando o médico a mudar o tratamento por acreditar que o remédio não funcionou. Uma pessoa idosa que não deseja seguir as orientações clínicas deve discutir a situação com seu médico em vez de agir sozinha.
Fonte: Manual Merck 

CUIDADOS COM OS MEDICAMENTOS PARA OS IDOSOS
Os idosos geralmente usam vários medicamentos e, portanto, estão sujeitos apresentarem mais efeitos adversos. Alguns cuidados tomados desde a consulta médica até a hora de ingerir o medicamento ajudam a diminuir o risco de efeitos indesejáveis.
Durante a consulta médica:
Informe ao médico
•  Todos os medicamentos que está usando e qual a dose.
•  Sobre qualquer problema que já tenha tido com medicamentos.
•  Sobre alergias.
•  Se ingere bebidas alcoólicas, usa drogas ou fuma.
Pergunte ao médico
•  Como vai usar o medicamento e por quanto tempo.
•  Se deve evitar algum tipo de comida, bebida alcoólica, outros medicamentos, alguma atividade e exercícios físicos enquanto estiver usando o medicamento.
•  Se o medicamento pode afetar o sono, o estado de alerta e capacidade de dirigir veículos.
•  O que fazer se esquecer de tomar alguma dose.
•  Se podem ocorrer efeitos adversos e o que fazer nessa situação.
•  Se o medicamento pode ser partido, dissolvido, misturado com bebidas ou ingerido com as refeições.
Exija do médico
•  Receita por escrito e legível com as doses e o modo de usar.
Ao comprar o medicamento:
•  Verifique se a farmácia tem um farmacêutico responsável. A legislação brasileira as obriga a ter este profissional disponível. Ele poderá ser muito importante para orientações sobre o uso dos medicamentos prescritos por seu médico.
•  Confira o medicamento que foi entregue com o nome escrito na receita
•  Não aceite a sugestão do vendedor para trocar o medicamento por um que ele garante ser igual, quando o receitado não for encontrado ou for mais caro.(Procure o farmaceutico)
•  Não compre medicamentos que já foram abertos ou cujas embalagens aparentem ser muito velhas.
•  Confira a data de validade.
•  Não compre medicamentos cuja fórmula e a data de validade não estejam especificadas na embalagem.
•  Não compre um medicamento que já vinha usando se a embalagem ou o aspecto do produto estiverem diferentes. Confira com seu médico antes se houveram mudanças. Os médicos são informados pelos fabricantes sobre qualquer mudança nas embalagens, fórmulas ou aspectos dos medicamentos.
Alguns medicamentos têm selo de garantia. Confira.
Como guardar medicamentos:
•  Mantenha-os longe do alcance das crianças.
•  Guarde-os em suas embalagens originais e bem fechadas. Se retirá-los da embalagem, anote o nome e a data de vencimento no novo recipiente.
•  Jogue fora os medicamentos vencidos ou aqueles cujos o aspecto ou a coloração mudaram.
•  Evite guardar medicamentos no banheiro.
•  Não guarde medicamentos junto com venenos ou outras substâncias perigosas.
•  Mantenha uma lista com os medicamentos que usa e as suas dosagens.
Ao tomar o medicamento:
•  Confira a dose antes.
•  Tome-os em locais bem iluminados.
•  Certifique-se de que colocou a dosagem correta quando a medicação for líquida ou em gotas. Se tiver dúvidas, peça ajuda.
•  Nunca substitua as colheres-medida ou os conta-gotas que vieram com o medicamento por outros.
•  Não misture medicamentos líquidos com sucos, chás, leite ou outras bebidas, a não ser que tenha sido autorizado a fazê-lo pelo seu médico.
•  Não parta ou dissolva medicamentos sem confirmar com o médico se pode fazê-lo.
•  Se você estiver dando medicações para outra pessoa, certifique-se de que ela ingeriu.
•  Nunca tome a medicação de outra pessoa ou indique a sua para outras pessoas.
•  Contate o seu médico se sintomas inesperados aparecerem. Não use outro medicamento para tratar esses sintomas.
•  Não pare uma medicação antes da orientação do seu médico apenas porque os sintomas da doença desapareceram.
•  Não repita as receitas antigas quando achar que estiver com o mesmo problema. A não ser que o seu médico o tenha orientado.
NÃO ACREDITE:
•  Em fórmulas secretas.
•  Em medicamentos perfeitos que servem para tudo.
•  Em curas milagrosas, pois elas não ocorrem frequentemente e se ocorrerem deixarão de ser milagrosas.
•  Em medicamentos que prometem perda de peso rápida, sem muito esforço.
•  Em medicamentos que vão fazê-lo rejuvenescer ou evitar que envelheça.
IMPORTANTE
Procure o seu médico para diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.
Blog da Dra. Shirley de Campos

Drogas que Representam Aumento de Risco em Pessoas Idosas
Analgésicos
O propoxifeno não oferece maior alívio da dor que o
acetaminofeno e provoca efeitos colaterais narcóticos.
Pode causar constipação, tontura, confusão e (raramente)
respiração lenta. Como os outros narcóticos (opióides),
essa substância pode causar dependência. Entre todas
as drogas antiinflamatórias nãoesteróides, a indometacina
é a que mais afeta o cérebro. Às vezes, essa substância
provoca confusão mental ou tontura. Quando injetada,
a meperidina é um analgésico potente, mas, quando
administrada por via oral, não é muito eficaz contra a
dor e freqüentemente produz confusão mental.
A pentazocina é um analgésico narcótico que apresenta
maior possibilidade de provocar confusão mental e
alucinações, em comparação com outros narcóticos.
Substâncias Anticoagulantes
No idoso, o dipiridamol pode provocar tontura quando
o indivíduo se levanta (hipotensão ortostática).
Para a maioria das pessoas, essa substância oferece
pouca vantagem, em comparação com a aspirina,
na prevenção da formação de coágulos sangüíneos.
Para a maioria das pessoas, a ticlopidina não é mais
eficaz que a aspirina na prevenção de coágulos
sangüíneos, sendo consideravelmente mais tóxica.
A ticlopidina pode ter utilidade como alternativa para
pessoas que não podem tomar aspirina.
Drogas Antiulcerosas
Doses usuais de alguns bloqueadores da histamina
(em especial de cimetidina e, até certo ponto, de
ranitidina, nizatidina e famotidina) podem causar
efeitos adversos, principalmente confusão mental.
Antidepressivos
Em razão de suas fortes propriedades anticolinérgicas
e sedativas, a amitriptilina geralmente não é o melhor
antidepressivo para pessoas idosas. A doxepina
também é um potente anticolinérgico.
Medicamentos contra Náusea (antieméticos)
A trimetobenzamida é uma das drogas menos eficazes
 contra a náusea e pode provocar efeitos adversos, como
 movimentos anormais dos braços, das pernas e do corpo.
Anti-histamínicos
Todos os anti-histamínicos de venda livre e muitos de receita
 obrigatória produzem efeitos anticolinérgicos potentes.
As drogas incluem: clorfeniramina, difenidramina, 
hidroxizina, ciproeptadina, prometazina, 
tripelenamina, dexclorfeniramina e medicamentos
combinados contra resfriado. Mesmo que possam ser úteis
 no tratamento de reações alérgicas e alergias sazonais, em
geral os anti-histamínicos não são apropriados para combater
a coriza e outros sintomas de infecção viral. Nos casos em
que há necessidade de anti-histamínicos, dá-se preferência
aos que não produzem efeitos anticolinérgicos (loratadina
e astemizol).
Normalmente os medicamentos contra tosse e resfriado que
não incluem anti-histamínicos em suas fórmulas são mais
seguros para pessoas idosas.
Anti-hipertensivos
A metildopa, isoladamente ou em combinação com outros
medicamentos, pode reduzir os batimentos cardíacos e
agravar a depressão. O uso de reserpina é arriscado,
pois pode induzir à depressão, impotência, sedação e
tontura quando a pessoa se levanta.
Antipsicóticos
Embora antipsicóticos como clorpromazina, haloperidol, 
tioridazina e tiotixeno sejam eficazes no tratamento dos
distúrbios psicóticos, não foi estabelecida sua eficácia no
tratamento de distúrbios comportamentais associados à
demência (como agitação, devaneios, repetição de perguntas,
arremesso de objetos e agressão). Freqüentemente essas
drogas são tóxicas, provocando sedação, distúrbios do
 movimento e efeitos colaterais anticolinérgicos. No caso
de o uso ser imprescindível, as pessoas idosas devem
 usar antipsicóticos em doses pequenas. A necessidade do
tratamento deve ser freqüentemente reavaliada, e
os medicamentos devem ser interrompidos o mais rápido
possível.
Antiespasmódicos Gastrintestinais
Antiespasmódicos gastrintestinais, como diciclomina, 
hiosciamina, propantelina, alcalóides da beladona e 
clidínio-clordiazepóxido são administrados no tratamento
das cólicas e dores estomacais. Essas substâncias são
altamente anticolinérgicas, e sua utilidade – em especial
nas baixas doses toleradas pelas pessoas idosas – é questionável.

Drogas Antidiabéticas (hipoglicemiantes)
A clorpropamida tem efeitos prolongados, que são exagerados
nas pessoas idosas e podem causar longos períodos de baixos
níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia). Por promover a
retenção de água pelo organismo, a clorpropamida também
diminui o nível de sódio no sangue.
Suplementos de Ferro
Doses de sulfato ferroso que excedam 325 miligramas diários
não melhoram muito sua absorção e podem causar constipação.
Relaxantes Musculares e Antiespasmódicos
Quase todos os relaxantes musculares e antiespasmódicos,
como metocarbamol, carisoprodol, oxibutinina, 
clorzoxazona metaxalona e ciclobenzaprina provocam
efeitos colaterais anticolinérgicos, sedação e debilidade.
É questionável a utilidade de todos os relaxantes musculares e
antiespasmódicos nas baixas doses toleradas pelos idosos.
Sedativos, Ansiolíticos e Indutores do Sono
O meprobamato, além de não oferecer vantagens em relação
aos benzodiazepínicos, apresenta muitas desvantagens.
Clordiazepóxido, diazepam e flurazepam – benzodiazepínicos
utilizados no tratamento da ansiedade e insônia – têm efeitos
extremamente prolongados nos idosos
(em geral, por mais de 96 horas). Essas drogas, isoladamente
 ou em combinação com outras, podem causar sonolência
prolongada e aumentam o risco de quedas e fraturas.
A difenidramina, um anti-histamínico, é o ingrediente
ativo em muitos sedativos de venda livre. Mas a difenidramina
produz efeitos anticolinérgicos potentes.
Barbitúricos, como o secobarbital e o fenobarbital,
 produzem mais efeitos adversos que outras drogas utilizadas
no tratamento da ansiedade e da insônia. Também interagem
com muitas outras substâncias. Em geral, os idosos devem
evitar os barbitúricos, exceto para o tratamento de
distúrbios convulsivos.

Anticolinérgico: O Que Isso Significa?
A acetilcolina é um dos muitos neurotransmissores do organismo.
Neurotransmissor é uma substância química utilizada pelas
células nervosas para a intercomunicação e para a comunicação
com os músculos e com muitas glândulas. Diz-se que as drogas
que bloqueiam a ação do neurotransmissor acetilcolina têm
efeitos anticolinérgicos. A maioria dessas substâncias, no
entanto, não foi projetada para bloquear a acetilcolina; seus
efeitos anticolinérgicos são efeitos colaterais. Pessoas idosas
são particularmente sensíveis às drogas com efeitos anticolinérgicos
porque, com a idade, diminui tanto a quantidade de
 acetilcolina no organismo quanto a capacidade orgânica
de utilização da acetilcolina existente no corpo. Drogas
com efeitos anticolinérgicos podem provocar confusão
mental, turvamento da vista, constipação, boca seca,
tontura e dificuldade de micção ou perda do controle da bexiga.
 

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