Insegurança alimentar, pouco uso de preservativo e Aids estão intimimamente ligados no Brasil
Pesquisador de Harvard diz que mulheres subjugadas pela fome no país perdem o poder de exigir o uso de camisinha durante as relações sexuais
RIO — A insegurança alimentar severa leva as mulheres brasileiras a
usarem menos camisinhas durante as relações sexuais, o que, por sua vez,
deixa-as mais expostas a doenças sexualmente transmissíveis, e,
sobretudo, ao vírus da Aids. Foi o que constatou um estudo feito pela
Universidade de Harvard e publicado na revista especializada “PLoS
Medicine” esta semana.
“Nossas descobertas sugerem que intervenções que tenham a insegurança alimentar como alvo podem ter implicações benéficas na prevenção do HIV. O nível cognitivo do indivíduo e/ou intervenções comportamentais com o objetivo de evitar o risco de HIV ou comportamentos de risco parecem ser menos eficazes se esses fatores estruturais também não forem levados em conta”, dizem os autores no trabalho.
Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores analisaram dados de 15.575 brasileiras ouvidas em 2006 e 2007 durante a realização da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher que, entre outros tópicos, tratou de segurança alimentar, usando como base a Escala Brasileira de Segurança Alimentar. Das entrevistadas, 12.684 haviam mantido relações sexuais com um homem nos 12 meses anteriores à análise, e, entre elas 1.762 se enquadravam na categoria de insegurança alimentar sem fome (13,9% do total), 783 (6,2%) na categoria de insegurança alimentar com fome moderada e 473 (3,7%) na categoria de insegurança alimentar severa. Cruzando dados de diversas formas, eles concluíram que, quanto maior a insegurança alimentar, mais reduzido o uso de preservativos e mais forte a presença de queixa de corrimento vaginal com comichão.
— A comunidade científica já sabe há muito tempo que relações motivadas por razões econômicas podem elevar o risco de as mulheres contraírem HIV. As razões variam da decisão de se engajar no mercado formal de sexo à prática do chamado sexo de sobrevivência e às relações transacionais (feitas como um negócio) — disse Alexsander Tsai, um dos pesquisadores, ao GLOBO. — Mas, em outros casos, estamos falando simplesmente de uma motivação econômica subjacente em relações nas quais a diferença de poder (dos parceiros) compromete a habilidade da mulher de negociar o uso da camisinha durante a relação sexual. Constatamos que a insegurança alimentar em que a fome está presente tem uma associação forte e substancial com o uso de preservativos e os sintomas de infecções sexualmente transmissíveis.
“Nossas descobertas sugerem que intervenções que tenham a insegurança alimentar como alvo podem ter implicações benéficas na prevenção do HIV. O nível cognitivo do indivíduo e/ou intervenções comportamentais com o objetivo de evitar o risco de HIV ou comportamentos de risco parecem ser menos eficazes se esses fatores estruturais também não forem levados em conta”, dizem os autores no trabalho.
Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores analisaram dados de 15.575 brasileiras ouvidas em 2006 e 2007 durante a realização da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher que, entre outros tópicos, tratou de segurança alimentar, usando como base a Escala Brasileira de Segurança Alimentar. Das entrevistadas, 12.684 haviam mantido relações sexuais com um homem nos 12 meses anteriores à análise, e, entre elas 1.762 se enquadravam na categoria de insegurança alimentar sem fome (13,9% do total), 783 (6,2%) na categoria de insegurança alimentar com fome moderada e 473 (3,7%) na categoria de insegurança alimentar severa. Cruzando dados de diversas formas, eles concluíram que, quanto maior a insegurança alimentar, mais reduzido o uso de preservativos e mais forte a presença de queixa de corrimento vaginal com comichão.
— A comunidade científica já sabe há muito tempo que relações motivadas por razões econômicas podem elevar o risco de as mulheres contraírem HIV. As razões variam da decisão de se engajar no mercado formal de sexo à prática do chamado sexo de sobrevivência e às relações transacionais (feitas como um negócio) — disse Alexsander Tsai, um dos pesquisadores, ao GLOBO. — Mas, em outros casos, estamos falando simplesmente de uma motivação econômica subjacente em relações nas quais a diferença de poder (dos parceiros) compromete a habilidade da mulher de negociar o uso da camisinha durante a relação sexual. Constatamos que a insegurança alimentar em que a fome está presente tem uma associação forte e substancial com o uso de preservativos e os sintomas de infecções sexualmente transmissíveis.
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