6.22.2012

Ajudar o povo paraguaio a barrar o golpe de estado dos conservadores contra o presidente Lugo

Fernando Lugo, presidente do Paraguai


               
Fernando Lugo
            

Esta sexta-feira será um dia decisivo para o nosso vizinho Paraguai. O presidente do país, Fernando Lugo, denunciou ontem que enfrenta um "golpe de Estado expresso". De forma sumária, em poucas horas, o Congresso, que tem maioria expressiva da oposição, iniciou um "julgamento político" que, segundo o presidente, "não tem nenhum argumento válido".

Concordo integralmente com o presidente do nosso país vizinho. Trata-se de um golpe constitucional, mas é um golpe de estado, ilegal e ilegítimo e assim deve ser tratado pela comunidade sul e latino americana. Deve ser repudiado e devemos fazer tudo para impedir essa farsa. O Brasil já se manifestou pela presidenta, por meio do Ministro Patriota.

É preciso deter o golpe, garantir o mandato constitucional do presidente Lugo e a realização das eleições presidências no ano que vem, com a posse do novo presidente prevista para agosto, como manda a constituição paraguaia.

Fernando Lugo recorre ao Judiciário

O presidente Lugo solicita, nesta sexta-feira, a intervenção do Poder Judiciário a fim de suspender o proceso iniciado pelo Congresso. Vai alegar falta absoluta de condições de defesa. Hoje pela manhã o advogado Luis Samaniego, um dos defensores do presidente Lugo, confirmou que será aprsentada uma ação de inconstitucionalidade contra o julgamento político, na verdade um golpe de Estado, que o congresso paraguaio tenta levar adiante contra um governo legalmente instituído por meio do voto democrático e popular.

Em entrevista à Telesur, ontem à noite, o presidente Lugo advertiu que existem indícios "claros" de que o pré-candidato presidencial do Partido Colorado, Horacio Cartes, está por trás desse processo. Segundo ele, Cartes "sabe que sua candidatura não está crescendo" e estaria usando a tática de eliminar seus concorrentes.

O governante também assinalou como responsáveis pela crise os que "não desejam a mudança no Paraguai e os que acham que é preciso eliminar este processo democrático iniciado em 2008".

Reação internacional

Os chanceleres dos principais países sul-americanos - incluindo Brasil, Argentina, Venezuela e Colômbia -, viajaram a bordo do mesmo avião ontem à noite para a capital Assunção. Lá chegando, se dirigiram diretamente à residência do presidente Lugo.

O secretário-geral da Unasul, Ali Rodriguez, da Venezuela, também expressou "grande preocupação" sobre o processo de afastamento do presidente paraguaio, e disse que a Lugo deve ser dado o "devido processo legal" e o direito de ele se defender.

O presidente do Equador, Rafael Correa, advertiu, nesta sexta-feira, os parlamentares paraguaios a não decretarem o impeachment de seu presidente, dizendo que se isso ocorrer, sem que seja realizado um processo devido, o país pode sofrer o boicote da União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

Leia aqui este excelente entrevista do presidente equatoriano sobre outros assuntos, na Folha de hoje (22).

Reação popular


Perto de 2 mil manifestantes passaram a noite na praça em frente ao Congresso, em Assunção. Segundo noticiam jornais e rádios do país vizinhos, não param de chegar delegações de todas as parte do país. As ruas vizinhas à praça estão bloqueadas ao trânsito pela polícia.

Consequências imediatas do golpe

Algumas consequências já estão previstas, caso os golpistas avancem com sua intenção de destituir hoje o presidente Logo no Paraguai:
1 – A Venezuela já avisou que suspenderia o fornecimento de combustível da PDVSA à Petropar;
2 – O Brasil não reconhecerá um presidente empossado nas condições em que se anuncia a deposição de Lugo;
3 – A Argentina também não reconheceria outro presidente que não seja o atual, Ferando Lugo, na reunião prevista para a próxima semana, sem que estejam esgotadas todas as instâncias democráticas antes de qualquer medida que o Congresso queira tomar contra o atual presidente.

Igreja encontra um jeito de apoiar o golpe

Na noite de ontem (21), dia em que o golpe do congresso teve início, um grupo de bispos católicos esteve com o presidente na residência presidencial. Após o encontro, o grupo divulgou comunicado defendendo a renúncia de Lugo “para evitar violência no país”.

Acompanhe aqui, ao longo do dia de hoje, os acontecimentos no Paraguai.

Leia o primeiro post de ontem, baseado em artigo de Breno Altman (Opera Mundi): "Deter o golpe institucional no Paraguai é a prova de fogo da Unasul"
(Foto: Roberto Stuckert Filho/ABr)

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