5.08.2012

Catarata congênita corresponde a 40% dos casos de cegueira na infância

Se você pensa que catarata é doença de velho, está na hora de rever seus conceitos. Cada vez mais os oftalmologistas têm atendido crianças e jovens com o problema.
Na infância, a catarata congênita responde por até 40% de todas as causas de cegueira. Afeta um em cada 250 recém-nascidos e é provocada por doenças infecciosas contraídas pela mãe durante a gestação, como a rubéola, a sífilis e a toxoplasmose.
Na juventude, não há estimativa da incidência. Traumatismos nos olhos, doenças metabólicas, medicamentos e até a exposição excessiva ao sol podem acelerar a doença, que deixa o cristalino opaco.
Segundo o oftalmologista Newton Kara José Júnior, professor livre docente da USP, o uso crônico de corticoide é a principal causa de catarata em jovens. Diabéticos e pessoas com alto grau de miopia também têm mais risco de desenvolver o problema.
Em muitos casos, porém, não há explicação. O empresário Sae Wonsong, 32, por exemplo, operou a catarata há um mês e até agora não sabe o que a causou.
"O olho começou a ficar embaçado, parecia que sempre tinha uma remela. Precisei ir a três oftalmologistas até me convencer de que sim, eu tinha catarata. Nunca imaginei isso na minha idade. Foi um choque", conta.
O desconforto seguiu até a sala de espera da clínica onde fez a cirurgia. "Estávamos eu e mais quatro velhinhos. Hoje já me conformei", diz. Segundo o oftalmologista Myung Kyu Kim, embora a catarata afete mais os idosos, ela pode surgir em qualquer idade e, muitas vezes, não existe uma razão conhecida.
"Aparece mais cedo como, às vezes, o cabelo branco. A catarata é uma evolução normal do envelhecimento do indivíduo", diz José Júnior.
Cirurgias oculares, como a de correção da miopia, e até injeções para tratar infecções no interior dos olhos também podem provocar a doença.
"Não é raro ver pacientes que fizeram uma cirurgia ocular e depois têm de operar a catarata", diz Kim.

Editoria de arte/Folhapress
CIRURGIA
O tratamento do problema é sempre cirúrgico. "Colírios vendidos por aí dizendo que estacionam a doença não funcionam", afirma Kim.
Para José Júnior, o fato de as cirurgias estarem sendo feitas mais precocemente está dando mais visibilidade à doença nos jovens.
Ele afirma que está ultrapassado o conceito de deixar a catarata "amadurecer" para depois operá-la. "A técnica está mais segura. A cirurgia deve ser considerada quando a perda de visão prejudica as atividades."
Segundo o médico, hoje já não é mais possível conviver com "um pouco de perda da visão". "As pessoas usam muito mais computador, tablet, celular com internet. Na geração passada, a opacidade do cristalino não criava tanto impacto quanto agora."
Durante a cirurgia de catarata, a lente opaca do olho é substituída por uma artificial.
Em cerca de 20% das pessoas que se submetem à cirurgia, a cápsula natural que apoia a lente intraocular torna-se opaca. É necessário, então, realizar uma aplicação de laser para abrir uma "janela" na cápsula e restabelecer a visão.
Folha

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