Introdução á nanotecnologia. O que é a nanotecnologia? |
"Os princípios da física, pelo que eu posso perceber, não falam contra a possibilidade de manipular as coisas átomo por átomo. Não seria uma violação da lei ; é algo que, teóricamente, pode ser feito mas que, na prática, nunca foi levado a cabo porque somos grandes de mais" - Richard Feynman. |
O que é a nanotecnologia? Por qué é precisso um uso responsável? |
A nanotecnologia é a capacidade potencial de criar coisas a partir do mais pequeno, usando as técnicas e ferramentas que estam a ser desenvolvidas nos dias de hoje para colocar cada átomo e cada molécula no lugar desejado. Se conseguirmos este sistema de engenheria molecular, o resultado será uma nova revolução industrial. Além disso, teria também importantes consequências económicas, sociais, ambientais e militares.
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A nanotecnologia (algumas vezes chamada de Nanotech) é o
estudo de manipulação da matéria numa escala atômica e molecular.
Geralmente lida com estruturas com medidas entre 1 a 100 nanômetros em
ao menos uma dimensão, e incluí o desenvolvimento de materiais ou
componentes e está associada a diversas áreas (como a medicina, eletrônica, ciência da computação, física, química, biologia e engenharia dos materiais) de pesquisa e produção na escala nano (escala atômica). O princípio básico da nanotecnologia é a construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos
(os tijolos básicos da natureza). É uma área promissora, mas que dá
apenas seus primeiros passos, mostrando, contudo, resultados
surpreendentes (na produção de semicondutores,
Nanocompósitos, Biomateriais, Chips, entre outros). Criada no Japão, a
nanotecnologia busca inovar invenções, aprimorando-as e proporcionando
uma melhor vida ao homem.
Um dos instrumentos utilizados para exploração de materiais nessa escala é o Microscópio eletrônico de varredura, o MEV.
O objetivo principal não é chegar a um controle preciso e individual dos átomos, mas elaborar estruturas estáveis com eles.
Existe muito debate nas implicações futuras da nanotecnologia,(implications of nanotechnology), pois os desafios são semelhantes aos de desenvolvimentos de novas tecnologias, incluindo questões sobre a toxidade e impactos ambientais dos nanomateriais,[1] e os efeitos potenciais na economia global, assim como a especulação sobre cenários apocalípticos,(doomsday scenarios). Essas questões levaram ao debato entre grupos e governos a respeito de uma regulação sobre nanotecnologia
O nanômetro (nm)
Richard P. Feynman foi o precursor do conceito da Nanotecnologia, embora não tenha utilizado este termo em sua palestra para a Sociedade Americana de Física, em 29 de dezembro de 1959,
onde apresentou pela primeira vez suas idéias acerca do assunto. A
palavra "Nanotecnologia" foi utilizada pela primeira vez pelo professor Norio Taniguchi em 1974 para descrever as tecnologias que permitam a construção de materiais a uma escala de 1 nanômetro.
Para se perceber o que isto significa, considere uma praia de 1000 Km
de extensão e um grão de areia de 1 mm, este grão está para esta praia
como um nanometro está para o metro. Em alguns casos, elementos da escala periódica da química mudam seu estado, ficando até explosivos em escala nanométrica.
A nanotecnologia é a capacidade potencial de criar coisas a partir do
menor elemento, usando as técnicas e ferramentas que estão a ser
desenvolvidas nos dias de hoje para colocar cada átomo e cada molécula
no lugar desejado. Se conseguirmos este sistema de engenharia molecular,
o resultado será uma nova revolução industrial. Além disso, teria
também importantes consequências econômicas, sociais, ambientais e
militares.
Década de 80
Embora a nanotecnologia seja um desenvolvimento recente na pesquisa
científica, o desenvolvimento de seus conceitos centrais, vem
acontecendo através de um longo período de tempo. A emergência da
nanotecnologia na década de 1980 ocorreu-se devido a convergência de
avanços experimentais como a invenção do microscópio de varredura de tunelamento
em 1981 e na descoberta dos fullerenos em 1985, com o esclarecimento e
popularização de um modelo de trabalho para os objetivos da
nanotecnologia iniciando com a publicação em 1986 do livro Motores da Criação.
O microscópio de varredura de tunelamento, é um instrumento para visualização de superfícies no nível atômico, foi desenvolvido em 1981 por Gerd Binnig e Heinrich Rohrer no IBM Zurich Research Laboratory, pelo qual eles receberam o prêmio nobel em física em 1986.[2][3]. Fullerenos foram descobertos em 1985 por Harry Kroto, Richard Smalley, e Robert Curl, que juntos receberam o Prêmio Nobel em química em 1996.[4][5]
Ao mesmo tempo nos anos 80, o conceito de Nanotecnologia foi popularizado por Eric Drexler
por meio do livro "Engines of Creation" (Motores da Criação). Este
livro, embora contenha algumas especulações próximas da ficção
científica baseou-se no trabalho sério desenvolvido por Drexler enquanto
cientista. Drexler foi o primeiro cientista a doutorar-se em
nanotecnologia pelo MIT.
Nanotecnologia drexleriana
A Nanotecnologia drexleriana é aquilo a que agora se chama nanotecnologia molecular
e que pressupõe a construção átomo a átomo de dispositivos úteis à vida
humana. O santo Graal da nanotecnologia drexleriana é o Montador Universal,
um dispositivo capaz de, de acordo com as instruções de um programador,
construir átomo a átomo qualquer máquina concebível pela mente humana.
Drexler tem uma visão a longo prazo da nanotecnologia que prevê o
aparecimento de nano-dispositivos de regeneração celular que poderão garantir a regeneração dos tecidos e a imortalidade.
Embora Eric Drexler seja considerado por muitos como o pai da
nanotecnologia, a sua abordagem próxima da ficção científica é vista com
desconfiança por outros cientistas mais interessados nos aspectos
práticos da nanotecnologia. Eric Drexler fundou o "Foresight Institute" e
tem-se dedicado à divulgação e desenvolvimento da Nanotecnologia
rebatizada de ''''molecular''''
Abordagens
Entretanto a nanotecnologia desenvolveu-se graças aos contributos de
várias áreas de investigação. Existem atualmente 3 abordagens distintas à
nanotecnologia: uma abordagem de cima para baixo que consiste na
construção de dispositivos por desgaste de materiais macroscópicos; a
construção de dispositivos que se formam espontaneamente a partir de
componentes moleculares; a de materiais átomo a átomo.
- A primeira abordagem é a abordagem utilizada em microelectrônica para produzir chips de computadores e mais recentemente para produzir testes clínicos em miniatura.
- A segunda abordagem recorre às técnicas tradicionais de química e das ciências dos materiais.
- A terceira abordagem é aquela que levará mais tempo a produzir resultados significativos porque requer um controle fino da matéria só possíveis com o aperfeiçoamento da tecnologia.
Utilizações mais radicais
Outras utilizações mais radicais da nanotecnologia, seria a sua utilização nas ciências computacionais, como por exemplo, na nanofotonica,
em que nanocristais seriam criados de modo a permitir uma capacidade de
busca na ordem dos milhares ou dezenas de milhares de bits.
Montador Molecular ou Nanomontador
Um montador molecular ou nanomontador (nanoassem) é uma máquina
nanotecnológica de tamanho bastante reduzido capaz de organizar átomos e
moléculas de acordo com instruções dadas. Para fazer esta tarefa é
necessário energia, suprimento de matéria-prima (building blocks) bem
como a programação a ser executada pelo montador.
Um montador molecular pode atuar de forma isolada ou em conjunto com
vários outros montadores moleculares. Podendo, neste caso, ser capaz de
construir objetos macroscópicos. Para isto é necessário um sistema de
comunicação entre os montadores bem como um sistema de organização que
permitam que eles trabalhem em conjunto.
Existe a possibilidade de se construir um montador universal. Este
teria a capacidade de construir qualquer objeto possível, incluindo um
outro montador. Assim este poderia se replicar de forma semelhante aos
seres vivos. Uma vez construído o primeiro montador ele poderia se
reproduzir várias vezes até o número necessário para executar uma
determinada tarefa como, por exemplo, a construção de várias toneladas
de um nanomaterial. Esta capacidade de reprodução é uma das grandes
vantagens de um montador molecular e também é um dos seus grandes
riscos. Um montador poderia se reproduzir descontroladamente e ameaçar
vidas humanas de forma semelhante a epidemias. Um risco poderia ser a
colonização de toda a terra por montadores moleculares, extinguindo toda
a vida na terra. Só restariam os próprios montadores em uma massa
(provavelmente) cinza chamada de "greygoo". Drexler argumenta que este
cenário é bastante difícil uma vez nenhum ser vivo conhecido consegue se
reproduzir além do limite imposto pela quantidade de energia e
matéria-prima disponíveis. Apesar disto, especialistas advertem que é
necessário tomar precauções, pois os riscos para a saúde humana não são
conhecidos.
A construção de um montador molecular ainda está longe de ocorrer.
Vários problemas persistem como a dificuldade de trabalhar com átomos
individuais necessários para a construção do montador. Além disto, é
difícil modelar o comportamento de objetos complexos em escala
nanométrica que obedecem as leis quânticas.
Possíveis problemas
Um dos possíveis problemas é a nanopoluição que é gerada por nanomateriais ou durante a confecção destes. Este tipo de poluição,
formada por nanopartículas que podem ser muito perigosas uma vez que
flutuem facilmente pelo ar viajando por grandes distâncias. Devido ao
seu pequeno tamanho, os nanopoluentes podem entrar nas células de seres humanos, animais e plantas. Como a maioria destes nanopoluentes não existe na natureza, as células
provavelmente não terão os meios apropriados de lidar com eles,
causando danos ainda não conhecidos. Estes nanopoluentes poderiam se
acumular na cadeia alimentar como os metais pesados e o DDT.
A importância para o Brasil e para Portugal
A nanotecnologia é extremamente importante para o Brasil, assim como para Portugal,
porque tanto a indústria brasileira como a portuguesa terão de competir
internacionalmente com novos produtos para que a economia dos mesmos
países se recuperem e retomem o crescimento econômico. Esta competição
somente será bem sucedida com produtos e processos inovadores, que se
comparem aos melhores que a indústria internacional oferece. Isto
significa que o conteúdo tecnológico dos produtos oferecidos pela
indústria brasileira e portuguesa terão de crescer substancialmente nos
próximos anos e que a força de trabalho, principalmente brasileira, terá
de receber um nível de educação em ciência e Tecnologia muito mais elevado do que o de hoje. Pelo referido, destaca-se o investimento que está a ser feito em Portugal, na cidade de Braga, com a construção do Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia (INL), estrutura que irá dedicar-se à investigação nesta área e que terá um investimento anual de 30 milhões de euros. [6]
Produtos e serviços que já estariam no mercado
Um levantamento sumário nas publicações que circulam sobre nanotecnologia aponta para os seguintes produtos e serviços que já estariam no mercado:
- Tecidos resistentes a manchas e que não amassam;
- Raquetes e bolas de tênis;
- Capeamento de vidros e aplicações antierosão a metais;
- Filtros de proteção solar;
- Material para proteção (“screening”) contra raios ultravioleta;
- Tratamento tópico de herpes e fungos;
- Nano-cola, capaz de unir qualquer material a outro;
- Pó antibactéria;
- Diversas aplicações na medicina como cateteres, válvulas cardíacas, marca-passo, implantes ortopédicos;
- Produtos para limpar materiais tóxicos;
- Produtos cosméticos;
- Sistemas de filtração do ar e da água.
- Microprocessadores e equipamentos eletrônicos em geral;
- Polimento de faces e superfícies com nanotecnologia sem micro-riscos.
Produtos em desenvolvimento
As aplicações mais simples da nanotectologia talvez sejam as mais
promissoras. A criação do material mais escuro do mundo, que absorve
mais de 99,9% de toda a luz que recebe[7] pode permitir um novo patamar no aproveitamento da radiação
solar para geração de energia elétrica. Outra área de desenvolvimento
promissor da nanotecnologia é a geração de eletricidade em termopar (Efeito Seebeck)
semicondutor. Semicondutores não são indicados para um termopar de
energia elétrica através do calor na escala macroscópica. Sabe-se,
contudo, que junções semicondutoras podem gerar energia elétrica através
da luz recebida em células fotovoltaicas
e nesse sentido estuda-se converter calor diretamente em energia
elétrica com semicondutores na escala da nanotecnologia. Na mesma linha
estuda-se refrigerar um ambiente através de termopares da nanotecnologia
em efeito análogo (Efeito Peltier)].
Referências
- ↑ Cristina Buzea, Ivan Pacheco, and Kevin Robbie. (2007). "Nanomaterials and Nanoparticles: Sources and Toxicity". Biointerphases 2.
- ↑ (1986) "Scanning tunneling microscopy". IBM Journal of Research and Development 30.
- ↑ Press Release: the 1996 Nobel Prize in Physics. Nobelprize.org (15 October 1986). Página visitada em 12 May 2011.
- ↑ (1985) "C60: Buckminsterfullerene". Nature 318 (6042): 162–163. DOI:10.1038/318162a0.
- ↑ Adams, W Wade. "Retrospective: Richard E. Smalley (1943-2005)", pp. 1916.
- ↑ As inimagináveis potencialidades da Nanotecnologia. Revista Mundus (Agosto 2006). Página visitada em 2009.
- ↑ Físicos criam material mais escuro do planeta. Folha Online (17/01/2008 - 08h48). Página visitada em 2008-01-20.
Em nanotecnologia não se pensa pequeno
Precisamos recuperar o tempo perdido. Nesse sentido, conforme indica estudo da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a formação de recursos humanos em nível técnico e superior é condicionante. Não há cursos de graduação no país. Apenas de pós-graduação.
Assim, assume especial significado o Programa Sesi-SP/Senai-SP de Educação em Nanociência e Nanotecnologia, que proverá conhecimento aos alunos do Ensino Fundamental e do Médio (Sesi) e dos cursos técnicos, tecnológicos e superiores (Senai). Também será oferecido suporte às empresas para a implementação de projetos e serviços.
O Senai trouxe, ainda, a experiência em divulgação da nanotecnologia de Taiwan. Aproveitando-se das dificuldades atuais da Europa, convidou professores com expertise para virem disseminar seus conhecimentos (lembrem-se que os Estados Unidos não tiveram constrangimentos em levar para suas universidades cientistas estrangeiros como Albert Einstein e Wernher von Braun...). Estas são estimulantes noticias neste inicio de 2011, quando a nossa indústria precisa ganhar competitividade.
Estima-se que a indústria vivenciará uma verdadeira revolução com a nanotecnologia, que terá grande impacto transformador em muitos processos tradicionais, principalmente nos setores farmacêutico, químico, de energia, petróleo, mineração, metalmecânico, têxtil e gráfico. Haverá ganhos de produtividade, redução de custos e surgimento de novos produtos.
Na Escola de Engenharia de São Carlos da USP, cujo campus II é excepcional, realizam-se interessantes pesquisas voltadas ao desenvolvimento de novos dispositivos eletrônicos, tecidos antimanchas e antibacterianos e catalisadores imunes aos efeitos nocivos do monóxido e do dióxido de carbono.
O potencial também é muito grande na agroindústria, desde os alimentos funcionais, passando pelos fertilizantes, até as embalagens. No Brasil, estas pesquisas específicas concentram-se na Embrapa, tendo resultado na criação do Laboratório Nacional de Tecnologia para o Agronegócio, em São Carlos, e numa rede composta por 19 unidades da própria empresa e 17 centros acadêmicos de excelência.
É nesse contexto que se torna muito pertinente o programa do Sesi e do Senai de São Paulo, que criaram o Grupo de Trabalho de Nanotecnologia, para uma ação integrada e sinérgica. Na primeira instituição, serão promovidos programas de estímulo e conscientização, bem como para a formação de professores.
No Senai, além da preparação dos docentes, já está em curso a instalação de três unidades estratégicas em São Paulo: na Escola Mário Amato, o Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação em Nanotecnologia, com foco em química, cerâmica avançada e polímeros; na Escola Nadir Dias Figueiredo, o Centro de Nanotecnologia Aplicada à Área de Metalurgia; e na Escola Suíço-Brasileira Paulo Ernesto Tolle, o Laboratório de Nanometrologia e Microusinagem.
O Senai-SP também terá cinco escolas móveis de nanotecnologia, para o ensino, capacitação, divulgação e informação sobre o tema. Além disso, importou dos Estados Unidos o Conjunto Nanoprofessor, constituído por microscópio de fluorescência, outro de força atômica e uma proposta didática completa para o ensino da matéria. Trata-se de método único em todo o mundo. Foram adquiridos, ainda, equipamentos japoneses e alemães de última geração.
Ações como essas, às quais somam-se iniciativas isoladas nas áreas do petróleo/petroquímica, argamassas e cosméticos, precisam multiplicar-se no Brasil, que perdeu o timing mundial no desenvolvimento de uma tecnologia cada vez mais decisiva para a competitividade. Os números do mercado, as perspectivas da indústria neste século e a proatividade de nossos concorrentes na economia global alertam que nas nanociências o pensamento e a visão têm de ser grandes.
João Guilherme Sabino Ometto
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