4.13.2012

Medicina Tradicional Chinesa

Medicina tradicional chinesa

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A medicina tradicional chinesa (MTC), também conhecida como medicina chinesa (em chinês 中醫, zhōngyī xué, ou 中藥學, zhōngyaò xué), é a denominação usualmente dada ao conjunto de práticas de medicina tradicional em uso na China, desenvolvidas ao longo dos milhares de anos de sua história.
É considerada uma das mais antigas formas de medicina oriental, termo que engloba também as outras medicinas da Ásia, como os sistemas médicos tradicionais do Japão, da Coreia, do Tibete e da Mongólia.
A MTC se fundamenta numa estrutura teórica sistemática e abrangente, de natureza filosófica. Ela inclui entre seus princípios o estudo da relação de yin/yang, da teoria dos cinco elementos e do sistema de circulação da energia pelos meridianos do corpo humano.
Tendo como base o reconhecimento das leis fundamentais que governam o funcionamento do organismo humano e sua interação com o ambiente segundo os ciclos da natureza, procura aplicar esta compreensão tanto ao tratamento das doenças quanto à manutenção da saúde através de diversos métodos.

Venda de produtos para MTC em Hong Kong.

Técnicas terapêuticas da MTC

São sete os principais métodos de tratamento da medicina tradicional chinesa:

Aplicação de Moxa
  1. Tui Na ou Tuiná (推拿)
  2. Acupuntura (針疚)
  3. Moxabustão (艾炙)
  4. Ventosaterapia (拔罐)
  5. Fitoterapia chinesa (中药)
  6. Terapia alimentar chinesa (食療) ou dietoterapia chinesa
  7. Práticas físicas: exercícios integrados a prática de meditação relacionadas à respiração e à circulação da energia, como o qi gong (氣功), o Tai ji quan (太極拳) e outras artes marciais chinesas internas que podem contribuir para o reequilibrio do organismo. Estas práticas são consideradas simultaneamente métodos profiláticos para a manutenção da saúde e formas de intervenção para recuperá-la. Práticas como o Zhan Zhuang (站椿), o Baduanjin (八段锦) e o Lian gong (练功)são realizadas atualmente fora do contexto das artes marciais.
A medicina tradicional chinesa utiliza a fitoterapia e outros medicamentos como seu último recurso para combater os problemas de saúde.
Segundo sua crença básica, o corpo humano dispõe de um sistema sofisticado para localizar as doenças e direcionar energia e recursos para curar os problemas por si mesmo.
O objetivo dos esforços externos deveria se focar em cuidadosamente auxiliar as funções de auto cura do corpo humano, sem interferir. Refletindo esta mesma ideia, um ditado chinês diz que "qualquer remédio tem 30% de ingredientes venenosos".
Atualmente, a medicina tradicional chinesa está progressivamente incorporando técnicas e teorias da medicina ocidental em sua práxis, em especial os tipos de exames sem características invasivas.
Outras técnicas associadas a estes métodos
  • Gua Sha ou "esfregar moedas" (刮痧), técnica associada ao Tui Na.
  • Auriculopuntura (耳燭療法), especialidade da acupuntura.

O diagnóstico na MTC


Mercado de medicamentos e ervas em Xangai.

As conhecidas barbatanas de tubarão à venda em loja de medicamentos chineses
Os aspectos básicos a considerar em um diagnóstico pela MTC são:
  • observar (望 wàng),
  • ouvir e cheirar (聞 wén),
  • perguntar sobre o histórico do paciente (問 wèn),
  • palpar o pulso, tórax e abdome, várias partes do corpo, os canais e os pontos (切 qiè).
A partir das informações reunidas desta forma pelo terapeuta, é elaborado um diagnóstico usando como referência um sistema para classificar os sintomas apresentados.
Este sistema se fundamenta no conhecimento dos seguintes princípios teóricos:

Diagrama do "Meridiano" do estômago

Técnicas de diagnóstico

  • Tomada do pulso da artéria radial do paciente em seis posições distintas para avaliar o fluxo de energia em cada meridiano.
  • Observação da face do paciente.
  • Observação da aparência dos olhos do paciente.
  • Observação da aparência da língua do paciente.
  • Observação superficial da orelha.
  • Observação do som da voz do paciente.
  • Palpação do corpo do paciente, especialmente do abdômen.
  • Comparações da temperatura em diferentes partes do corpo do paciente.
  • Observação da veia do dedo indicador em crianças pequenas.
  • Tudo mais que possa ser observado sem instrumentos e sem ferir o paciente, como uma conversa levantando seu histórico de saúde e suas queixas atuais.
Para trabalhar com os sistemas de diagnósticos da MTC é preciso desenvolver a habilidade de observar aparências sutis, observar o que está bem a nossa frente mas escapa da observação da maioria das pessoas.
Na China atual, cada vez mais o diagnóstico pela MTC interage com métodos de diagnóstico ocidentais, direcionando-se gradualmente para uma total integração entre os dois sistemas. Frequentemente os praticantes combinam os dois sistemas para avaliar o que acontece com seu paciente.[Carece de fontes]

Patologias e síndromes

Patologia interna

Na medicina tradicional chinesa a patologia interna tem como causa desequilíbrios internos tais como:
As principais perturbações energéticas:
  • Sintomas moderados / subtis
  • Evolução gradual
Coincide com o conceito ocidental de patologia crónica.

Patologia externa

Na visão da medicina tradicional chinesa a patologia externa tem como causa a penetração de factores externos (ou agentes perversos externos Xie Qi) no organismo:
  • Frio/Calor
  • Vento/Umidade
  • Secura/Canícula
As principais perturbações energéticas:
  • Início rápido
  • Sintomas intensos/agudos
  • Evolução rápida
Corresponde ao conceito ocidental de patologia aguda.

Sinais, sintomas e síndromes

  • Sinais:
    • Clínicos: Observados directamente na consulta (rosto, língua, pulso)
    • Funcionais: O paciente diz em consulta.
  • Sintoma - É o sinal interpretado pelo que se torna sintoma.
  • Síndrome - É o conjunto de sintomas. Estes são regulares e consistentes.

Síndromes gerais

Conjunto de sintomas que dizem respeito à totalidade do organismo e a nenhum órgão em específico.

Síndromes de órgão

Conjunto de sintomas que se referem à perturbação de um dos órgãos principais.

Datas históricas da Medicina Tradicional Chinesa

Além de datas específicas de conquistas da arte médica, a invenção da escrita e metalurgia modificaram os rumos e evolução dessa técnica no contexto da Medicina Tradicional Chinesa.
  • 4115 – 4365 aC. - Yang Shao, parentesco matrilinear; Lung Shao, parentesco patrilinear (Eliade)- condição essencial para entender as regras avô-filho-neto no estudo dos 5 elementos.
  • 600 aC. - Cunhagem de moedas de cobre (Zhou) (Blunden; Elvin)
  • 513 aC.- Primeira referência a fundição do ferro (Gernet)
  • 501 a C. - Referência a 4 processos de diagnóstico médico: exame da tez; da língua; auscultação com técnicas da época; exame de pulso e história médica do paciente (Gernet)
  • 479 a C. - Data tradicional da morte de Confúcio (551 – 479) (Gernet; Eliade)
  • 436 a C. - Cálculo do ano solar 365 dias 3, 1/4 (Gernet)
  • 289 a C. - Morte de Mêncio, discípulo de Confúcio (Gernet)
  • 200 aC. – 0 dC. - Primeira dinastia Han, Consolidação da unificação da escrita (pincel sobre papel); paquímetro graduado em "cun"; rota da seda – contato com mundo árabe 51 aC.; contato com romanos; Doutrina dos 5 elementos e Yin Yang. (Blunden; Elvin; Gernet)
  • 140 a.C. - Primeira obra de alquimia chinesa (Gernet)
  • 160 a.C. - Hospitais - controle do ensino médico na corte (Beau)
  • 0 – 200 d.C. - Segunda dinastia Han; Primeiros hospitais, que aumentam de número com desenvolvimento do Budismo (Blunden;Elvin; Ronan)
  • 50 - Chegada do Budismo (Blunden; Elvin)
  • 215-282 - O médico Zhenjiu Jiayijing de Anding – Gansu publica uma síntese e sistematização do nei jing definindo nomes para 348 pontos (Fu weikang)
  • 300 (século IV) - Publicação das coletâneas de Ge Gong refere-se a moxa com alho e sal para infecções com pus e diversas outras indicações em “Receitas para casos urgentes ao alcance da mão” (Fu weikang)
  • 600 - Publicação tipográfica (?) sobre acupuntura (Ronan)
  • 618-917 - Dinastia Tang cria o Instituto de Medicina Imperial (Tai Yi Shu) com departamentos separados de acupuntura, moxabustão e farmacologia (Fu weikang)
  • 624 - Início dos exames sistemáticos controlados pelo estado representado pelo Tai-yi-chou (grande serviço médico) cujo quadro efetivo era de 349 funcionários (Beau)
  • 900 - Impressão com blocos de madeira (Ronan;Blunden;Elvin)
  • 1000 - Impressão c/ tipos móveis (Blunden;Elvin)
  • 1200 - impressão de ilustrações; publicações de trabalhos de botânica (Ronan)
  • 1500 - Hospitais colônias de leprosos (Ronan)
  • 1518-1593 (século XVI) - O médico Li Shizhen publica Compêndio de matéria médica (Ben Cao Gang Mu) com recomendações da moxabustão para esquentar os canais e eliminar o frio e umidade. Inclui detalhada descrição da farmacopéia até então conhecida, reunindo 443 produtos derivados de animais; 1074 substancias vegetais e 354 produtos minerais. (Fu weikang; Beau)

SATCM

Administração Estatal de Medicina Tradicional Chinesa da República Popular da China (SATCM - State Administration of Traditional Chinese Medicine of the People's Republic of China) foi fundada em 1955. A função da organização é a de organizar a forma de treinar MTC profissionais médicos, fazer pesquisa acadêmica, explorar a tecnologia e proteger a propriedade intelectual.
Destaca-se entre suas proposições formais:
1. A formulação de estratégias, planos, políticas e normas relevantes para o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa (MTC) inclusive como patrimônio imaterial.
2. Supervisionar os cuidados de saúde, prevenção de doenças, preservação da saúde e reabilitação, bem como a prescrição clínica do TCM, orientar, planejar e coordenar a estrutura das instituições MTC médicas e de pesquisa
3. Para a realização do censo sobre a "matéria medica chinesa", bem como promover a sua protecção, exploração e utilização racional, com a formulação do plano de desenvolvimento industrial e as políticas industriais de apoio ao MTC, e instituição da lista de medicamentos essenciais.
4. Para conduzir desenvolvimento internacional e a propagação do MTC, inclusive com a colaboração e cooperação com Hong Kong, Macau e Taiwan.
5. Para executar outras tarefas e ordens do Conselho de Estado e Ministério da Saúde.

Medicina tradicional Chinesa em Portugal


Farmácia chinesa Tong Sin Tong em Macau com letreiro bilíngue
Em Portugal a Medicina Tradicional Chinesa tem vindo a ganhar adeptos e tornado-se uma das mais recorrentes clínicas especializadas em técnicas de tratamento de medicina alternativa e popular. A tradição da China - Portuguesa em Macau é uma das fontes ainda não completamente exploradas e dimensionadas do "sincretismo" entre o pensamento tradicional chinês e a cultura ocidental. A tradução e adaptação de concepções do pensamento chinês na língua portuguesa datam pelo menos 400 anos, período em que essa Região Administrativa Especial da República Popular da China foi colonizada e administrada por Portugal. Observe-se porém que é recente o desenvolvimento de instituições públicas, como o Centro de Saúde do Fai Chi Kei, que incluem uma clínica de medicina tradicional chinesa desde 1999.

Ver também

Bibliografia

  • Beau, Georges. A Medicina Chinesa. RJ, Ed. Interciencia 1982
  • Blunden, C. Elvin M.. China o gigante milenário RJ Fernando Chinaglia / Madrid. Del Prado, 1977
  • Eliade M. História das religiões. Vol. RJ Zahar ed.
  • Eliade Mircea História das crenças e idéias religiosas Tomo II Vol I RJ, Ed Zahar
  • Gernet, J. O Mundo chinês, Pt, Lisboa – Br, RJ, Ed. Cosmo, 1975
  • Ronan, Colin A. História Ilustrada da Ciência da Universidade de Cambridge (4vol.) vol 2 - Oriente, Roma Idade Média RJ, Zahar Ed, 1987
  • Ribeiro, Darcy O Processo Civilizatório, Etapas da Evolução Socio-Cultural. RJ, Ed Civilização Brasileira, 1975
  • Temple, Robert K G. A inventividade Chinesa IN: Unesco, o Correio (ano 16 nº 12)O Gênio Científico da China. RJ Unesco/Fundação Getúlio Vargas, 1988
  • Weikang, Fu. Acupuntura y moxibustion - bosquejo histórico. Ediciones em lenguas extranjeras, Beijing, China, 1983

Ligações externas

O que é a Medicina Tradicional Chinesa (MTC)?
A Medicina Tradicional Chinesa é uma medicina energética, ou seja, toma como base a existência de uma estrutura energética para além do corpo físico, e afirma que no nosso corpo a energia circula por canais que têm pontos específicos que, ao serem puncturados, reorganizam a circulação energética de todo o corpo. A doença, por sua vez, é sempre uma desorganização da energia funcional que controla e dinamiza os órgãos.
Este sistema beneficia de experimentação e aperfeiçoamento ininterrupto há vários milhares de anos: com ele se obtêm resultados mais rápidos e profundos em acupunctura. Sem ele, a acupunctura fica reduzida a uma prática empírica, sem história científica e de alcance muito mais limitado.
Toda a cultura chinesa assenta em duas teorias base: a teoria do yin/yang e a teoria dos cinco elementos. Toda a visão do mundo dos chineses nasce a partir destes dois princípios básicos. A medicina chinesa, como legado cultural chinês, aplica estes princípios à compreensão da natureza e do corpo humano, e a partir daí constrói o seu corpo de saber científico tradicional.
Largamente estudada e reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a MTC possui hoje, mesmo a nível Ocidental, um valor inegável. De tal modo que a própria OMS emitiu, já há alguns anos, uma lista em que reconhece a sua eficácia em patologias tais como:
  • bronquite, pneumonia, asma, rinite, sinusite, hipertensão arterial;
  • úlcera peptídica, disfunção biliar, diabetes mellitus, acne, dermatite, reumatismo;
  • má posição fetal, hemorróidas, celulite, obesidade, insónias, obstipação, alcoolismo, dores articulares, prostatite, incontinência urinária e fecal;
  • enurese, síndrome de ménierre, ciática, nevralgia do trigémio, polinefrite, cefaleias, depressão, neuroses psíquicas, torcicolite, tenossinovite, tabagismo;
  • gripe, tosse, tonturas e vertigens, tinitus (zumbidos), angina de peito, otites, impotência sexual, problemas menstruais, síndrome menopausica e patologias da mama.
Em que consiste uma consulta de MTC?
Numa consulta de MTC é feito um diagnóstico energético demorado e completo que inclui o exame dos pulsos, o exame da língua e um diálogo que ajude a clarificar os sintomas e causas presentes (tendo em conta também o contexto social do paciente).
Quando completo o diagnóstico, o Especialista prescreve os tratamentos mais adequados, numa perspectiva de integração das várias técnicas de MTC: Acupunctura, Fitoterapia e Massagem. É provável que o paciente receba ainda algumas recomendações de Dietética. Pode acontecer também que lhe seja recomendado iniciar uma prática pessoal de Ginástica Energética (Chikung).
Com mais de 3.000 anos de antiguidade, a medicina tradicional chinesa conta com milhares de substâncias, das quais 300 são de uso comum

Exames de DNA em amostras de remédios tradicionais chineses revelaram substâncias potencialmente perigosas e inclusive restos de animais em risco de extinção, segundo um estudo australiano publicado nesta quinta-feira nos Estados Unidos.

"A medicina tradicional chinesa tem uma longa história cultural, mas antes de adotá-la, hoje em dia seus usuários devem ser conscientes dos problemas legais e de saúde que possam existir", disse o doutor Michael Bunce, da Universidade de Murdoch, na Austrália, principal autor do estudo. As quinze amostras de substâncias medicionais tradicionais chinesas estudadas foram apreendidas pela alfândega na Austrália em forma de pó, comprimidos, cápsulas, flocos e preparados para infusões.

"No total encontramos 68 famílias de plantas diferentes nestes tratamentos, que são misturas complexas", disse Bunce, cujo trabalho é publicado na revista científica PLoS Genetics. "Algumas destas misturas contêm plantas medicinais que pertencem aos gêneros Ephedra e Asarum", respectivamente, de pequenos arbustos e plantas ornamentais, acrescentou.

Estas plantas contêm substâncias químicas que podem ser tóxicas se forem mal dosadas. Apesar disso, observou o pesquisador, as concentrações destas substâncias não aparecem na etiqueta. "Também detectamos traços de animais, cujo comércio está restrito, classificados como espécies vulneráveis, em risco de extinção ou gravemente ameaçadas, inclusive o urso negro asiático e o antílope saiga", disse o autor do estudo.

O investigador afirmou que alguns destes produtos tinham etiquetas fraudulentas. Um deles, apresentado como de procedência 100% de antílope saiga, continha importantes quantidades de cabra e ovelha. Antes do desenvolvimento de técnicas de sequenciamento de DNA, era muito difícil determinar as origens biológicas dos ingredientes nos produtos de medicina tradicional chinesa, disse.

O fato de que estas substâncias tivessem sido transformadas em cápsulas e em pó tornou particularmente difícil identificá-las, acrescentou Bunce, mas o processo de transformação não altera a marcação genética das substâncias. As etiquetas fraudulentas, por sua vez, são outro obstáculo para fazer cumprir as leis e perseguir os infratores. "O sequenciamento de DNA ajudará a realizar auditorias genéticas destes medicamentos, o que deverá melhorar significativamente a regulamentação e o controle dos suplementos alimentícios e da medicina alternativa", informou.

Com mais de 3.000 anos de antiguidade, a medicina tradicional chinesa conta com milhares de substâncias, das quais 300 são de uso comum.
   AFP

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