Adolescentes têm problemas de saúde que antes apareciam só em adultos.
Pesquisa americana mostra que cirurgia é alternativa viável para jovens.
Chelsea Hale fez cirurgia de redução do estômago há três anos, quando tinha 17. (Foto: AP Photo/Al Behrman)
Adolescentes americanos que buscam por cirurgias de redução do estômago
têm um número surpreendente de problemas de saúde, que costumavam ser
observados apenas em adultos, de acordo com um estudo financiado pelo
governo americano. Os resultados foram publicados nesta segunda-feira
(4) na revista científica "JAMA Pediatrics".Metade dos adolescentes tinha pelo menos quatro doenças ligadas ao excesso de peso. Três de quatro tinham problema de colesterol alto, quase metade tinha pressão alta ou dores nas articulações e muitos tinham doenças no fígado e rins. Esses jovens pesavam três vezes mais do que é considerado saudável.
O estudo fornece novas evidências de que a cirurgia de obesidade é geralmente segura para adolescentes, resultados que já haviam sido obtidos por estudos anteriores de curto prazo. Apesar de ser uma alternativa drástica, que deve ser usada como última opção, complicações graves só ocorreram em 8% dos jovens. Complicações menos graves, como sangramento e desidratação, afetaram 15% dos adolescentes no primeiro mês após o procedimento.
A pesquisa envolveu 242 adolescentes que fizeram cirurgia em cinco centros americanos, de 2007 a 2011 e foi financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês).
Chelsea reduziu seu peso quase pela metade após
cirurgia e se livrou de problemas de saúde.
(Foto: AP Photo/Al Behrman)
Em uma declaração recente, a Associação Americana do Coração (American Heart Association)
disse que a cirurgia pode ser o tratamento mais efetivo para a
“obesidade severa” em adolescentes, uma condição que afeta cerca de 5%
de crianças americanas e está aumentando no país.cirurgia e se livrou de problemas de saúde.
(Foto: AP Photo/Al Behrman)
É considerado um caso de obesidade severa quando o índice de massa corporal (IMC) supera 35. A média de IMC no estudo era de 51.
Pelo fato de que as mudanças de estilo de vida e medicações raramente funcionarem para esse grupo de adolescentes obesos, a cirurgia deveria ser considerada por aqueles com problemas de saúde relacionados ao peso e que sejam psicologicamente maduros para lidar com o procedimento.
Os resultados mostram ainda que adolescentes se saem até melhor do que os adultos após a cirurgia, ao menos inicialmente. Não houve mortes entre os adolescentes pesquisados, enquanto estudos anteriores com adultos apresentaram algumas mortes após a cirurgia.
Os pesquisadores ainda estão trabalhando com os dados coletados para verificar se a cirurgia resultou em perda de peso duradoura e melhor saúde para os adolescentes.
A jovem Chelsea Hale foi de 142,43 quilos para 63,5 quilos, quase metade de seu antigo peso, desde que fez a cirurgia há três anos, quando tinha 17. Antes da cirurgia, ela tinha problemas hormonais, obstrução cardíaca e apneia do sono, todas ligadas à obesidade. Hoje, ela não apresenta nenhum desses problemas. “Eu me sinto bem, eu posso praticamente fazer quase tudo fisicamente”, diz Chelsea, agora estudante de enfermagem.
O cardiologista da Universidade do Colorado Robert Eckel, porta-voz da Associação Americana do Coração, disse que o estudo mostra que a cirurgia de obesidade deve ser considerada uma alternativa razoável para adolescentes, mas que os resultados podem refletir um cenário otimista, já que os cirurgiões envolvidos tinham ampla experiência.
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