7.01.2012

"Hormônio da Fome"

 

Tratamento corta 'hormônio da fome' e evita ganho de peso

Composto criado por cientistas ainda é capaz de reduz ira absorção de glicose

obesidade
 (Tim Sloan / AFP)
Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore (Maryland), nos Estados Unidos, comprovaram com sucesso um tratamento que bloqueia o chamado "hormônio da fome" e que, além de controlar o peso, pode ter outros benefícios para o metabolismo, segundo estudo publicado na edição desta semana da revista Science.
A equipe de pesquisadores criou um composto que inibe a ação da grelina, um hormônio natural associado ao ganho de peso e à sensação de fome. Outros estudos já tinham demonstrado que esse hormônio é produzido pelo estômago e liberado na corrente sanguínea após períodos de jejum, e seus níveis diminuem logo após a ingestão de comida. Além disso, os cientistas determinaram que os níveis de grelina são mais altos nas pessoas magras do que sofrem de obesidade.
Brad Barnett e sua equipe do Departamento de Farmacologia e Ciências Moleculares também sabiam que esse hormônio só funciona na presença de uma enzima chamada aciltransferasa-O-grelina (GOAT, pela sigla em inglês). O grupo criou, então, um composto que inibe a GOAT, o GO-CoA-Tat, e o injetou em ratos que eram alimentados com alto conteúdo de gordura. O composto melhorou a tolerância à glicose e retardou o aumento de peso nas cobaias, sem reduzir a quantidade de comida ingerida. De acordo com os pesquisadores, o resultado indica que o composto afeta o metabolismo, em vez de diminuir o apetite. Os ratos continuaram a comer a mesma quantidade de comida, mas o corpo passou a gastar mais energia, evitando o ganho de peso.
Sem aplicação como remédio — O artigo informa que o tratamento requer repetidas injeções de GO-CoA-Tat, ou seja, é pouco provável que seja desenvolvido como um medicamento contra obesidade. Mas o resultado é potencialmente valioso para o desenvolvimento de esforços futuros para um tratamento contra a obesidade.
"O aumento contínuo da proporção de indivíduos com excesso de peso na sociedade ocidental ao longo das últimas três décadas se vinculou a um aumento substancial da morbidade, e isto é um grave problema de saúde pública", informa o artigo. Para enfrentar este problema "estão em andamento intensos esforços para esclarecer as interações de nutrientes e hormônios que contribuem para o aumento de peso."
(Com agência EFE)

Hormônio é culpado por criar 'espaço' para sobremesa

Grelina, que sinaliza no cérebro a vontade de comer, faz com que um pessoa que já está saciada sinta fome quando se depara com um alimento calórico

Fome Hormônio da fome: Testes com ratos mostraram que desativar receptores da grelina faz com que animais comam menos alimentos calóricos após refeição (ThinkStock)
A grelina, conhecida como o 'hormônio da fome" por induzir a vontade de comer, pode ser a culpada por uma pessoa, mesmo depois de comer bastante, ainda arranjar um "espaço" para a sobremesa. Segundo um novo estudo apresentado no 94º Encontro Anual da Sociedade de Endocrinologia, que acontece até esta terça-feira em Houston, nos Estados Unidos, esse hormônio aumenta a sensação de recompensa que ocorre no cérebro quando ingerimos um alimento calórico, fazendo com que uma pessoa que está saciada se comporte como se estivesse com fome.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The Role of Ghrelin in Reward-Based Feeding

Onde foi divulgada: 94º Encontro Anual da Sociedade de Endocrinologia, em Houston, EUA

Quem fez: Veronique St-Onge e Alfonso Abizaid

Instituição: Universidade Carleton, no Canadá

Resultado: O hormônio grelina pode ser responsável por uma pessoa sentir vontade de comer uma sobremesa ou outro alimento calórico mesmo se estiver saciada. Ratos que tiveram seus receptores de grelina desativados ingeriram menores quantidades de um biscoito após comerem grandes quantidades de ração do que os animais cujos receptores do hormônios estavam ativados
A pesquisa chegou a essa conclusão após realizar testes com ratos. Nos experimentos, os animais podiam comer a quantidade que quisessem de ração durante quatro horas. Quando eles ingeriam mais ração do que o habitual, os pesquisadores lhes davam 30 gramas de biscoito na última hora do período de alimentação. Depois, o comportamento dos ratos que tiveram desativados seus receptores de grelina foi comparado ao dos animais que possuíam os receptores do hormônio ativos.

Segundo o estudo, os ratos de ambos os grupos comeram, em média, a mesma quantidade de ração. Porém, aqueles que não tinham o receptor de grelina ingeriram seis gramas de biscoito, enquanto os outros animais comeram oito gramas. Para os pesquisadores, essa diferença é significativa quando é considerado o peso corporal de cada rato.
"Combinado com um estilo de vida cada vez mais sedentário da população, o consumo exagerado de alimentos ligados ao sistema de recompensa do cérebro (alimentos cujo valor calórico supera as necessidades do organismo) pode ser um dos responsáveis pela atual epidemia de obesidade que vivemos", diz Veronique St-Onge, pesquisadora da Universidade Carleton, no Canadá, e coordenadora do estudo. "Por isso, os receptores do hormônio grelina podem representar um importante alvo para o tratamento da obesidade."

Hormônios são culpados pela eterna briga com a balança

Pessoas que se submetem a dietas restritivas têm mais dificuldade para não recuperar o peso perdido. A culpa, segundo estudo, seria o desbalanço entre os hormônios que controlam o apetite

Pessoas que se submetem a dietas restritivas têm mais dificuldade para não recuperar o peso perdido Pessoas que se submetem a dietas restritivas têm mais dificuldade para não recuperar o peso perdido (Creatas)
Quem tenta emagrecer, mas depois recupera todo o peso perdido, pode culpar o desequilíbrio hormonal pelo insucesso na briga com a balança. É o que sugere um estudo da Universidade de Melbourne, na Austrália, publicado nesta quinta-feira pelo New England Journal of Medicine.

LEPTINA
A leptina avisa ao cérebro que já existe um excesso de gordura acumulada e que está na hora de moderar a ingestão de comida.
GRELINA
A grelina é produzida no estômago e no intestino e sinaliza, no cérebro, a vontade de comer.
De acordo com o estudo australiano, quando uma pessoa perde peso, especialmente em uma dieta mais restritiva, o organismo altera a produção de hormônios: ajusta para a perda de reservas de gordura e, ao mesmo tempo, promove uma forte vontade de comer mais para suprir as reservas. Ou seja, o desejo de emagrecer não vence a ordem química que diz: coma mais.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores recrutaram 50 voluntários que tinham sobrebeso ou obesidade. Eles foram submetidos a uma dieta extremamente restritiva, com um consumo diário de 500 calorias. Até o fim do programa, 34 deles haviam perdido 10% do peso corporal e começaram a reintroduzir gradualmente outros alimentos à dieta.
Durante um ano, os pesquisadores monitoraram nove hormônios diferentes no sangue dos pacientes, conhecidos por influenciar o apetite. Eles descobriram que, mesmo após 12 meses, seis dos hormônios ainda estavam desequilibrados.
Por exemplo, os níveis do hormônio grelina aumentaram bastante após a perda de peso, mas continaram aumentando durante todo o acompanhamento. Por outro lado, os níveis do hormonio leptina, caíram (leia mais no quadro ao lado).
De acordo os autores, a pesquisa mostra que, quando as pessoas perdem peso, a reação natural dos hormônios é fazer com que elas recuperem esse peso. "Pessoas que recuperam o peso não devem se culpar tanto, já que comer é o nosso instinto mais básico", disse Joseph Proietto, autor do estudo da Universidade de Melbourne, na Austrália.
"É necessário encontrar mais uma solução para a obesidade. Uma combinação de medicamentos que seja segura para o uso contínuo", escreveram os pesquisadores.

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