Em duas páginas e 16 parágrafos, documento foi entregue ao secretário-geral da Nações Unidas na manhã desta sexta-feira
RIO — O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, recebeu na
manhã desta sexta-feira os representantes da Cúpula dos Povos, em que
ouviu críticas duras contra o documento da Rio+20. O secretário saiu da
reunião com uma carta repúdio e um documento, que reúne as principais
propostas discutidas nas plenárias realizadas no Aterro do Flamengo. O
encontro foi a portas fechadas e apenas cinco representantes da Cúpula
puderam falar. O tom foi de frustração e cobrança pela falta de ambição
do documento da conferência e pelo fato de as reivindicações da
sociedade civil terem ficado totalmente de fora do documento da
conferência.
A responsável pela abertura da reunião com Ban Ki-Moon foi Iara Pietricovsky, uma das coordenadoras do Grupo de Articulação da Cúpula dos Povos, que registrou a frustração dos movimentos sociais em relação ao documento. Iara reconheceu a importância do convite feito pelo secretário-geral das Nações Unidas ao grupo, mas ressaltou que as propostas incluídas no documento da Cúpula dos Povos apresentado a ele não podem mais ser incluídas no texto final da conferência, fechado desde a última terça-feira.
— Queríamos mais espaços de participação e mudança radical desse documento. O documento não expressa o que os povos querem, a sociedade civil não foi ouvida efetivamente em momento algum nesse processo. Queremos ambição, compromissos dos governos em relação à sustentabilidade da terra e justiça social — criticou Iara.
O secretário Ban Ki-moon rebateu ao afirmar que as “as Nações Unidas têm mecanismos para trazer as vozes da sociedade civil para dentro da ONU”.
Iara também comentou o fato dos grupos da sociedade civil que fizeram parte da Rio+20 terem pedido a retirada da frase “com a participação da sociedade civil” do documento final da conferência.
— Nem os movimentos que fazem parte da burocracia da ONU querem participar, isso é um indicativo importantíssimo de falta de legitimidade. O documento que ficou acordado em 1992 passou por vários encontros mundiais e nada aconteceu. Foram duas décadas brigando para afirmar direitos e a Rio+20 dá um passo atrás. É impensável que, no século XXI, o Vaticano ainda consiga influenciar um documento como esse — disse Iara, referindo-se à retirada do texto final do direito reprodutivo da mulher à pedido da Igreja Católica.
Carta escrita durante a Cúpula afirma que economia verde não é solução
A carta apresentada à Ban Ki-moon foi lida no final da manhã no Aterro do Flamengo. O documento enfatiza que a economia verde não é solução para as questões sociais e ambientais que afetam hoje o planeta. Em duas páginas e 16 parágrafos, o texto é uma síntese das plenárias realizadas durante a Cúpula dos Povos, e diz que “a defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às convicções e crenças dos diferentes povos”.
Segundo Rosilene Wansetto, membro do grupo de articulação do Comitê Facilitador da Sociedade Civil, o caminho para sair da chamada crise global em que humanidade se encontra pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores e os povos.
— Nós queremos deixar claro que economia verde não é um caminho. Temos que valorizar os povos que criaram práticas e sistemas produtivos alternativos que são reais e funcionam.
De acordo com outro membro do Comitê Facilitador da Cúpula dos Povos, Darcy Frigo, que também esteve na reunião com Ban Ki-moon, o documento da Onu deixa claro a tentativa de se utilizar do discurso verde para encobrir as mudanças éticas promovidos pelos diversos povos de todo o planeta — tais como agroecologia, uso de soluções de energia alternativa e economia solidária.
Frigo contou que durante o encontro com o secretário, a comissão fez uma crítica ao sistema ONU ao dizer que a entidade foi capturada pelo capital. A comissão contou que a comissão cobrou ainda do secretário a efetiva responsabilização das transnacionais pelos danos que causam ao ambiente e aos seres humanos.
— Ou se coloca as pessoas no centro do debate, ou não teremos uma sociedade mais justa — disse ele no Aterro do Flamengo.
Na avaliação de Darcy, entre todas as questões discutidas durante o evento no Rio, duas ainda precisam de um olhar mais atento: a defesa do território e o direito das mulheres.
— O acesso a terra é um direito ainda a ser conquistado e, embora as mulheres tenham tido força para colocar o tema de seus direitos no documento, ainda acho que o assunto precisa ter mais atenção — reforçou.
A íntegra do documento está disponível no site da Cúpula dos Povo
Saiba ainda:
A responsável pela abertura da reunião com Ban Ki-Moon foi Iara Pietricovsky, uma das coordenadoras do Grupo de Articulação da Cúpula dos Povos, que registrou a frustração dos movimentos sociais em relação ao documento. Iara reconheceu a importância do convite feito pelo secretário-geral das Nações Unidas ao grupo, mas ressaltou que as propostas incluídas no documento da Cúpula dos Povos apresentado a ele não podem mais ser incluídas no texto final da conferência, fechado desde a última terça-feira.
— Queríamos mais espaços de participação e mudança radical desse documento. O documento não expressa o que os povos querem, a sociedade civil não foi ouvida efetivamente em momento algum nesse processo. Queremos ambição, compromissos dos governos em relação à sustentabilidade da terra e justiça social — criticou Iara.
O secretário Ban Ki-moon rebateu ao afirmar que as “as Nações Unidas têm mecanismos para trazer as vozes da sociedade civil para dentro da ONU”.
Iara também comentou o fato dos grupos da sociedade civil que fizeram parte da Rio+20 terem pedido a retirada da frase “com a participação da sociedade civil” do documento final da conferência.
— Nem os movimentos que fazem parte da burocracia da ONU querem participar, isso é um indicativo importantíssimo de falta de legitimidade. O documento que ficou acordado em 1992 passou por vários encontros mundiais e nada aconteceu. Foram duas décadas brigando para afirmar direitos e a Rio+20 dá um passo atrás. É impensável que, no século XXI, o Vaticano ainda consiga influenciar um documento como esse — disse Iara, referindo-se à retirada do texto final do direito reprodutivo da mulher à pedido da Igreja Católica.
Carta escrita durante a Cúpula afirma que economia verde não é solução
A carta apresentada à Ban Ki-moon foi lida no final da manhã no Aterro do Flamengo. O documento enfatiza que a economia verde não é solução para as questões sociais e ambientais que afetam hoje o planeta. Em duas páginas e 16 parágrafos, o texto é uma síntese das plenárias realizadas durante a Cúpula dos Povos, e diz que “a defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às convicções e crenças dos diferentes povos”.
Segundo Rosilene Wansetto, membro do grupo de articulação do Comitê Facilitador da Sociedade Civil, o caminho para sair da chamada crise global em que humanidade se encontra pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores e os povos.
— Nós queremos deixar claro que economia verde não é um caminho. Temos que valorizar os povos que criaram práticas e sistemas produtivos alternativos que são reais e funcionam.
De acordo com outro membro do Comitê Facilitador da Cúpula dos Povos, Darcy Frigo, que também esteve na reunião com Ban Ki-moon, o documento da Onu deixa claro a tentativa de se utilizar do discurso verde para encobrir as mudanças éticas promovidos pelos diversos povos de todo o planeta — tais como agroecologia, uso de soluções de energia alternativa e economia solidária.
Frigo contou que durante o encontro com o secretário, a comissão fez uma crítica ao sistema ONU ao dizer que a entidade foi capturada pelo capital. A comissão contou que a comissão cobrou ainda do secretário a efetiva responsabilização das transnacionais pelos danos que causam ao ambiente e aos seres humanos.
— Ou se coloca as pessoas no centro do debate, ou não teremos uma sociedade mais justa — disse ele no Aterro do Flamengo.
Na avaliação de Darcy, entre todas as questões discutidas durante o evento no Rio, duas ainda precisam de um olhar mais atento: a defesa do território e o direito das mulheres.
— O acesso a terra é um direito ainda a ser conquistado e, embora as mulheres tenham tido força para colocar o tema de seus direitos no documento, ainda acho que o assunto precisa ter mais atenção — reforçou.
A íntegra do documento está disponível no site da Cúpula dos Povo
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