Copenhague,
10 abr (EFE).- A Academia Sueca afirmou nesta terça-feira que não pensa
em retirar o Nobel de Literatura do escritor alemão Günter Grass após a
polêmica suscitada em Israel por um poema no qual criticava o potencial
atômico desse país e pelo qual foi acusado de antissemitismo.
"Não há nem haverá nenhuma discussão na Academia sobre retirar-lhe o
prêmio", declarou hoje em seu blog Peter Eglund, secretário permanente
da instituição que outorga anualmente o Nobel de Literatura.Englund ressaltou que a decisão de premiar Grass em 1999 esteve baseada "em seus méritos literários e apenas nisso, algo que certamente pode ser aplicado a todos os ganhadores".
O jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" e meios internacionais divulgaram na quarta-feira passada o poema "Was gesagt werden muss" ("O que é preciso dizer"), no qual Grass afirma que o programa atômico de Israel é um perigo para a "frágil paz mundial" e ressaltava que um ataque contra o Irã poderia levar ao aniquilamento de sua população.
O escritor rompeu assim um tabu na tradicional cautela da Alemanha que, por razões de responsabilidade histórica, evita qualquer crítica a Israel.
Após a publicação do poema, o vice-primeiro-ministro israelense, Eli Yishai, declarou Grass persona non grata em seu país e respaldou sua decisão com o argumento que o escritor tinha vestido o uniforme das SS (polícia nazista).
Em Israel chegou a pedir-se, além disso, que lhe retirassem o Nobel de Literatura por suposto antissemitismo.
Grass, de 84 anos, reconheceu em 2005 ter servido, aos 17 anos e durante nove meses, nas Waffen-SS, uma confissão tardia que nesse momento suscitou já uma grande polêmica.
Ao longo de boa parte de sua carreira, Grass tinha se comportado como uma espécie de voz da consciência frente ao passado nazista de políticos e intelectuais.
O poema suscitou na Alemanha críticas de grande parte da classe política do país e também do âmbito intelectual e literário.
No entanto, a dura reação do governo israelense foi qualificada de exagerada e até populista, tanto na Alemanha como em Israel, após o que começaram a surgir apoios ao escritor. EFE
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