3.14.2014

Novos tratamentos contra cânceres no sangue

O mês de março começou com duas importantes notícias relacionadas a cânceres no sangue. Na semana passada, o laboratório farmacêutico Novartis anunciou que um teste de fase final do medicamento Jakavi tinha atingido seu objetivo primário e melhorado duas importantes medidas de controle da Policitemia Vera, um câncer no sangue incurável associado a um excesso de produção de células.

De acordo com informações divulgadas pela revista Exame, quando comparado com a melhor terapia disponível para a doença, o Jakavi foi capaz de manter o volume de células vermelhas do sangue, sem a necessidade de flebotomia, também reduzindo o tamanho do baço em determinados pacientes. Segundo a reportagem, os dados serão submetidos às autoridades regulatórias em todo o mundo neste ano.

Na outra frente dessa luta contra o câncer está uma pesquisa com um medicamento que conseguiu aumentar em 83% a taxa de sobrevivência de pacientes com leucemia linfoide crônica. O Ibrutinib ainda está sendo testado, mas há indícios de que possa promover a cura sem que os pacientes precisem passar pela quimioterapia convencional. Pesquisadores investigam se a inovação pode representar o fim da quimioterapia. O estudo foi publicado no New England Journal of  Medicine.

A quimioterapia convencional é agressiva para o paciente porque ataca o conjunto das células do corpo e por um período prolongado, enfraquecendo as células cancerígenas, bem como todo o organismo. Os novos medicamentos fazem o contrário. “Chamados de terapia-alvo, são desenvolvidos para atacar moléculas cancerígenas específicas”, explica o médico hematologista do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP) e do Hospital Erasto Gaertner, Eduardo Munhoz, em entrevista ao jornal paranaense Gazeta do Povo.

Munhoz destaca que, como são medicamentos, podem também ser considerados um tipo de quimioterapia. Mas são menos agressivos que as substâncias convencionais, além de causar poucos efeitos colaterais no paciente. Como ainda estão em desenvolvimento e não existem para todos os tipos de células cancerígenas, os pacientes não podem fazer apenas a terapia- alvo. “O tratamento ainda é associado com a quimioterapia convencional, mas talvez no futuro seja isolado. A tendência é que o tratamento seja cada vez mais individualizado, voltado para o caso de cada paciente”, assinala. Ele informa que, em longo prazo, isso pode significar o fim das quimioterapias convencionais e penosas.


Alternativas - Medicamentos para terapia-alvo estão disponíveis no Brasil. Segundo Munhoz, entre os já usados no país com essa finalidade está o Rituximabe, também conhecido como Mabthera, usado em casos de linfoma, câncer de mama, tumor de intestino e leucemia. A substância é líquida e ministrada pelas clínicas oncológicas. A partir deste ano, essa substância será disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes com linfoma, mas apenas quando a doença resiste ou retorna após um primeiro tratamento convencional. A previsão do Ministério da Saúde é que a medida atinja cerca de 1,5 mil pessoas, ao custo de R$ 28 milhões por ano.

Farmanguinhos entra no campo oncológico – Um dos primeiros medicamentos desse tipo de atuação é o Glivec, anunciado em 2001, cujo princípio ativo é o Mesilato de Imatinibe. Também disponível no Brasil, é usado no tratamento de leucemia mieloide crônica (LMC) e  tumores gastrointestinais estromais. Numa estratégia de saúde pública, e de ampliação do acesso a medicamentos estratégicos para a população brasileira, Farmanguinhos vai produzir esse importante antineoplásico, usado contra a LMC, variação da leucemia que afeta entre 15% e 20% dos casos da doença no Brasil.

Farmanguinhos dividirá a produção nacional do Mesilato de Imatinibe com o Instituto Vital Brazil (IVB), por meio de uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que envolve outros cinco laboratórios privados nacionais: Cristália, EMS, Laborvida, Globe Química e Alfa Rio. Além de beneficiar mais de sete mil pacientes brasileiros, dos quais, mais de seis mil recebem tratamento na rede pública de saúde, essa iniciativa vai gerar uma economia de cerca de R$ 70 milhões/ano para o Ministério da Saúde.
Última atualização ( Ter, 11 de Março de 2014 12:02 )  
   Alexandre Matos

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