Por dentro da maior obra da copa
Como é o dia a dia no canteiro onde ocorre a reforma do Maracanã, cuja construção está 60% pronta
Wilson AquinoPara entrar no local é necessário usar paramentação própria: bota com biqueira de aço, calça comprida e capacete. São muitas gruas, estruturas metálicas empilhadas e vários tipos de máquinas em meio a 5.200 pessoas trabalhando no local, entre engenheiros, técnicos e operários. Do velho estádio, o maior do Brasil, pouco vai restar, além da arquitetura externa, tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Praticamente, só as duas monumentais rampas de acesso continuarão lá, além do nome de batismo na entrada, Estádio Mário Filho – em homenagem ao jornalista irmão do dramaturgo Nelson Rodrigues. Com 60% dos trabalhos concluídos e previsão de conclusão da reforma em fevereiro, terá menos lugares nas arquibancadas do que antes: de 83 mil para pouco mais de 79 mil, além de 110 camarotes.
NOVO ESTÁDIO
A inauguração está prevista para fevereiro de 2013: 5.200 pessoas trabalham no local
Mesmo no improviso das obras é possível perceber que as cadeiras da arquibancada serão mais confortáveis. A distância entre elas passou de 48 para 50 centímetros, ao estilo retrátil, garantindo uma melhor mobilidade dos torcedores no acesso e na saída das arquibancadas. Os assentos, em tons amarelo, azul e branco, vão compor, com o gramado verde, as cores da bandeira nacional. Ao ver a reportagem de ISTOÉ, muitos funcionários pediam para ser fotografados, dizendo que têm conhecimento de que participam de um momento histórico. A jovem Aline Paiva, 23 anos, que nunca tinha pisado no estádio antes de ser contratada como auxiliar de produção, fala do orgulho que sente: “Também faço parte do novo Maracanã, meu suor e minhas digitais vão ficar marcados aqui para sempre.” Apelidada de Bonequinha, ela conhecia apenas a fama do lendário templo.
Foi lá que Pelé fez seu milésimo gol em
1969. Foi lá que a massa de 200 mil pessoas assistiu à derrota do time
canarinho para o Uruguai na final da Copa de 1950 e eclodiu num
inesquecível choro coletivo. “O Maraca pode não ser o maior estádio do
mundo, mas vai passar a ser o mais bonito”, afirma o líder de manutenção
de máquinas Edwin Aldrin Linhares de Paula, 42 anos, responsável por
mais de 80 delas na obra. Ao contrário de Aline, trabalhar naquele lugar
tem significado especial para ele, que queria ser jogador de futebol.
Chegou a treinar na Associação Atlética Portuguesa, do Rio, aos 16 anos,
mas não conseguiu concretizar o sonho de entrar no Maracanã de chuteira
e uniforme.
“Reformar um patrimônio dessa importância, adaptando para as exigências de grandes estádios, para sediar a Copa, é um tremendo desafio. Mas o resultado será o estádio mais moderno do mundo”, aposta o vice-governador do Estado do Rio, Luiz Fernando de Souza, conhecido como Pezão, uma espécie de gerentão da obra. O novo Maracanã também será palco de espetáculos culturais. Para que o estádio receba a certificação ambiental, todas as melhorias são baseadas no sistema LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), do Green Building Council Brasil, selo concedido a empreendimentos com alto desempenho ecológico. Além de verde, será mais seguro: um sistema de controle de imagem vai monitorar cada torcedor da entrada na roleta eletrônica até ele chegar à cadeira, em qualquer parte do Maracanã.
“Reformar um patrimônio dessa importância, adaptando para as exigências de grandes estádios, para sediar a Copa, é um tremendo desafio. Mas o resultado será o estádio mais moderno do mundo”, aposta o vice-governador do Estado do Rio, Luiz Fernando de Souza, conhecido como Pezão, uma espécie de gerentão da obra. O novo Maracanã também será palco de espetáculos culturais. Para que o estádio receba a certificação ambiental, todas as melhorias são baseadas no sistema LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), do Green Building Council Brasil, selo concedido a empreendimentos com alto desempenho ecológico. Além de verde, será mais seguro: um sistema de controle de imagem vai monitorar cada torcedor da entrada na roleta eletrônica até ele chegar à cadeira, em qualquer parte do Maracanã.
TRABALHADORES
Aline Paiva nunca havia pisado no estádio e Edwin Linhares
foi jogador de futebol, mas nunca jogou no Maracanã
A execução da reforma enfrentou polêmicas e atrasos. Os operários fizeram greve por 13 dias no ano passado reivindicando direitos trabalhistas, e a Construtora Delta, que integrava o Consórcio Maracanã Rio 2014, junto com a Odebrecht e Andrade Gutierrez, saiu do projeto em abril, depois de flagrada como integrante do esquema criminoso do contraventor Carlinhos Cachoeira. “Foi como se tivéssemos deslocado o início das obras para maio deste ano”, explica o engenheiro Carlos Berardo Zaeyen, gerente do consórcio. Segundo ele, quando foi definida a retirada da cobertura, após muita polêmica, foram necessários dez meses somente para se conhecer melhor o desafio, e, por conta disso, a construção progrediu minguados 10% no período. “Hoje temos um avanço físico médio de 6% ao mês, demonstrando que vamos atingir nossa meta”, diz ele.
A cirurgia plástica é elogiada por craques. “Do jeito que estava ultrapassado, a gente perdia o prazer de frequentar o estádio. Não dava nem para ir ao banheiro, de tão fedorento”, afirma Carlos Alberto Torres, o capitão da Seleção tricampeã de 1970. Os torcedores estão ansiosos para que o velho Maracanã ressurja logo novinho em folha e dê muitas alegrias aos brasileiros.
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