Bope ocupa Conjunto de Favelas do Alemão e da Penha, no Rio
Ação é permanente e por período indeterminado, diz comandante-geral.
Coronel Frederico Caldas disse que 20 pontos dos complexos terão PMs.
Agentes
da Polícia Militar do Rio de Janeiro passam por treinamento com o Bope
para aperfeiçoar o trabalho no Conjunto de Favelas do Alemão (Foto:
Guito Moreto/Agência O Globo)
Vinte pontos críticos dos dois complexos estão ocupados por policiais de UPPs, segundo a Polícia Militar. Na sexta, o comandante-geral da PM antecipou a chegada e disse que a tropa de elite vai ficar nos locais até "quando for necessário". Um dia depois, o coordenador das UPPs, coronel Frederico Caldas, deu mais detalhes da operação.
"Foi formado um cinturão de segurança nas duas comunidades", disse o coronel, que acrescentou ainda que diariamente recebe informações sobre ataques às UPPs. "A presença do Bope dá apoio operacional e psicológico. Qualquer que seja o recurso que nós precisamos, todas as forças de segurança darão uma resposta dura e imediata. É um momento de alteração da escala de alguns policiais . É um momento de sacrifício", acrescentou.
A previsão inicial era que o Batalhão de Operações Especiais (Bope) entrasse no Alemão às 10h, mas a tropa de elite só chegou à comunidade por volta de 12h10.
Ainda de acordo com Caldas, a presença do Bope será permanente na região. Ele informou que recebeu R$ 50 mil do comando da PM pra recuperar os carros da Polícia Militar. De acordo com ele, 300 policiais de outras unidades de policia pacificadora vão reforçar, a partir da tarde deste sábado, as áreas da Penha e do Alemão.
Bope chega ao Conjunto de Favelas do Alemão,
no Rio (Foto: Reprodução / TV Globo)
Bope ficará 24h no Alemão', diz coronel da PMno Rio (Foto: Reprodução / TV Globo)
O comandante-geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, coronel José Luís Castro Menezes, disse nesta sexta-feira (14), em entrevista ao RJTV, que o Bope ficará no Alemão por período indeterminado. A operação se estende ao Conjunto de Favelas da Penha, que também teve ataques de traficantes à UPP, e onde o subcomandante da Unidade de Polícia Pacificadora da Vila Cruzeiro, Leidson Acácio, foi morto na quinta-feira (13) por criminosos.
"Nos reunimos hoje [sexta, 14] e decidimos, a partir de amanhã [sábado, 15], deslocar uma companhia de instrução do Batalhão de Operações Especiais para o Alemão, reforçar o efetivo com mais 100 policiais militares que vão passar diariamente por estes treinamentos com o Bope, aperfeiçoando seu treinamento."
Frederico Caldas falou com a imprensa em frente à
sede da Coordenadoria de Polícia Pacificadora no
Alemão. (Foto: Mariucha Machado / G1)
Treinamentosede da Coordenadoria de Polícia Pacificadora no
Alemão. (Foto: Mariucha Machado / G1)
Caldas informou também que policiais mais experientes e com mais tempo na corporação foram os escolhidos para serem treinados pela equipe do Bope. "A tropa de intervenção será preparada para intervir em casos de situações extremas. Eles terão uma qualificação maior, mas a ideia é que eles não sejam uma tropa especial. Os policias de pacificação não perderão sua concepção", garantiu Caldas.
"O treinamento dos 100 policiais pelo Bope é para dar uma capacidade de reação maior, um reflexo maior durante o patrulhamento nas comunidades. Na medida que o processo de pacificação vai avançando, há um prejuízo para o tráfico, há uma perda de poder. A gente persiste nestes desafios, mas esses ataques é uma reação a perda nos negócios", afirmou.
Falha na formação
O coronel declarou ainda que não é possível afirmar se houve falha na formação dos policiais. "Não da para dizer que houve falha na formação dos policiais e por isso esses policiais morreram. Nós estamos vivendo um momento diferente". A companhia de instrução do Bope será instalada no Alemão neste sábado.
Subcomandante da UPP Vila Cruzeiro foi morto na
quinta-feira (13) (Foto: Reprodução/TV Globo)
Menezes pediu à população que aposte no trabalho da polícia militar e
faça denúncias sobre o crime organizado. "O risco [que corremos] é pela
sociedade. É importante que [as pessoas] confiem no nosso trabalho,
fornecendo informações e ligando para o disque-denúncia", afirmou.quinta-feira (13) (Foto: Reprodução/TV Globo)
A permanência do Bope no Alemão foi confirmada também pelo secretário de segurança pública, José Mariano Beltrame, em cerimônia de formatura de novos soldados da polícia militar. De acordo com Beltrame, os policiais ficarão no local por 24h até que seja necessário.
Na ocasião, ele disse também que alguns dos ataques às UPPs foram ordenados de dentro de presídios. No entanto, descartou que a morte do subcomandante da UPP DA Vila Cruzeiro tenha partido de dentro de alguma cadeia.
"Nós estamos levando a Companhia de Instrução do Bope para o Alemão e uma série de operações em lugares que têm ligação direta e indireta com o Complexo do alemão e [Vila] Cruzeiro", afirmou.
O comandante geral das Unidades de Polícia Pacificadora, Coronel Frederico Caldas, afirmou que o Conjunto de Favelas do Alemão, no Subúrbio, e a Rocinha, na Zona Sul, receberão reforço no policiamento. Ele revelou que a polícia vai realizar operações na comunidade.
"Teremos reforço de 100 policiais no Alemão e 20 na Rocinha. Vamos antecipar essas medidas para amanhã. Serão treinados para fazer intervenções nas áreas da UPP. Mesmo os cursos de ações táticas serão feitas no Alemão. Serão desencadeadas várias operações previstas para semana que vem, nós estávamos aguardando informações. As operações serão desencadeadas com o apoio Bope e Choque. A resposta será extremamente dura", disse o comandante. Segundo Caldas, a Rocinha também terá operações.
Subcomandante é morto na Vila Cruzeiro
A declaração foi dada no dia seguinte à morte do tenente Leidson Acácio Alves Silva, subcomandante da UPP Vila Cruzeiro em um confronto com traficantes. O policial e colegas faziam buscas na região pelos responsáveis quando aconteceu a troca de tiros durante a qual Leidson foi atingido com um tiro na testa.
Segundo a assessoria de imprensa das UPPs, o ataque aconteceu por volta das 20h40 de quinta (13). Tiros foram disparados na direção do container que serve como base da UPP Vila Cruzeiro na Rua José Rucas.
Ainda de acordo com a assessoria das unidades, os policiais fizeram buscas na região e o patrulhamento foi intensificado em todo o Complexo da Penha à procura dos criminosos. Por volta das 22h40, policiais da UPP Vila Cruzeiro patrulhavam a Rua 10, divisa entre as comunidades do Parque Proletário e Vila Cruzeiro, quando tiros foram disparados na direção dos agentes.
Os militares revidaram e durante o confronto o subcomandante da unidade, o tenente Leidson Acácio Alves Silva, de 27 anos, foi atingido por um disparo na cabeça. Ele foi socorrido e encaminhado ao Hospital Getúlio Vargas e não resistiu ao ferimento. O Batalhão de Operações Especiais (BOPE) foi acionado e esteve na comunidade fazendo ações de varredura durante toda a madrugada. O tenente Acácio estava na corporação há pouco mais de 3 anos e estava na UPP Vila Cruzeiro há cerca de 3 meses.
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