4.12.2012

Mães obesas têm mais chance de ter filhos autistas

Gravidez

Chance de desenvolver distúrbio aumenta 67% para crianças nascidas de mães com distúrbios metabólicos

Autismo: o distúrbio se caracteriza pela incapacidade de estabelecer relações sociais normais e pelo comportamento compulsivo e ritual Autismo: o distúrbio se caracteriza pela incapacidade de estabelecer relações sociais normais e pelo comportamento compulsivo e ritual (Getty Images)
Mulheres que estão obesas durante a gravidez apresentam mais chances de ter filhos autistas. Segundo uma pesquisa publicada nesta segunda-feira no periódico médico Pediatrics, a obesidade materna aumenta até 67% a chance de a criança sofrer do distúrbio.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Maternal Metabolic Conditions and Risk for Autism and Other Neurodevelopmental Disorders

Onde foi divulgada: revista Pediatrics

Quem fez: Paula Krakowiak e equipe

Instituição: Instituto UC Davis MIND

Dados de amostragem: 1.004 crianças entre dois e três anos de vida

Resultado: A obesidade materna durante a gestação aumentou em 67% as chances da criança nascer com autismo. O diabetes também foi relacionado com o distúrbio, aumentando a ocorrência do autismo e de problemas cognitivos em crianças saudáveis.
O autismo é um distúrbio que torna a pessoa incapaz de estabelecer vínculos e relações sociais. Em média, as chances de uma criança nascer com autismo são de 1 para 88. A obesidade na gravidez, no entanto, pode aumentar essa propabilidade para 1 em 53.
A análise das habilidades cognitivas das crianças envolvidas no estudo apontou ainda para outro dado preocupante: entre os autistas, aqueles que tinham mães com diabetes apresentaram piores resultados em testes de linguagem e de habilidade de comunicação. A presença de qualquer desequilíbrio metabólico nas mães foi associado a resultados inferiores também para crianças que não tinham autismo.
Pesquisa – O estudo, conduzido por pesquisadores afiliados ao Instituto UC Davis MIND, envolveu 1.004 crianças da Califórnia, Estados Unidos, com idades entre dois e três anos. Dessas, 517 tinham autismo, 172 outras desordens de desenvolvimento e 315 tinham desenvolvimento normal.
Entre as crianças cujas mães tinham diabetes ou tiveram diabetes gestacional, a porcentagem de crianças autistas era de 9,3% - valor mais elevado do que as nascidas de mães sem o problema metabólico (6,4%). Cerca de 29% das crianças autistas e quase 35% daquelas com alguma outra deficiência de desenvolvimento tinham mães com algum problema metabólico – comparadas com os 19% das crianças normais que tinham mães com esses problemas.
O estudo, no entanto, não prova que a obesidade materna seja a causa direta do autismo - ele apenas demonstra haver relação entre a condição da mãe e a do filho. Segundo os pesquisadores, ainda não está claro como a obesidade pode afetar o desenvolvimento do feto. Uma das hipóteses é a de que a obesidade está relacionada com inflamações e níveis elevados de açúcar no sangue. Essas duas condições poderiam, assim, prejudicar o desenvolvimento do cérebro do bebê.

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