Clique nestas paradinhas(LINKs) ai em baixo e descubra:
Tributos
90 anos de Imposto de Renda no Brasil: de Gulliver ao Leão
Falando um pouco sobre 'economia da natureza'
Fonte: Marcus Eduardo de Oliveira
“Propor o crescimento econômico de forma exponencial
só pode ser coisa de um idiota, ou de um economista”.
(Kenneth Boulding).
A
relação entre a ciência econômica e a ecologia tem sido cada vez mais
intensa por conta, basicamente, da prerrogativa em torno do crescimento
econômico. Essa relação não se desvincula tão facilmente. A necessidade
de se buscar o crescimento econômico tem sido um dos pontos mais
controversos dessa relação. O fato é que ao longo do tempo, a “conversa”
entre a economia e a ecologia não tem sido nada amistosa. A maneira de
atuar da economia e da ecologia tem sido antagônica, especialmente em
relação à problemática do crescimento econômico versus exploração dos
recursos naturais. Visto por outro prisma, estamos nos referindo ao
conflito existente entre as “Leis da Economia” versus as “Leis na
Natureza”.
De um lado, há os que defendem um crescimento a
qualquer custo, vendo nisso uma saída eficaz e rápida para os graves
problemas socioeconômicos que afeta quase metade da população mundial.
Do outro lado, há os que clamam pela interrupção imediata (propondo até
mesmo a prática do crescimento zero) de um crescimento que tem feito
mais estragos, gerando passivos ambientais, do que proporcionado
benesses.
O fato inegável é que a atividade econômica tem
sido extremamente agressiva desde o ato de extrair recursos, passando
pelo processo produtivo e culminando na prática do consumo final quando
solta resíduos, comprometendo assim a capacidade do planeta Terra em
lidar com essa situação.
Afora isso, aqueles que pensam que o
consumo/produção precisa apresentar moderação, entendem que não há mais
espaço físico – nem condições para isso - para se alcançar taxas de
“crescimentos exponenciais” visto que os recursos para tal são
inequivocamente de ordem finita.
É de fundamental importância
entender que a biosfera é finita, limitada e hermeticamente fechada.
Conquanto, esse debate, além de interessante, é também muito polêmico,
uma vez que trata de abordagens extremamente conflitantes.
Para
aguçar ainda mais esse debate, apresentamos a seguir, em forma de
apontamentos, algumas considerações em torno dessa questão.
Alguns apontamentos pertinentes
*
Pelo menos desde o Neolítico (12.000 anos a.C.) todas as sociedades
históricas consomem de forma crescente energias da natureza;
*
É necessário conciliar a Economia com o Meio Ambiente, tendo em vista
que tudo, absolutamente tudo, vem da natureza. Não é mais possível que
os economistas, em geral, continuem ignorando essa realidade. A Economia
precisa estar em fina sintonia com a Ecologia. Corrobora para esse
argumento o fato de que um dos primeiros formuladores do termo Ecologia,
Ernst Haeckel (1834-1919), chegou a chamar a ecologia, em certo
momento, de “a economia da natureza”;
* O fato mais grave, no
entanto, é que a teoria econômica tradicional propõe o crescimento
econômico sem limites, de forma exponencial e ininterrupta, a qualquer
custo, e esquece, nesse pormenor, que a biosfera é finita, limitada e
não aumentará de tamanho. Nesse sentido, é absolutamente ignorado pela
Economia o pressuposto básico que aponta para um crescimento econômico
capaz de produzir passivo ambiental. Essa questão é simplista: não há
espaço para todos; muito menos há (ou haverá) recursos disponíveis
(renováveis) que seja capaz de oferecer o “Éden”, como querem alguns;
*
Gandhi, um dos “Iluminados” pensadores que habitou o planeta Terra, a
esse respeito, profetizou que: “A Terra é suficiente para todos, mas não
para os consumistas”;
* Conquanto, de forma estúpida,
irracional e pouco inteligente - para dizer o mínimo -, a Economia não é
mais entendida como gestão racional da escassez, mas, sim, como a
ciência capaz de crescer exponencialmente, sendo que esse crescimento
irá, na opinião dos “agentes econômicos agressores do meio ambiente”,
curar todas as enfermidades do mundo;
O que teremos adiante?
*
De um lado, temos então o “crescimento” das necessidades das pessoas;
do outro, a cada ano, presenciamos mais e mais habitantes que vão
ocupando os mesmos espaços do planeta Terra (lembremos: a Terra não
aumentará de tamanho). Sobre a questão populacional, é oportuno aduzir
que descontadas as mortes, a cada dia tem-se 200 mil novas almas
chegando ao mundo. Ao ano, são mais de 70 milhões de novos habitantes no
planeta Terra;
* No entanto, dizem os inconseqüentes que o
mais importante é fazer a economia crescer, aumentando a produção para o
atendimento de toda essa gente nova que está chegando ao planeta Terra.
(Apenas para efeito de melhor entendimento, cabe apontar que em apenas
50 anos, de 1950 a 2000, o PIB mundial saltou de 6 trilhões de dólares
para 43 trilhões. Portanto, aumentou sete vezes de tamanho. Já a
população saltou em 1900 de 1,5 bilhão de pessoas para 7 bilhões na
atualidade);
* É necessário pôr fim à ideia de se buscar um
crescimento econômico infinito e exponencial por dois singelos motivos:
1° Esse crescimento não eliminará todos os males do mundo; 2° Os limites
para tal crescimento são dados pelos recursos finitos da natureza;
*
Diante dessa realidade inelutável, é possível concluir que a Ciência
Econômica, desde seu nascimento, se encontra anos-luz de distância e
totalmente “desconectada” da realidade ambiental e, além disso, a
ciência econômica não percebeu ainda os riscos que a insistência num
crescimento (quantidade ilimitada) sem respeito à biosfera está
provocando em termos de destruição ambiental;
* A atividade
econômica que aí está praticada de forma livre, leve, e solta pelas
sociedades modernas e industrializadas, ainda não se deu conta de que se
trata apenas de um subsistema da natureza e que depende dessa natureza
para tudo, absolutamente para tudo;
* No entanto, os “limites”
ao crescimento econômico continuam sendo completamente ignorados. Para o
crescimento de qualquer economia é necessário matéria e energia.
Acontece que o animal-homem não pode criar nem matéria e nem energia. A
fórmula de Einstein, a esse respeito, é precisa: a obtenção de mais
energia somente é possível pela obtenção de mais massa. É necessário,
portanto, mais matéria e energia para produzir mais matéria e energia;
*
É assim que se movimenta, grosso modo, toda e qualquer economia – com
massa e energia. Todo o maquinário (bens de capital) é produzido com
minérios e movimentado com combustíveis fósseis;
* Entretanto,
infelizmente, o sistema econômico sempre viu a natureza e seus recursos
naturais como um mero objeto para ser transformado, explorado e sugado.
Nunca, em momento algum, esse sistema que “regula” as atividades da
economia, que conduz, por sua vez, a busca por taxas de crescimento
econômico imperfeitos, falhos e destruidores, olhou para a natureza como
algo a ser cuidado e protegido. A lógica que prevalece é a de sempre: a
exploração;
* Diante disso, é possível afirmar que enquanto
as leis da Economia continuarem ignorando, por completo, as leis da
Natureza, o futuro (o nosso futuro!) estará, a cada segundo que se
passa, mais e mais comprometido, expondo, por conseqüência, todos nós em
sério risco;
* Lembremos, uma vez mais: não é a Terra que
entrará em extinção com o desajuste entre a atividade produtiva e o
sistema ambiental; somos nós que sofreremos as consequências.
* Urge entendermos que é necessário trocar o crescimento (quantidade) por desenvolvimento (qualidade);
*
Somente quando o colapso ambiental se fizer evidente para todos, é que
nos lembraremos das sábias palavras do cacique Seattle: “Quando a última
árvore for abatida, quando o último rio for envenenado, quando o último
peixe for capturado, somente então nos daremos conta de que não se pode
comer dinheiro”.
Marcus Eduardo de Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário