PT tentou obstruir, mas base aliada conseguiu aprovar requerimento.
Deputados de oito partidos aliados votaram contra orientação do Planalto.
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Deputados
no plenário durante a sessão que aprovou a criação de comissão externa
para apurar irregularidades na Petrobras (Foto: Gustavo Lima / Agência
Câmara)
Em meio à crise entre o governo federal e a base aliada no Congresso, a
maioria dos integrantes do chamado "blocão", grupo de partidos aliados,
mas insatisfeitos com o governo, impôs nesta terça-feira (11) a
primeira derrota ao Planalto no Legislativo ao aprovar a criação de uma
comissão externa de deputados para investigar denúncias de propina na
Petrobras.O texto recebeu 267 votos a favor, 28 contrários e 15 abstenções. De acordo com o requerimento, apresentado por DEM e PSDB, um grupo de parlamentares irá à Holanda para acompanhar as investigações sobre suposto pagamento de propina a funcionários da estatal pela empresa holandesa SBM Offshore, que aluga plataformas flutuantes a companhias petrolíferas.
O texto aprovado pelos deputados contraria o governo, que alega que a investigação pode prejudicar a imagem da estatal do petróleo.
O PT tentou obstruir a votação, utilizando instrumentos previstos no regimento interno para postergar a análise da matéria, recebendo apoio apenas do PC do B entre os aliados. Dentro da base governista, votaram pela aprovação da comissão o PMDB, o PR, o PSC, o PTB, além de parte do PDT, do PP, do PROS e do PSD.
Para o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a criação da comissão externa seria um “erro político” "Vai colocar a Petrobras em dúvida no plano internacional por uma investigação que não existe, e a Câmara ainda pode ficar em maus lençóis ao não ter acesso às investigações", disse Chinaglia.
No entanto, a oposição e cinco partidos que formam o "Blocão" defenderam aprovar o texto, entre os quais o PMDB, segunda maior bancada da Câmara.
A relação do Palácio do Planalto com a base aliada tem se deteriorado nos últimos meses. Partidos reclamam do não cumprimento de acordos quanto à liberação de recursos de emendas parlamentares, criticam a demora da presidente Dilma Rousseff em concluir a reforma ministerial, e se dizem excluídos das decisões políticas e de lançamentos de programas do governo federal.
O foco da crise é a Câmara dos Deputados e a relação tumultuada que o Planalto tem com o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). Nesta segunda, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com lideranças do PMDB, mas não convidou Cunha, o que foi interpretado por parlamentares como uma tentativa de isolar o líder peemedebista.
Em resposta, o "Blocão" e a bancada do PMDB na Câmara anunciaram publicamente apoio ao peemedebista e disseram que eventual tentativa de excluí-lo significaria ignorar toda a base aliada da Casa.
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Após a aprovação da comissão de externa para investigar a Petrobras,
Eduardo Cunha negou que a votação tenha sido uma tentativa de “retaliar”
o Planalto. "Não tem nenhuma intenção de vingança", afirmou.O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), também defendeu a aprovação do requerimento.
"A comissão externa não é acusatória, é investigatória. Essa comissão é apenas para investigar. O bem da Petrobras é o que todos nós queremos, e esta Casa cumpriu seu dever", afirmou.
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